
Jogadores do Flamengo durante derrota para o Fortaleza
A derrota para o Fortaleza mostrou mais uma vez uma das grandes características, neste caso negativa, do Flamengo nos últimos anos. Não foram poucas vezes em que, após determinadas partidas, surgia uma reclamação tanto da torcida quanto de parte da mídia.
“O maior problema desse time é que eles escolhem os jogos”. Mude-se as palavras, o autor ou o canal, mas a questão é essa. O alvo da reclamação é a postura da equipe, seja do atual elenco ou de anteriores neste período vencedor, que não encara certos confrontos com a mesma seriedade, digamos assim.
Usando como exemplo a recente sequência de vitórias, apesar do desempenho não ter sido o mesmo ou o melhor em cada um dos duelos, os resultados positivos contra Botafogo, Palmeiras e Racing mostraram um time concentrado, que entrou em campo sabendo a importância de cada um desses jogos.
Contra os argentinos, a vitória veio apenas no fim, mas a equipe lutou até o final. Deixou tudo que podia dentro de campo, fato inegável. O mesmo vale para o confronto direto contra o Palmeiras, que poderia afastar o time da briga pelo título do Brasileirão.
Os paulistas até foram melhores e comandaram mais as ações do jogo, mas em momento algum os comandados de Filipe Luis estiveram dispersos ou em uma rotação mais baixa.
Daí tira-se a conclusão e a reclamação. O Flamengo gosta de jogos grandes, dos palcos mais vistosos. Se por um lado isso é uma força, em outros momentos vira uma fraqueza.
A impressão que o torcedor tem é justamente essa: em partidas de menor apelo falta um senso de urgência, o entendimento de que esses jogos valem os mesmos três pontos que contra o adversário na briga pelo título.
A matemática explica
Hoje a vantagem do Palmeiras, após empate com o Cruzeiro, é de um ponto e com uma vitória a mais (primeiro critério de desempate). Poderia ser bem pior, não fossem justamente as duas vitórias nos confrontos diretos, que nos deram seis pontos e nenhum para eles.
Aliás, esse mesmo Palmeiras fez míseros seis pontos em nove jogos contra os cinco primeiros colocados. Ou seja, com 27 pontos em disputa, o aproveitamento foi de 22%.
A grande questão é que, ao contrário do Flamengo, eles raramente deixam pontos pelo caminho contra os times do meio ou parte de baixo da tabela. E a maioria dos jogos são justamente contra os que estão fora do topo, já que são 28 partidas nesse cenário.
30 pontos em disputa contra a “elite” do campeonato e 84 contra o resto. Não precisa dizer que o aproveitamento deles contra esses times é bem superior ao nosso, né?
O intangível que é facilmente percebido
É claro que essa reclamação do torcedor é difícil de ser comprovada. É realmente um sentimento, uma sensação ao assistir a esses jogos. Dá para perceber que a vibração é outra, os erros técnicos em profusão (em um time que é altamente qualificado), uma certa letargia.
E foi o que se viu, novamente, contra o Fortaleza. Um time que parecia achar que ganharia a qualquer momento, logo no jogo que poderia ter colocado o Flamengo novamente na liderança.
O Brasileirão segue aberto e ainda há nove jogos por fazer, a questão é se vai dar tempo do Flamengo entender que todo jogo tem o mesmo peso e vale a mesma pontuação.
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