Leila Pereira sempre tenta negar, mas até as cachoeiras de Cambuci, ecológica cidadezinha do noroeste fluminense, onde nasceu, sabem ser o Vasco seu time na infância e na juventude. O Palmeiras foi adotado ao se casar com o dono da Crefisa, ele, sim, alviverde de quatro costados. Vale.
Ela é pessoa forte —e previsível.
Dizia, ao começar a patrocinar o Palmeiras, que não tinha pretensões políticas —enquanto urdia, com o ex-presidente Mustafá Contursi, uma gambiarra para virar conselheira.
Elegeu-se com votação recorde e negava querer ser presidenta do Verdão.
Não só foi como se reelegeu e tentou mudar o estatuto para ter terceiro mandato.
Aí exagerou e perdeu. Perdeu e magoou.
Ao magoar, deixou de ser patrocinadora no Parque Antarctica e passou a preparar nova jogada, porque encantou-se com a fama proporcionada pelo futebol, mais bem-aceita socialmente do que viver de usura.
Vida que segue, a Nau do Almirante está a pique, e São Januário é palco histórico.
Uma gentileza aqui, com a cessão de seu avião particular ao time cruz-maltino, e um empréstimo ali pela Crefisa, de R$ 80 milhões, para saldar dívidas do glorioso clube originado da colônia lusitana, e pronto!
Gestos, ela dirá, de generosidade, que não podem ser confundidos com interesses outros e, muito menos, com conflitos de interesses. Afinal, a Crefisa não é mais patrocinadora do Palmeiras, também rendido ao dinheiro maligno das bets.
Claro, generosidade com margem de segurança.
Caso o empréstimo salvador não possa ser saldado, a quantia poderá ser transformada em entrada, quem sabe, para futura SAF.
Com o que reeleições são devidamente chutadas a escanteio.
Sim, a rara leitora e o raro leitor leram aqui exercício de futurologia que será desmentido talvez com veemência, embora respaldado por passado certo e sabido.
Com requintes.
Inexiste palmeirense, por mais grato que seja à gestão dela, e com razão, sublinhe-se em verde maiúsculo, esquecido da desastrada entrevista que Leila Pereira concedeu ao dizer que o Palmeiras seria time de Série B não fosse sua milagrosa intervenção.
Como vivemos num país em que prever o passado é tão difícil como o futuro, vai que ela tem razão.
Em resumo, não será surpresa se, findo o mandato na Pauliceia, a vitoriosa cartola compre o carioca Vasco por uma bagatela —e leve junto o fiel escudeiro Abel Ferreira, tão português como os fundadores do clube da Colina.
Alguém duvida que estará reaberto o caminho para a retomada das glórias cruz-maltinas?
E o Palmeiras? Terá saudades? Provavelmente.
Aleluia, CBF!
Noves fora a macaquice de final única na Copa do Brasil —porque o calendário não é de borracha, e paciência!—, fazer o Brasileirão durante toda a temporada é raro golaço da CBF.
Ainda longe do ideal, que só será atingido, sabe-se lá quando, ao eliminar os estaduais da temporada brasileira, pois, repita-se, o calendário não é de borracha.
A mudança anunciada para 2026 tem mais pontos positivos que negativos. Como se dará na prática é algo ainda a se ver.
Se em 2026 tivermos mesmo o impedimento semiautomático e a obrigatoriedade de gramados perfeitos, o futebol brasileiro mudará de patamar.
O fair play financeiro parece, por enquanto, utopia.
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