CBF divulga áudio do VAR de São Paulo x Palmeiras – 09/10/2025 – Esporte


A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) divulgou nesta quinta-feira (9) o áudio do VAR da partida entre São Paulo e Palmeiras que terminou com a vitória do time de Abel Ferreira por 3 a 2.

O jogo foi marcado pela não marcação de um pênalti a favor do time tricolor.

O lance ocorreu aos nove minutos do segundo tempo, quando o jogo ainda estava 2 a 0 para o São Paulo. O meia Allan escorregou em campo e derrubou o atacante chileno Gonzalo Tapia dentro da área. O árbitro Ramon Abatti Abel entendeu tratar-se de choque normal e mandou o jogo ter prosseguimento, sem que o VAR Ilbert Estevam da Silva o chamasse para uma verificação por imagem.

A dupla de arbitragem acabou afastada pela CBF para passar por treinamento antes de voltar a apitar partidas do Campeonato Brasileiro.

“Escorregou, escorregou. O jogador escorrega, os dois estão olhando para a bola, pode seguir”, disse Ramon.

“Temos o jogador do Palmeiras que escorrega e ele tem contato com seu adversário, totalmente acidental, provocado justamente por esse escorregão”, corroborou Estevam da Silva.

O juiz do VAR acrescentou que a bola estava saindo da área, e não estava sob o controle de nenhum dos atletas.

“É um choque de jogo. Não é entrada [faltosa]”, afirmou Abatti Abel.

Pouco depois desse lance, Andreas Pereira cometeu falta muito dura em Marcos Antônio, acertando o adversário com a sola do chuteira bem acima da linha do tornozelo.

Nesse caso, o árbitro apontou que o atleta do Palmeiras rolou o pé sobre a bola antes do choque, o que tornava correta a aplicação apenas de cartão amarelo.

Abatti Abel chega a fazer um desabafo no lance em que os são-paulinos pedem cartão vermelho ao volante do Palmeiras. Após o atacante Luciano perguntar “o que você quer que eu faça, cale a boca?”, o árbitro responde. “Ah, Luciano, por favor. Você reclama de ter nascido, impressionante.”

“Você vê a complexidade que é apitar o futebol brasileiro? Não dá paz. Difícil, né?”, afirmou o árbitro.

A CBF inicialmente afirmou que, como os lances não foram para revisão, não haveria a publicação do áudio da conversa entre os árbitros. O São Paulo, porém, cobrou da entidade a divulgação dos áudios.

“Existe um protocolo de não ceder os áudios quando o VAR não chama o árbitro de campo para o monitor. Presidente [da CBF, Samir Xaud], vamos quebrar o protocolo. Nós precisamos do áudio para imaginar o que aconteceu. Se houve, que tipo de diálogo aconteceu entre a cabine do VAR e o árbitro de campo?”, questionou o presidente do clube, Julio Casares.

“Vamos reconhecer com a divulgação desse áudio do VAR que a nossa arbitragem está chegando no fundo do poço e que mostrar esse áudio é o começo de uma mudança”, acrescentou o dirigente.

Sob pressão, a CBF solicitou à Fifa a liberação para a divulgação do áudio, recebendo a anuência da entidade máxima do futebol na quarta-feira (8).

“Desde o início da nossa gestão estamos atuando em problemas estruturais do futebol brasileiro, mexendo em questões que havia décadas demandavam mudanças. Já anunciamos o novo calendário do futebol masculino, estamos finalizando o do feminino e no mês que vem vamos divulgar as regras do fair play financeiro. A arbitragem está entre essas prioridades. Ampliamos agora a divulgação dos áudios, em nome da transparência”, declarou o presidente da CBF, Samir Xaud.

“Sempre consultamos a Fifa em questões que fogem à rotina: regras, resoluções, protocolos ou determinações da própria Ifab (International Football Association Board)/Fifa. Nessa consulta argumentamos que apresentar as checagens de grande impacto, mesmo sem ida do árbitro à cabine, reforçaria a integridade de nossas competições. Recebemos a liberação, para fins de instrução e transparência”, afirmou Rodrigo Cintra, presidente da comissão de arbitragem.



Folha de S.Paulo