A Fifa (Federação Internacional de Futebol) enviou carta para as 211 entidades filiadas, na manhã desta quinta-feira (29), determinando que todas adotem as novas regras da entidade contra o racismo, com penas mais duras que podem chegar a R$ 34 milhões de multa e rebaixamento.
O documento foi aprovado durante reunião do conselho neste mês. As entidades devem adaptar os seus códigos até o dia 31 de dezembro.
As regras estão no artigo 15, que trata de discriminação e abuso racial. Foram reiteradas as medidas que devem ser tomadas durante uma partida, que consistem nos três passos do processo já realizados pela entidade via arbitragem: parar o jogo, suspender o jogo ou encerrar a partida.
Os jogadores ou oficiais que forem vítimas de racismo podem indicar a situação para o árbitro, que deve iniciar imediatamente o protocolo.
A revisão divulgada pela Fifa ocorre principalmente em relação às multas aplicadas. O valor mínimo continua de 20 mil francos suíços (aproximadamente R$ 137 mil) e restrição de público, a não ser que isso cause um impacto desproporcional, o que pode reduzir a multa, em caso excepcional, a 1.000 francos suíços (aproximadamente R$ 6.800).
A pena máxima, por outro lado, chega a 5 milhões de francos suíços (aproximadamente R$ 34,2 milhões). Em casos de reincidência, as medidas disciplinares devem ser implementação de um plano, multa, uma ou mais partidas sem espectadores e até mesmo expulsão de uma competição ou rebaixamento.
Protocolo em caso de racismo
1) Passo 1 – parar o jogo
- Árbitro: flagra ou é avisado sobre algum ato racista. Ele faz o chamado “No Racism Gesture” (gesto contra racismo, em inglês), com os braços cruzados, e decide se para ou não a partida.
- Jogador: o alvo do ato racista também pode fazer o gesto para denunciar para o árbitro, para o capitão ou para algum representante do time. O árbitro decide se para ou não a partida.
- Representante do torneio: ao flagrar ou ser avisado de algum caso, precisa informar ao árbitro.
2) Passo 2 – suspender a partida
- Se o incidente não cessa após o reinício da partida, o árbitro suspende temporariamente a partida e instrui ambas as equipes a retornarem aos vestiários.
- Um anúncio é feito no local para informar a todos sobre o motivo da interrupção.
3) Passo 3 – cancelar a partida
- Se o incidente não cessa após o reinício do jogo, o árbitro deve cancelar a partida.
- Isso só acontece após consulta às autoridades e aos especialistas –e somente quando é seguro interromper a partida.
No capítulo destinado à Organização e Competência, a entidade também afirma que, em casos excepcionais, após consultar os painéis ou comitês competentes, a Fifa pode decidir fazer uma apelação direta ao CAS (corte de arbitragem do esporte) contra qualquer decisão de uma federação membro em casos de racismo contra um jogador ou outros participantes da partida, sempre que essa decisão contrariar o artigo 15.
Em março, a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) aplicou multa de US$ 50 mil (R$ 287 mil) ao Cerro Porteño e determinou portões fechados em jogos da equipe na Libertadores sub-20. Durante uma partida pelo torneio, o atacante Luighi, do Palmeiras, foi alvo de ataques racistas por parte de torcedor do time paraguaio.
O valor da multa foi amplamente criticado por clubes e entidades na ocasião.
Folha de S.Paulo