Carlo Ancelotti, novo técnico da seleção brasileira
O anúncio de Carlo Ancelotti como técnico da seleção brasileira movimentou a imprensa esportiva nesta segunda-feira (12). A pedido do iG Esporte, alguns jornalistas deram suas opiniões sobre o italiano e como ele pode mudar os rumos do time verde e amarelo.
O Brasil é o quarto colocado nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, e vem de uma derrota dolorida para a Argentina por 4 a 1. Os próximos compromissos do time canarinho, já sob o comando de Ancelotti, serão o Equador, fora de casa, e o Paraguai, na Neo Química Arena.
Mauro Beting
Para o jornalista esportivo Mauro Beting, o nome de Carlo Ancelotti é, disparado, “o melhor para a seleção brasileira — e talvez para qualquer outra”. Ele ressaltou que o técnico italiano é um acerto da CBF, e que a entidade coloca um “nome acima de qualquer suspeita” para comandar a equipe nacional.
“Para o presidente da CBF, é um acerto fantástico, em todos os sentidos, trazer um treinador que era até motivo de galhofa — e que deu certo. Isso ameniza muitas das críticas (merecidas) que a CBF e seu presidente têm recebido, e coloca no comando da seleção um nome acima de qualquer suspeita”, disse Mauro Beting ao iG Esporte.
“Se o Ancelotti acertou ao topar trabalhar com a CBF é outra história, mas a CBF acerta muito ao trazê-lo. Ele não tem problema algum com o grupo, sabe tratar muito bem os atletas — por ter sido um ótimo volante e, ainda melhor, um excelente treinador —, conhece muito do futebol brasileiro, conhece bastante a Europa e até acho que deve continuar morando lá, já que os principais adversários e os principais convocáveis também estão no continente. Ele pode ter aqui um grande assessor — ou assessores — para observar os atletas que atuam no Brasil”, completou.
Nilson César (narrador)
O renomado narrador esportivo Nilson César, da Jovem Pan, comentou que Ancelotti é um bom nome, desde que mude a postura dos atuais jogadores.
“Se ele conseguir que os jogadores mudem a postura e o comportamento dentro de campo, dessa geração ‘nhenhenhém’ — que é comandada pelo Neymar — aí sim teremos chance de ganhar uma Copa do Mundo com o Carlo Ancelotti. Essa geração é muito mimimi. Se tivermos uma postura como a da Argentina, com raça e vontade, pode ter certeza de que teremos chances reais”, destacou.
“Antes de tudo, quando começaram a ventilar o nome do Ancelotti, quem deu essa notícia para o Brasil foi o Jaeci Carvalho. Ele me contou, eu dei na Jovem Pan, e meus companheiros não acreditaram. O tempo passou, e o Carlo Ancelotti agora é técnico da Seleção”, ressaltou Nilson César.
João Paulo Cappellanes
O jornalista do grupo Band, João Paulo Cappellanes, também analisou a contratação do novo técnico canarinho. Entretanto, destacou a questionável administração da CBF feita pelo presidente Ednaldo Rodrigues.
“É indiscutível que o Ancelotti é um dos maiores e melhores treinadores da atualidade. Mesmo não sendo garantia de vitórias ou títulos, dá um ânimo na torcida e em boa parte da mídia que sonha com o hexa. Acredito em um Brasil minimamente competitivo, apesar de ter pouco tempo para se tornar favorito ao título da próxima Copa. Estamos muito atrás de outras seleções”, opinou Cappellanes.
Carlo Ancelotti deve se pronunciar em breve sobre sua saída do Real Madrid
“Agora, se tratando do “fora de campo”, que não caia no esquecimento do público, a forma péssima como a CBF é conduzida. Que a gente aborde, todos os dias, os temas levantados – brilhantemente pela Revista Piauí – sobre a forma amadora como Ednaldo ‘comanda’ a entidade”, enfatizou.
“Ainda não acredito no hexa, mas acho que podemos chegar mais longe, diferentemente das duas últimas Copas, que caímos nas quartas de final”, completou o jornalista do Grupo Bandeirantes.
Ricardo Martins
O jornalista da TNT Sports, Ricardo Martins, também “mandou o papo” sobre a contratação de Carlo Ancelotti e cutucou o trabalho do presidente da CBF.
A contratação (de Carlo Ancelotti) — primeiro foi para blindar o Ednaldo, mas, sem dúvida alguma, uma grande contratação. Treinador multicampeão, sai do Real Madrid, onde não fez uma grande temporada, mas conhece futebol como poucos. Está acostumado a trabalhar com jogadores brasileiros. Dentro do caos que é a CBF, a contratação é muito boa e pode dar certo”, destacou.
“A responsabilidade agora está com o Ancelotti, porque era isso que queria o presidente da CBF: ter um grande treinador e, ao mesmo tempo, tirar o corpo fora. É uma grande contratação e pode, sim, dar certo na seleção brasileira”, completou.
Sergio Xavier
Sergio Xavier, comentarista do Sportv, foi outro a falar com o iG Esporte. Ele destacou que mesmo que a passagem do treinador não for como o esperado, a tentativa já deu certo:
“Do jeito que ia, a gente estava praticamente acéfalo, esses anos todos… O negócio simplesmente não andou em matéria de seleção brasileira. Mas agora vai ter um técnico grande — grande o suficiente para conseguir tirar o melhor de cada um”, comentou.
Xavier relatou que o principal benefício do Ancelotti é moral, muito mais do que tático, já que o treinador terá cerca de 10 jogos antes da Copa do Mundo de 2026.
“O jogador que está ali, olha para o lado e vê um Ancelotti no banco, se sente mais confiante. Acho que esse é o principal aspecto: fazer o jogador brasileiro — que já é um jogador grande, porque está nos grandes clubes da Europa, é titular dos grandes clubes da Europa — se sentir como deveria se sentir. E ele não estava se sentindo assim”, ressaltou.
O comentarista ainda falou que goleada sofrida pela Seleção para a Argentina pode ter sido o maior exemplo dos jogadores se sentindo pequenos enquanto conjunto.
Vini Jr e Ancelotti fizeram parceria de sucesso em Madri
“E aí o Ancelotti chega para mostrar para esses jogadores que eles não são pequenos — e que o conjunto, por consequência, também não precisa ser pequeno. Então, acho que vai muito por aí”, disse Xavier.
“Discussões táticas mais sofisticadas, como onde ele vai encaixar o Neymar (se é que o Neymar vai jogar), se ele vai trazer o Casemiro de volta, esse tipo de coisa… Isso é muito menor diante desse grande benefício, que é reforçar a confiança dos jogadores”, completou.
Xavier ainda opinou que a partir de agora, pode se esperar de tudo da seleção brasileira, de positivo ou negativo, porém “tem uma tendência de ele potencializar mais os jogadores”, principalmente os que Ancelotti conhece, como Vini Jr, Rodrygo e Casemiro.
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