Dia desses, deparei-me com um estudo sobre como nossa personalidade influenciaria o estilo de corrida.
Pesquisadores de França, Bélgica e Suíça testaram 80 indivíduos. Primeiro, pela ferramenta de avaliação psicológica chamada Indicador de Tipos de Myers-Briggs, que aponta características dominantes e como coletamos informações, usando mais sensação ou intuição, por exemplo.
Depois, analisaram a biomecânica de corrida do grupo. Os considerados mais “sensatos”, que preferem informações concretas, tiveram tempo maior de contato dos pés no chão quando comparados aos que usam mais a intuição —estes mostraram um estilo de correr mais dinâmico e elástico.
Tanta pesquisa e interesse em corrida é maravilhoso. Mas, ao mesmo tempo, o que esse estudo muda na prática, na vida de quem quer dar umas voltas, participar de provas amadoras, como eu ou você? Nada.
Dependendo de onde você mora ou com quem convive, a corrida, tão democrática, pode se tornar um clubinho fechado e cheio de regras. Isso deixa de fora gente que acredita não pertencer a esse mundo se não tiver um tênis com placa de carbono no armário. Pode ser intimidador para quem está começando.
Como você deve correr? Como quiser. O que funciona para mim: corro há uns 20 anos, completei duas maratonas, dezenas de meias e, no momento, rodo uns 40 km semanais para manter a forma. Ouço música e vou sozinha. Enquanto corro, penso na vida, resolvo problemas, ganho inspiração.
Considero-me disciplinada, e a corrida me ajuda ainda mais. Nosso corpo nos devolve o que damos para ele. Se o tratamos mal, comendo porcaria e não praticando exercício físico, ficamos estressados, ansiosos, inflamados. Se temos uma alimentação saudável, nos preocupamos em dormir bem e nos mexemos todos os dias, ganhamos um antidepressivo natural.
A rotina do exercício ajuda a ter senso de propósito, foca energia em algo produtivo e positivo. Nos aproxima da natureza, o que traz benefícios terapêuticos comprovados pela ciência.
A corrida é um teste de autoconhecimento. Ajuda a ver minhas limitações, mas também mostra a recompensa do meu esforço. Neste ano, corri minha segunda maratona quase 40 minutos mais rápido do que a primeira, 12 anos atrás. No inverno em Londres, amanhece às 8h e escurece às 15h. Nem sempre tenho disposição. Quando o treino termina, fico feliz de ter vencido a preguiça e saído de casa.
Sou a favor da tecnologia, mas tento não virar dependente dela. Amo meu relógio de corrida, géis de carboidrato me ajudam em treinos longos, invisto em tênis, mas não tenho muitos. Não uso Strava. Saber tempo ou rota dos outros não me interessa, até porque ninguém vai treinar por mim. Não caio na enganação das redes sociais, onde dificilmente alguém posta treinos que dão errado —e, óbvio, todo mundo tem vários, inclusive eu.
Como escrevi, isso é o que funciona para mim. Somos diferentes, ainda bem. Para quem está começando, o que posso sugerir é ter um bom tênis para não se lesionar e uma roupa relativamente apropriada. Vale um check-up de saúde caso exista algo que possa te impedir de correr. No mais, faça como quiser.
É das atividades mais baratas e, ao mesmo tempo, mais enriquecedoras que existem nesta vida.
Todas
Discussões, notícias e reflexões pensadas para mulheres
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.