A humilhação sofrida pela seleção no Monumental de Núñez retrata na perfeição a mediocridade abaixo da crítica dos que comandam o futebol brasileiro.
Do caricato presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, ao burocrático treinador Dorival Júnior, dois sapateiros que querem ir além das chuteiras.
Em fins dos anos 1960 o livro “Todo mundo é incompetente, inclusive você”, escrito por Laurence J. Peter, fez enorme sucesso.
Sócrates, dizia Peter, foi extraordinário filósofo e péssimo advogado de si mesmo.
Outro Peter, Peter F. Drucker, chamado de o “pai da administração moderna” dizia que “todo soldado tem direito a um comando competente”.
É tudo que falta na CBF e na seleção.
Ver uma equipe, por mais desfalcada que estivesse, mas ainda assim com um punhado de jogadores que brilham em seus clubes, totalmente desnorteada ultrapassou a mais pessimista das expectativas.
O prognóstico realista era de derrota diante dos campeões mundiais, apesar de Lionel Messi e Lautaro Martínez também desfalcarem a Argentina. Só que o desempenho acabou por ser muito mais que decepcionante: deu vergonha.
No estádio das gallinas, segundo os xeneizes, a turma de amarelo parecia mesmo uma galinhada, com a diferença de que aves caem de duas pernas e os canarinhos caíram de quatro na grama verde de Buenos Aires. Gostaram? 4 a 1.
Poderia ter sido 5, 6, 8.
De 7 não. É exclusividade alemã.
O que mudou de lá para cá na Casa Bandida do Futebol?
Marin foi preso, Del Nero banido, Caboclo expulso e Rodrigues empossado. Só as moscas!
Verdade que tivemos Tite, incapaz de brilhar mas, justiça se faça, avesso a vexames.
Eliminado pela Bélgica em ótimo jogo na Rússia e no Qatar pela Croácia, por desobediência de quem entrou para defender o 1 a 0 e estava no ataque no gol do empate, nos acréscimos.
O desastre no Monumental apinhado começou pela garganta do trouxa Raphinha e terminou nas trêmulas pernas de Joelinton, Murilo, Arana e companhia bela, ao som do olé portenho com apenas 12 minutos de Superclássico e 2 a 0 no placar.
Nem o presente de Romero a Matheus Cunha, o único que, ao menos, teve um mínimo de atitude, serviu para dar coragem ao acovardado time nacional.
Bote o grupo de jogadores disponíveis para a seleção nas mãos de Artur Jorge, Jorge Jesus ou Luís Castro, para citar apenas os que falam português, e veja o que eles produziriam.
Ou nas mãos de Filipe Luís, apesar de parecer precoce.
Inegável que falta um lateral-esquerdo, pois Guilherme Arana parece não ornar com a seleção — ou porque se machuca às vésperas de servi-la, ou porque pipoca quando a serve.
Problema que pode ser resolvido com a adoção de três zagueiros.
O que aparenta ser sem solução é a ausência do, em espanhol da Argentina, enganche, o aclamado número 10 desaparecido do Monte Caburaí ao Arroio Chuí.
Com enganche ou sem enganche, com número 10 ou sem, nada justifica atuação tão acovardada. Vamos de mal a pior.
Absurdo
A cereja do bolo do estadual paulista será disputada 48 horas depois das Eliminatórias.
O Palmeiras deu sorte, porque seu melhor jogador, Estêvão, só fez turismo na seleção.
Já o principal corintiano, o peruano Carrillo, jogou 90 minutos na Venezuela e sofrerá na decisão.
Como exigir bom futebol?
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