Ecclestone: Massa perdeu título da F1 por erros próprios – 29/10/2025 – Esporte


Felipe Massa participou nesta quarta-feira (29) do primeiro de três dias de audiência na Corte Superior de Justiça de Londres. Ele busca no tribunal o reconhecimento de que foi campeão da F1 na temporada 2008, com base em um acidente proposital que mudou o transcurso de uma corrida.

A F1, seu ex-chefe Bernie Ecclestone e a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) buscam o arquivamento do processo. E um dos argumentos apresentados pelo advogado de Ecclestone foi que Massa dirigiu mal e perdeu o título por erros próprios.

Naquele ano, o inglês Lewis Hamilton, da McLaren, terminou o Mundial de Pilotos em primeiro, com um ponto de vantagem sobre Massa, da Ferrari. Agora, além de uma declaração de que foi campeão, o brasileiro busca uma compensação de 64 milhões de libras (R$ 452 milhões), mais juros.

Seu caso gira em torno do escândalo conhecido no Brasil como “Singapuragate”. Massa liderava o GP de Singapura após ter largado na primeira posição, quando seu compatriota brasileiro Nelsinho Piquet bateu intencionalmente para tentar ajudar seu companheiro de equipe na Renault, Fernando Alonso, que venceu a corrida.

Piquet revelou em 2009 que havia recebido ordens para bater dos chefes da equipe, que posteriormente foram banidos. Os advogados de Massa dizem que Ecclestone, que atuava como chefão da F1, já sabia que a batida havia sido deliberada. Afiram também que Ecclestone e o então presidente da FIA, Max Mosley, não investigaram o caso.

Massa argumenta que os resultados daquela corrida –Hamilton terminou em terceiro, marcando seis pontos– deveriam ter sido anulados. Dessa maneira, o brasileiro teria sido campeão.

Advogados da F1, de Ecclestone e da FIA, no entanto, dizem que o caso foi apresentado tarde demais e argumentam que os erros de Massa e da Ferrari em Singapura –incluindo uma parada desastrosa nos boxes na qual Massa acidentalmente derrubou um membro da equipe– são a razão pela qual ele perdeu a corrida e, por fim, o campeonato.

Na audiência desta quarta, o advogado de Ecclestone, David Quest, disse ao tribunal que Massa “teve uma performance muito ruim” em Singapura, onde terminou em 13º e não marcou pontos. Diante dessa afirmação, o brasileiro sorriu.

Ele entrou com o processo no ano passado, baseando-se em comentários feitos por Ecclestone em uma entrevista ao veículo F1 Insider em 2023. Segundo a publicação, Ecclestone disse que ele e Mosley sabiam que Piquet batera deliberadamente e não fizeram nada para “proteger o esporte e salvá-lo de um enorme escândalo”.

Quest disse que o ex-chefe supremo da F1, Ecclestone, que completou 95 anos nesta terça-feira (28), “não se lembra de ter dado essa entrevista”.

Os réus argumentam que Massa sabia o suficiente para iniciar o processo em 2008 e 2009, o que significa que o caso deveria ser arquivado por ter sido apresentado tarde demais.

Eles também dizem que a declaração que Massa busca é injusta para Hamilton, cujo título de 2008 foi o primeiro de um recorde compartilhado de sete campeonatos mundiais. Hamilton não é parte do litígio.

O britânico tirou o campeonato de Massa ao ultrapassar o alemão Timo Glock, da Toyota, na última volta do GP do Brasil, que fechou a temporada. O quinto lugar em Interlagos foi suficiente para que ultrapassasse Felipe.

Massa não venceu novamente após 2008 e sofreu uma lesão grave na cabeça no GP da Hungria de 2009. Ele se aposentou em 2017.

Os advogados do brasileiro dizem que ele não sabia o suficiente para entrar com um processo até 2023, quando a entrevista de Ecclestone sugeriu que a FIA sabia que Piquet batera deliberadamente e decidiu não investigar.

A audiência deve ser concluída na sexta-feira (31), com uma decisão em data posterior a ser definida.



Folha de S.Paulo