Como é o futebol em Roraima, estado do futuro presidente da CBF

Candidato único para suceder Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF,  Samir Xaud é filho de Zeca Xaud, presidente da Federação Roraimense de Futebol (FRF) desde 1975, um ano após a fundação da entidade estadual.

Em janeiro deste ano, Samir venceu a eleição que escolheria o substituto de seu pai no comando da FRF. Com isso, o empresário de 41 anos assumiria a entidade no início de 2027. No entanto, após conseguir formalizar sua candidatura à presidente da CBF, não irá mais exercer o cargo na federação estadual.

O dirigente registrou sua chapa na eleição da CBF na manhã do último dia 18, e será anunciado como o novo presidente da entidade neste domingo (25). Seu mandato será válido até 2029.

Futebol em Roraima

Estado onde Samir Xaud construiu sua carreira no futebol, Roraima ocupa a 24ª colocação no ranking das 27 federações, feito pela CBF em dezembro de 2024, acima apenas de Rondônia, Mato Grosso do Sul e Amapá.

A equipe roraimense mais bem colocada na lista geral de clubes da entidade é o São Raimundo, que ocupa a 88ª posição. Na Copa do Brasil deste ano, o time citado ficou perto da maior vitória de sua história, ao quase eliminar o Grêmio na primeira fase do torneio, sofrendo o empate nos acréscimos e perdendo nos pênaltis.

Apesar de ser o time de Roraima com a maior pontuação no ranking da CBF, e dominar o futebol local nos últimos anos, com 10 títulos estaduais desde 2012, o São Raimundo é apenas o terceiro maior campeão do estado, com 14 taças, sendo superado por Atlético Roraima(17) e Baré(28).

O maior estádio roraimense é o Flamarion Vasconcelos, conhecido como “Canarinho”, com capacidade para 4.556 espectadores. Construído na década de 1970, o local iniciou uma reforma em fevereiro de 2012, com o intuito de servir como um centro de treinamento na Copa do Mundo de 2014. Porém, as obras no espaço só acabaram em 2020.

O Estádio Canarinho sediou a última final do Campeonato Roraimense, disputada no dia 5 de abril deste ano, entre GAS e Monte Roraima. Após um empate em 1 a 1 no tempo normal, o GAS se sagrou bicampeão com uma vitória por 4 a 3 nos pênaltis. Além do troféu, a equipe de Boa Vista recebeu R$ 50 mil de premiação. Já o vice-campeão ficou com R$ 25 mil.

Ao Portal iG, o jornalista Lucas Luckezie, do diário “Folha de Boa Vista”, afirmou que o GAS é a principal força do futebol local na atualidade, e projetou o futuro da equipe com o apoio de Samir Xaud no comando da CBF.

“Acredito que o GAS, com o apoio que tem recebido, principalmente de uma deputada federal e empresária, e com a visibilidade que o futebol roraimense receberá com Samir Xaud, possa despontar, nos próximos anos, como um candidato a ascender à Série C, numa previsão mais otimista”, disse Lucas.

Após cinco rodadas disputadas na Série D de 2025, o GAS soma apenas quatro pontos (uma vitória, um empate e três derrotas), e ocupa a sétima colocação do Grupo A.

Para quais times os roraimenses torcem?

De acordo com a pesquisa “O Maior Raio-X do Torcedor”, feita em uma parceria entre CNN, Quaest e Itatiaia em 2024, as principais torcidas da Região Norte do Brasil são de Flamengo, Corinthians, Vasco e Palmeiras. Lucas Luckezie confirmou a preferência dos habitantes de Roraima pelas tradicionais equipes, e ainda deu um exemplo da força do time rubro-negro no local.

“Infelizmente, ainda não vejo uma identificação total dos moradores locais com os clubes roraimenses. Eles ainda têm as próprias equipes como um segundo time do coração. Aqui, majoritariamente, as maiores torcidas são para equipes do eixo Rio-São Paulo”, explicou o jornalista.

“A maior é a do Flamengo, e o termômetro é a rua: sempre que o time ganha uma grande competição, como Libertadores e Brasileiro, lotam o Centro Cívico para comemorar. Torcedores de outros clubes, quando eles ganham, não fazem isso aqui”, revelou o comunicador.

Zeca Xaud

Lucas também avaliou os 50 anos da gestão de Zeca Xaud na presidência da Federação Roraimense de Futebol, citando diversos erros e criticando a postura do dirigente no cargo.

“Vejo ele como um presidente que, infelizmente, não conseguiu ajudar efetivamente o futebol roraimense a evoluir como deveria, exceto quando conseguiu a profissionalização da modalidade, em 1995. Mas daí para frente, vimos a grande dificuldade que os clubes passaram a ter em ter que pagar para formar elencos e disputar as competições”, comentou Luckezie.

“O perfil durão e a forma de (Zeca) Xaud governar há tanto tempo, sendo um ‘pai’ para os clubes ao ajudá-los a pagar taxas e até as contas pessoais de dirigentes – algo que eles mesmos deveriam pagar – deixa qualquer patrocinador inseguro em investir em um futebol que sempre ocupou as últimas posições no ranking da CBF”, afirmou o jornalista.

Além disso, Lucas também criticou o uso da influência de Zeca na política nacional, algo que seu filho, Samir, terá durante seu mandato na presidência da CBF.

“Acho que ele poderia usar a influência que tinha na CBF, já que participava de todas as principais reuniões de federações, para conseguir um apoio maior para o futebol local, em prol de seu desenvolvimento, em vez de buscar o aumento do próprio salário, por exemplo”, pontuou Luckezie.

Samir Xaud e seu envolvimento com o futebol roraimense

Segundo Lucas, por fatores clínicos de Zeca Xaud, Samir já atua como o verdadeiro gestor do futebol roraimense desde 2023, antes mesmo de ser eleito como o sucessor de seu pai na presidência.

“Em 2023, pela questão de saúde de Zeca e pelas críticas constantes e pesadas da imprensa local, incluindo de minha parte, a mais uma reeleição do pai, o Samir Xaud decidiu assumir como gestor da entidade”, explicou Lucas.

“Na prática, vejo que esse cargo é o de presidente. Mesmo que isso pudesse ser questionado legalmente, os clubes não se levantaram contra o Samir na FRF e o vê positivamente na gestão do futebol roraimense, ainda mais pelos resultados e a restruturação que ele conseguiu promover”, revelou o jornalista.

Por fim, Lucas falou sobre o envolvimento de Samir com o futebol roraimense antes de suas ações como gestor da FRF, incluindo detalhes de sua carreira profissional, como médico.

“Acho que o Samir tem ligação com o futebol local desde que nasceu. Há 41 anos, o pai dele já era presidente da federação. Então, certamente, ele teve essa vivência por causa do pai. Além disso, ele foi goleiro do Atlético Roraima. De uns dez anos para cá, ele passou a atuar nos bastidores”, comentou o comunicador.

“Por exemplo, lembro dele ser constantemente chamado para ser médico de clubes locais quando necessário, principalmente em competições nacionais. Acho, inclusive, que por vezes ele nem recebia por isso”, finalizou Lucas.

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