O presidente da Fifa (Federação Internacional de Futebol), Gianni Infantino, disse nesta quinta-feira (12) em uma entrevista à AFP que a Copa do Mundo de Clubes marca o início de uma histórica “nova era” para o futebol, e a comparou com a primeira Copa do Mundo de seleções de 1930.
A dois dias do início do novo torneio nos Estados Unidos, Infantino rejeitou as críticas à política de venda de ingressos da Fifa e previu que os céticos quanto à necessidade desta competição mudarão rapidamente de opinião.
A Copa do Mundo de Clubes, que terá 32 participantes de todos os continentes, abrirá as cortinas no sábado (14) com o Inter Miami de Lionel Messi recebendo o egípcio Al Ahly, no Hard Rock Stadium.
“Uma nova era do futebol está começando, uma nova era do futebol de clubes. É um pouco como quando a primeira Copa do Mundo começou, em 1930”, disse Infantino na entrevista realizada em Miami, na Flórida.
“Todo mundo está falando daquela primeira Copa do Mundo hoje em dia. É por isso que esta Copa do Mundo aqui também é histórica”, disse ele.
Diferentemente do evento pioneiro realizado em 1930 no Uruguai, no qual participaram 13 nações americanas e europeias, Infantino destacou que este novo Mundial permitirá que equipes afastadas dos centros tradicionais do futebol compitam em um cenário global.
“Queremos ser inclusivos. Queremos dar oportunidades a clubes de todo o mundo. Trata-se realmente de globalizar o futebol, de torná-lo verdadeiramente global”, assinalou.
“Se analisarmos mais profundamente, dizemos que é o esporte número um do mundo, e é, mas a elite está muito concentrada em muito poucos clubes, em muito poucos países”, acrescentou.
O dirigente suíço valorizou também que o torneio contará com jogadores de mais de 80 nacionalidades.
“Países que nunca teriam a oportunidade de jogar em uma Copa do Mundo de repente são parte de uma Copa do Mundo e sentem que fazem parte dela”, destacou Infantino, que citou como exemplo estrelas do passado que nunca disputaram um Mundial.
“Um muito bom amigo meu é George Weah… Uma antiga lenda, grande jogador, o único futebolista africano que ganhou a Bola de Ouro. Nunca jogou em uma Copa do Mundo. Teria jogado um Mundial de Clubes e teria feito com que não só sua equipe, mas também seu país, estivessem orgulhosos”, afirmou.
“Segurança é prioridade máxima”
Durante a conversa, Infantino descartou preocupações de que o torneio sobrecarregaria ainda mais o já movimentado calendário do futebol.
Astros como Kylian Mbappé, Harry Kane ou Erling Haaland verão suas temporadas prolongadas ao participar da competição, que se estenderá até a final em 13 de julho.
“Estou convencido de que assim que a bola começar a rolar, o mundo inteiro perceberá o que está acontecendo aqui. É algo especial”, ressaltou Infantino.
Os relatos sobre a baixa demanda de ingressos para algumas partidas geraram críticas sobre a política dos chamados preços dinâmicos, cada vez mais comum em eventos nos Estados Unidos, que permite que o valor das entradas oscile segundo a demanda.
Infantino defendeu esta abordagem e a decisão de oferecer grandes descontos a estudantes em Miami.
“Criticam a Fifa se os preços são muito altos e depois criticam a Fifa se os preços são muito baixos”, lamentou. “Depois criticam a Fifa se fazemos promoções de ingressos com estudantes. Quando eu era estudante e não tinha dinheiro, teria adorado que a Fifa me dissesse: quer vir assistir a uma partida da Copa do Mundo?”.
“Não queremos ver estádios vazios. Acredito que os estádios estarão bastante cheios”, previu.
O dirigente afirmou que o torneio, que cedeu os direitos de transmissão à plataforma de streaming DAZN por um valor reportado de cerca de US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões), já é um sucesso financeiro e enfatizou que os lucros dos acordos comerciais seriam reinvestidos no esporte.
O Mundial começará no contexto dos protestos nos Estados Unidos contra as operações migratórias lançadas pelo governo do presidente Donald Trump.
Seis partidas da fase de grupos serão disputadas nos arredores de Los Angeles, na Califórnia, uma cidade que viveu confrontos violentos entre manifestantes e a polícia nos últimos dias.
“A segurança para mim e para nós é sempre uma prioridade máxima. Então quando acontece algo, como em Los Angeles, obviamente estamos monitorando a situação, estamos em contato constante com as autoridades, queremos que os torcedores assistam às partidas em um ambiente seguro”, disse Infantino.
Folha de S.Paulo