O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na semana passada que não é necessária a permanência em tempo integral de profissionais de educação física em estabelecimentos voltados à atividade física no Rio Grande do Sul. A determinação em questão, que só vale para práticas que não representam riscos excepcionais à saúde e à integridade física dos praticantes, fez com que fosse retomada nas redes sociais a seguinte discussão: é preciso ser registrado no Conselho Regional de Educação Física (CREF) para ser personal trainer?
O tema foi alvo de discordâncias e questionamentos no ano passado, quando a Confederação Brasileira de Musculação e Fisiculturismo (CBMF) lançou um curso profissionalizante com duração de 18 meses para aqueles que querem trabalhar exclusivamente na sala de musculação.
CEO da CBMF, Marcos Vinícius aponta que a confederação tem o direito de formar seus próprios treinadores e usa como exemplo o futebol: “a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tem técnicos especializados nesse esporte, assim como outras modalidades. Por que a musculação deveria ser diferente? A musculação não é um esporte? Se você ler o que é definição de esporte, ela se encaixa”.
“O cara do futebol vai estudar os elementos desse esporte: tática, fundamentos, etc. Quais são os princípios da musculação (pensando em um fisiculturista)? Execução do movimento, escolha dos exercícios, volume de treino, progressão de cargas, etc. Tudo aquilo que envolve os treinos de musculação dentro de uma academia com uma finalidade específica”, completa.
Segundo o CEO da confederação, a iniciativa “visa a pessoa que quer ser exclusivamente um personal trainer, ser um treinador esportivo voltado à área do fisiculturismo”.
“Se você tem certeza da área na qual você quer trabalhar, você não precisa, necessariamente, passar por quatro anos de curso aprendendo matérias que, em muitos casos, você não vai utilizar na prática. Não tem como o curso tradicional de educação física se aprofundar em todos os assuntos, é uma área muito grande. Se fosse assim, o curso duraria décadas. Então eu acho que o curso da CBMF é pra quem tem certeza do que quer. Você não quer trabalhar em escolas e em hotéis? Não quer fazer uma pós depois de se formar? Você quer ser exclusivamente um personal trainer? Você tem a opção de fazer um curso de um ano e meio no qual você não vai ver temas como, por exemplo, futebol e handebol. Você também não vai poder fazer mestrado e doutorado, concurso público, etc. Você só vai poder trabalhar como treinador esportivo. Para quem sabe e está muito certo do que quer fazer, acho válido. Para aqueles que ainda não têm tanta certeza, eu particularmente não recomendo”, ainda de acordo com Marcos.
Além dos dois anos que a instituição gastou com a formulação do curso e a montagem de sua grade curricular, as aulas também abordam temas que vão além da musculação em si: “também demos ênfase na parte mais burocrática da profissão: o que você faz após se formar? Como abrir MEI? Como emitir nota? Como se colocar no mercado de trabalho”.
Marcos ressalta que a intenção da CBMF não é colocar seu curso como uma alternativa à faculdade de Educação Física: “a gente pega o que é passado sobre musculação na universidade e se aprofunda, estende o tema (…) no que tange a musculação, você não vai ver, em quatro anos de faculdade, a mesma coisa que você verá em um ano e meio do nosso curso. Até porque não é a proposta da faculdade”.
Por fim, o profissional frisa a importância da faculdade da educação física: “é primordial e tem uma contribuição gigantesca para a sociedade. Ela tem que ser aplaudida. Um educador físico tem a capacidade de mudar a vida de diversas pessoas”.
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Folha de S.Paulo