Falta de goleiro na ‘pelada’ vira negócio e pode render até dois salários mínimos por mês


Aplicativo une times amadores com mais de 100 mil arqueiros cadastrados em todo o país; quem usa tem direito a premiações, mas pode receber punições se não cumprir as regras

Divulgação/Goleiro de Aluguelgoleiro de aluguel
Mais de 100 mil goleiros estão cadastrados no aplicativo

Quantas vezes você esteve no campinho com os amigos e não tinha goleiro? Ou teve aquela escolha indigesta pelas traves no society? Um projeto lançado em 2015 tenta resolver esse problema. O Goleiro de Aluguel, um aplicativo em que times buscam camisas 1 disponíveis por todo o país, tem feito sucesso entre times de bairro — e de quebra ajudado os próprios guarda-metas a terem uma renda extra. O biólogo Ewerton Araújo descobriu o app e se interessou pela oportunidade. “Eu procurava rendas extras para fazer no meu tempo livre, achei em um desses sites que listam coisas que você pode fazer para gerar renda. Porém, já tinha tido contato com o aplicativo através de um episódio do programa “Shark Tank Brasil”, contou à Jovem Pan. Samuel Toaldo e Eugene Braun, idealizadores do Goleiro de Aluguel, participaram da primeira temporada do reality show e conseguiram o aporte de João Apolinário, presidente da Polishop, e Carlos Wizard, dono das escolas de inglês Wizard, para dar um “start” no negócio.

“Meu contato com o futebol foi em 1990, quando tinha 6 anos. Eu pedi pra entrar em uma escolinha e meus pais me matricularam. No primeiro jogo, meu pai ficou na arquibancada e viu que eu era o pior jogador do time. Acabando essa aula, ele pediu para o professor me colocar no gol. Ali começou minha ‘carreira’ e acabei sendo o goleiro da turma dos amigos. Já é um consenso que é muito difícil buscar goleiro para futebol amador, e eu era muito chamado. É tradição que o goleiro não pague as despesas do campo. No início de 2015, eu criei uma página no Facebook como ‘goleiro de aluguel’. Times aqui de Curitiba começaram a me convidar e me pagar para jogar. Após dois meses e meio, eu não conseguia dar conta dos chamados. Abri convite para chamar outros goleiros, entre eles o Eugen. Começamos a conversar e achamos que podíamos criar uma empresa. Era um mercado novo. Conseguimos trazer um serviço totalmente inovador de forma simples”, explicou Toaldo. Ao todo, são mais de 100 mil goleiros cadastrados e 10 mil partidas por mês. De acordo com ele, o crescimento da empresa é de 15% ao mês.

Assim como todos os negócios, o Goleiro de Aluguel passou por problemas durante a pandemia de Covid-19. Para se manter, o site criou com os clientes um financiamento coletivo a partir de R$ 5, no qual prêmios eram sorteados entre os mantenedores. “O mercado voltou muito aquecido e nossa equipe, que era de 5. está em 11. Nosso modelo de negócio hoje é autossustentável”, disse Toaldo, que contou não ter mais aporte dos sócios do “Shark Tank”.

Os usuários do aplicativo também conseguem boa rentabilidade. Além, é claro, de unir a paixão pelo futebol com um dinheirinho. “Eu faço em torno de R$ 600 por mês jogando uma média de 17 jogos, mas também é relativo. Tem goleiros que ganham dois salários mínimos [R$ 2.424], por exemplo. Então tudo depende do tempo que você tem disponível e o quanto está disposto a rodar pela cidade jogando. Acho que vale a pena. Além de ser remunerado, me divirto jogando bola, o que é ótimo”, destaca Ewerton Araújo.

Como funciona o Goleiro de Aluguel?

goleiro de aluguel

Aplicativo foi lançado em agosto de 2016 e tem crescido após a pandemia

O Goleiro de Aluguel é um aplicativo disponível para iOS e Android. Por lá, os goleiros e os times fazem um cadastro para encontrarem seus contatos. Para ser goleiro, é necessário ter mais de 18 anos. “O app funciona de um modo simples: um contratante faz a convocação (solicita um goleiro), que pode ser um goleiro específico, quando a convocação vem direcionada, ou um goleiro aleatório. Nesse caso, é quem pegar primeiro. Local do jogo e a remuneração aparecem com a convocação. Quanto aos jogos por fora, essa prática existe, porém não é vantajosa”, explica Ewerton. Os arqueiros do aplicativo têm seguro de até R$ 1.000 para casos de emergências médicas e também recebem vales (cashback) para gastar na lojinha de materiais esportivos do patrocinador.

Todas as modalidades estão disponíveis: society, futsal, suíço/campo reduzido com grama natural, futebol de campo (o tradicional, com 11 jogadores) com grama natural ou sintética, futebol de areia e campo de terra batida. Há regras também: é necessário cancelar com antecedência a participação nos jogos. Se esse cancelamento for feito faltando menos de uma hora, o goleiro perde 20 pontos. Cada cadastrado tem direito a dois cancelamentos gratuitos (sem perda de pontos) por mês. A falta em um jogo rende 40 pontos, suspensão de três dias e multa de 60% do valor da convocação. De acordo com o número de jogos, os goleiros evoluem de nível, ganham camisetas e premiações em dinheiro por seus rendimentos.





Fonte: Jovem Pan