Biles enfrenta medo e desorientação para levar “bronze mais doce” que o do Rio


Por Elaine Lies e Chang-Ran Kim

TÓQUIO (Reuters) – A ginasta norte-americana Simone Biles subiu na trave de equilíbrio nesta terça-feira e deixou para trás uma semana de dúvidas, medos e pressão mental para fazer o que faz melhor há tempos: conquistar uma medalha olímpica, desta vez um bronze que nem ela achava que poderia conseguir.

Sete dias se passaram desde que Biles chocou o mundo ao desistir da competição por equipes na Olimpíada de Tóquio, onde se esperava que ela aumentasse muito sua contagem de quatro ouros e um bronze da Rio 2016.

Em vez disso, ela falou de problemas psicológicos e sofreu um bloqueio mental no qual as ginastas perdem a noção de direção enquanto fazem movimentos que desafiam a gravidade, o que a obrigou a se ausentar de todas as competições em Tóquio, exceto a trave de equilíbrio.

Após voltar a brilhar com sua apresentação, Biles disse que nem esperava poder competir, o que tornou o bronze que conquistou “muito mais doce” do que o conquistado no Rio.

“Todos os dias eu tinha que ser avaliada medicamente pelos médicos aqui, e duas sessões com os psicólogos esportivos também, o que ajudou a me manter um pouco mais equilibrada”, disse a atleta de 24 anos.

“Fui liberada para a trave, o que eu, sinceramente, não achava que seria liberada para fazer a noite passada”.

Durante a semana anterior, ela sentiu desorientação em todos os aparelhos. Houve outras coisas sobre as quais ela não falou publicamente, como a morte de uma tia dias atrás.

Depois veio a pressão incessante das expectativas e das redes sociais, onde as opiniões variaram de uma solidariedade majoritária –como a da ex-primeira-dama Michelle Obama– à dos que disseram que ela entregou os pontos.

“É duro, é diferente, ainda somos humanos, temos sentimentos…”, disse Biles.

“Então, no fim das contas, você tem que estar um pouco mais ciente do que diz na internet porque não tem ideia do que estes atletas estão passando, além de seus esportes”.

Biles provavelmente apertou o botão “religar” e voltou ao básico antes de se sentir pronta para voltar à ação, disse a psicóloga esportiva Hillary Cauthen, integrante do conselho executivo da Associação de Psicologia do Esporte, na segunda-feira.

Elogiada por abordar o tema da saúde mental dos atletas, ecoando as opiniões da estrela japonesa do tênis Naomi Osaka, Biles disse que ficou contente de ampliar o debate.

(Reportagem adicional de Frank Pingue)

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Fonte: Mix Vale