Os vômitos de Novak Djokovic, as tonturas de Emma Raducanu, os inúmeros pedidos de assistência médica. As estrelas do tênis têm um inimigo inesperado na turnê asiática, um calor sufocante que vai continuar nos próximos dias.
O dinamarquês Holger Rune, atual número 11 do ranking, classificou como “brutais” as condições meteorológicas que os tenistas estão enfrentando em Xangai, na China, com temperaturas superiores a 30ºC e umidade de 80%.
O sérvio Djokovic, vencedor de 24 Grand Slams, que teve que lutar na terça-feira (7) contra o calor e um incômodo no tornozelo para alcançar as quartas de final, afirmou que sua partida contra o espanhol Jaume Munar foi “muito desafiadora fisicamente”.
O jogador de 38 anos, número cinco do mundo, chegou a vomitar depois de um erro não forçado, desabou no chão e ficou estendido enquanto um médico se apressava em atendê-lo. Depois, teve força para vencer em três sets.
Nas arquibancadas, os espectadores combatem o intenso calor com leques e compressas frias. A quadra central de Xangai tem teto, mas ele só é fechado em caso de chuva, algo que não ocorrerá nesta edição.
Rune fez na terça-feira um apelo à ATP (Associação dos Tenistas profissionais), organizadora do circuito masculino, para que introduza uma regra contra o calor nos torneios.
Em um comunicado, a entidade reiterou que a segurança dos tenistas é uma prioridade e que considera implantar medidas.
Atualmente, as decisões que afetam o jogo relacionadas ao clima, incluindo o calor, “são responsabilidade do supervisor da ATP no local, em coordenação com as equipes médicas e as autoridades locais”, explicou.
A sensação de sufoco foi um pouco menor nesta quarta-feira (8). A temperatura máxima chegou aos 29°C, mas nos próximos dias voltará a subir para 33°C.
O francês Arthur Rinderknech observou que não só os jogadores sofrem nessas condições. “Foi igualmente difícil para os gandulas, para o árbitro, para os fãs, todos estavam constantemente assim”, disse, fazendo gesto de abanar o rosto.
As condições são igualmente duras em Wuhan, no centro da China, onde as mulheres estão disputando o WTA 1000 da cidade.
Os cientistas advertem constantemente que a mudança climática provocada pela atividade humana tem como consequência fenômenos meteorológicos extremos que se repetem com mais intensidade em todo o mundo.
Diferentemente da ATP, a WTA (Associação Feminina do Tênis) tem um protocolo contra o calor. Foram suspensas na segunda-feira (6) as partidas nas quadras exteriores quando a temperatura superou os 30ºC.
Na terça-feira, Emma Raducanu e Jelena Ostapenko se retiraram de suas partidas. A britânica teve a pressão medida e outros sinais vitais verificados antes de se retirar com tonturas de seu duelo da primeira rodada.
A número dois do mundo, Iga Swiatek, pediu aos organizadores que levassem em conta a segurança das jogadoras ao programar partidas nas quadras exteriores, onde não há teto.
“Na quadra central acho que está um pouco mais fresco com o ar-condicionado e tudo, mas espero que as outras partidas sejam programadas em um horário onde as garotas possam competir, em vez de simplesmente morrer na quadra”, declarou.
O protocolo da WTA, que voltou a ser aplicado nesta terça-feira durante uma parte do dia, permite às jogadoras um descanso de dez minutos entre o segundo e o terceiro set. Também libera o fechamento do teto mesmo que não chova.
Folha de S.Paulo