Conhecido principalmente por sua atuação nas redes sociais, o influenciador “fitness”, químico, educador físico e empresário Renato Cariani está imerso no fisiculturismo há praticamente três décadas. Em entrevista exclusiva ao blog Músculo, o atleta profissional assume a utilização de esteroides anabolizantes (EAs), popularmente conhecidos como “bomba“, mas rejeita a glamourização deles: “sou contra a apologia ao uso de hormônios, sei da presença deles e reconheço que, como atleta, fiz uso durante minhas preparações. Mas nunca permiti que isso fosse o meu hino dentro dessa carreira”.
Cariani ainda mostra como essa banalização pode ser maléfica para o crescimento do fisiculturismo. “Por ser um atleta profissional, sou, em muitas oportunidades, criticado pela minha posição de não recomendar o uso de EAs. Existe um grupo de atletas que faz apologia aos hormônios e depois não consegue entender o porquê desse esporte ser menos vendável que o futebol, por exemplo. Como você vai popularizar um esporte que faz propaganda do uso de EAs, como vai crescer um esporte do qual os adeptos se orgulham de serem usuários desses hormônios?”, questiona.
“Muitos outros esportes têm ‘doping’, mas esse lado é escondido. Os atletas dessas modalidades entendem que vão ajudar as pessoas batendo na tecla da regularidade, da disciplina, do foco. Não é bonito ficar o tempo todo glamourizando os hormônios, é destrutivo. É péssimo”, completa o fisiculturista.
Ele também alerta sobre as adversidades que o uso desse tipo de medicamento sem prescrição médica pode ocasionar: “não é interessante usá-los se você não é um fisiculturista. Quer perder peso? Quer ter um físico bonito? Não precisa! Mas a vida é sua, então vamos supor que você não me ouviu e decidiu usar mesmo assim. Procure um médico. Ainda mais sem a ajuda de um profissional de saúde, você pode ter efeitos colaterais tão severos que você vai se desanimar e parar até de treinar.”
Possível retorno
Cariani não sobe nos palcos desde setembro de 2022, quando enfrentou nomes como por exemplo Julio Balestrin e Felipe Franco no Olympia Brasil. Apesar de sua paixão pelo fisiculturismo, ele confessa não estar certo de um possível retorno ao esporte competitivo.
“Ainda não falei sobre isso em nenhum lugar. Agora, eu estou seriamente preocupado com o homem que eu quero ser aos 60 anos, aos 70 anos de idade. Tenho 49 e me preocupo com o futuro. Fisiculturismo é um esporte de altíssima performance, que gera um desgaste muscular e mental muito grande”, afirma.
Segundo o especialista, o esporte que escolheu para sua vida é diferente de todos os outros no que tange à “performance no dia da competição”. Ainda de acordo com o influenciador digital, enquanto outros atletas estão “no auge de sua performance” quando vão competir, essa dinâmica se inverte no fisiculturismo: “no dia do campeonato, o atleta está desidratado, com um percentual de gordura perigoso de tão baixo. Ele está esgotado, no limite da exaustão física e mental”.
“Eu não sei se, para a minha saúde, eu devo continuar competindo na idade em que eu estou. Talvez, minha ideia seja começar a migrar para um atleta que visa mais longevidade”, ressalta.
Longevidade
Sobre esse tema, o fisiculturista profissional revela que o “segredo” está na moderação e na sabedoria de quando pode-se afrouxar as restrições. “Eu adoro comer. Mas junto com comemoração, com apreciação do sabor, você precisa entender que comida é combustível para o seu corpo. Quando eu vou comer algo, preciso entender o que aquele alimento me proporcionará. O cérebro de uma pessoa que come melhor também funciona melhor. Uma pessoa que come melhor é mais disposta, tende a realizar escolhas mais inteligentes para a vida”, pontua.
Ele também aponta que, nos dias úteis, é disciplinado com a dieta do mesmo jeito que no trabalho. Já no final de semana, período que resguarda para “descansar o corpo e a mente”, vive como uma pessoa comum: “tomo um vinho ou uma caipirinha, mas isso é um evento, não é uma regra”.
Atualmente, Cariani é réu em um processo no qual é acusado de tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de capitais. O caso corre na Justiça de São Paulo. O influenciador digital, por sua vez, sempre se defendeu das imputações e se declara inocente sempre que questionado.
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Folha de S.Paulo