Deixar Neymar fora da seleção seria maneira de estimulá-lo – 23/08/2025 – Tostão


Flamengo, Palmeiras e São Paulo avançaram na Libertadores. Fortaleza, Inter e Botafogo ficaram fora. Não houve surpresas. Fortaleza e Inter caíram muito, e o Inter ainda enfrentou o Flamengo. O Botafogo perdeu os seus principais jogadores do ano passado, além de ter enfrentado o bom time da LDU, que, em casa, nas alturas, fica muito mais forte.

O Flamengo melhorou ainda mais com o meio-campo formado por Jorginho e Saúl. Os dois marcam e possuem ótimos passes. Arrascaeta continua brilhante, agora mais perto do gol. Ele é um desses jogadores especiais que sabem esperar o momento certo do lance decisivo. Não perde tempo com coisas inúteis. O Flamengo, coletivamente, é a equipe brasileira que utiliza mais conceitos modernos, como as trocas de passes desde a defesa, a compactação e a pressão para recuperar rapidamente a bola.

O Flamengo, na obsessão de ser o maior time da América e um dos grandes do mundo, fez um novo contrato milionário com uma das casas de apostas. Elas dominam o futebol brasileiro. Estimulam muitas pessoas, geralmente pobres, a gastar o que não podem. Pior ainda, aumentam o número de viciados com suas graves consequências. Pena que tantas pessoas famosas, ligadas ou não ao futebol, tenham se tornado garotos-propagandas das bets.

O Palmeiras joga o suficiente para vencer, sem excessos. Abel Ferreira muda vários jogadores e a estratégia de acordo com o momento e o adversário. Geralmente, dá certo.

O São Paulo, na média dos dois empates com o Atlético Nacional, foi inferior, mas se classificou nos pênaltis. Na primeira partida, o time colombiano perdeu dois pênaltis. Quando o São Paulo contar com todos os principais jogadores, em forma, terá boas chances de crescer na reta final da Libertadores e do Brasileirão.

Ferreirinha, como acontecia sob o comando de Zubeldía no próprio São Paulo e o de Renato Gaúcho no Grêmio, entra somente no segundo tempo e joga muito bem. Treinadores, comentaristas e torcedores gostam do chavão de que alguns jogadores só atuam bem quando entram durante a partida.

O meio-campista Marcos Antônio é um dos principais destaques do São Paulo. Ele é leve, esperto, habilidoso, desliza no gramado. Parece-se com Vitinha, meio-campista do PSG e da seleção portuguesa. Os dois desarmam, passam a bola com rapidez, avançam e vão recebê-la à frente. Comandam e inflamam os times.

Repito há 26 anos na minha coluna —vários leitores estão cansados de ler— que, nas últimas décadas, os sábios técnicos professores brasileiros dividiram o meio-campo entre os dois volantes que marcam e jogam do meio para trás e o meia ofensivo centralizado que atua perto da área e do gol adversário.

Desapareceram os grandes meio-campistas que marcam, constroem, avançam e atuam de uma intermediária à outra. Isso tem mudado, lentamente. Na seleção, falta um craque no meio-campo. Ancelotti vai sentir saudades de um Modric, de um Kroos, craques meio-campistas que atuaram durante muitos anos no Real Madrid sob seu comando.

Quais serão os jogadores que atuam no Brasil e serão convocados por Ancelotti? Neymar será chamado? Deixá-lo fora seria uma maneira de estimulá-lo a preparar-se para jogar de maneira melhor. Mesmo os craques precisam provar que estão bem. A fila anda e tem pressa.

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Folha de S.Paulo