Aryna Sabalenka, revigorada, luta para se manter número um – 27/12/2024 – Esporte


Aryna Sabalenka treinava com a amiga Ons Jabeur antes do Torneio de Wimbledon, em julho. Trocava bolas agressivamente, dava suas pancadas. Só não conseguia sacar sem dor. Então, teve de abrir mão do tradicionalíssimo campeonato londrino pela segunda vez em três anos.

A difícil decisão a fez número um do mundo.

O afastamento de cerca de seis semanas para o tratamento no ombro direito revigorou a atleta de 26 anos e lhe deu uma vantagem sobre as concorrentes na reta final de uma temporada pesada, com Jogos Olímpicos –a belarussa já tinha decidido não atuar em Paris-2024, antes da lesão, pelo desafio que seria transitar entre pisos diferentes em intervalo muito curto. Ela venceu 22 de seus últimos 25 jogos no ano, a caminho do topo.

“Olhando para trás, foi um momento importante parar e recarregar as baterias. Fiz uma boa recuperação e trabalhei para que meu ombro ficasse curado. Após aquela pausa, eu estava muito, muito, faminta de tênis. Definitivamente, aquilo me ajudou a atingir o ponto que atingi”, afirmou.

Sabalenka já tinha tirado a polonesa Iga Swiatek da liderança do ranking em 2023, um reinado que durou oito semanas. Retomar a coroa de maneira menos provisória era seu plano, mais um fator que tornou muito dura a decisão de não se arriscar em Wimbledon –àquela altura, estava 3.744 pontos atrás da primeira colocada.

Hoje, a lista da WTA, a associação das tenistas profissionais, tem Aryna na frente, com 9.416 pontos, contra 8.295 de Iga. A belarussa começará o ano defendendo a liderança na Austrália. A temporada será aberta em Brisbane, neste domingo (29), e em seguida a número um do mundo defenderá seu bicampeonato do Aberto da Austrália.

“Amo a Austrália e sempre venho aqui com vontade. A torcida é incrível, sinto todo o apoio. As pessoas realmente gostam de tênis por aqui. Elas realmente torcem por você, adoro isso”, afirmou, sem as dores que a afastaram do circuito em julho. “Sinto-me pronta e revigorada.”

A lesão que afastou a tenista do circuito na metade de 2023 era até relativamente simples, um estiramento em um músculo logo abaixo da axila. Sua equipe sabia, porém, que a situação poderia se agravar consideravelmente em um esforço por Wimbledon, tentador para uma atleta com ótimo desempenho na grama.

“Foi realmente uma decisão difícil, muito difícil, porque eu nunca, nunca, tinha desistido de um torneio por lesão. Foi a primeira vez que tive essa experiência, que foi muito difícil do ponto de vista mental”, disse, lembrando que sua ausência no mesmo campeonato em 2022 fora por causa das restrições a atletas russos e belarussos no início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, não por questões físicas.

Sabalenka foi ganhando ritmo no retorno, com campanhas ainda tímidas em Washington e em Toronto. Aí levou o título do WTA 1.000 de Cincinnati e em seguida buscou seu terceiro título de Grand Slam, no Aberto dos Estados Unidos.

A temporada teve ainda um triunfo em Wuhan, mais um possível por causa da necessária e também estratégica pausa no meio da temporada. A belarussa agora trabalha para ter um reinado longo no tênis feminino.



Folha de S.Paulo