Não há semana sem que novas denúncias do Ministério Público apareçam devidamente documentadas sobre os três últimos presidentes do Corinthians —Andrés Sanchez, Duilio Monteiro Alves e Augusto Melo, nessa ordem, ou desordem.
Desnecessário lembrar quanto Sanchez era aclamado quando o time era campeão ou, do mesmo modo, em relação a Melo por um simples título estadual. Monteiro Alves, nem isso.
É incrível como tem gente despreocupada com os métodos para conquistar taças, sejam os fraudulentos, sejam os que produzem dívida monstruosa —e a do Corinthians se aproxima da casa dos R$ 3 bilhões.
Um dia foi a máfia russa, a MSI. Quem a denunciava era hostilizado no Pacaembu.
Hoje são cúmplices de organizações criminosas nacionais cada vez mais transnacionais. Quem os denunciou era tratado como anti-isso e antiaquilo.
Cartolas como Eurico Miranda (Vasco), Andrés Sanchez (Corinthians) Mustafá Contursi (Palmeiras), Edmundo Santos Silva (Flamengo) e Augusto Melo (Corinthians); José Eduardo Mesquita Pimenta (São Paulo), Carlos Miguel Aidar (São Paulo) e John Textor (Botafogo); Wagner Pires de Sá (Cruzeiro), Vitório Piffero (Inter) e Emil Pinheiro (Botafogo) formam um time de heróis para os incautos apressados e viraram vilões para todos.
De idolatrados por torcedores, jornalistas ou influenciadores, caíram em desgraça em seguida, não pelos crimes que tenham cometido, mas porque os resultados nos gramados passaram a ser negativos.
Jogadores e treinadores são os que conquistam títulos.
Cartolas, no futebol brasileiro, com as exceções de praxe, muito fazem quando não atrapalham.
Como certos bispos neopentecostais, são exploradores da paixão alheia e, ainda bem, acabam sob impeachment, instrumento que não faz parte dos usos e costumes das igrejas.
Do time acima citado, alguns foram condenados na Justiça, outros estão muito perto de ser.
Há, ainda, aqueles que nem taças conquistaram, razão pela qual estão fora da lista, como Duilio Monteiro Alves (Corinthians), José Carlos Peres (Santos) e Orlando Rollo (Santos). Mas também causaram prejuízos colossais.
Quantas vezes, quando a máfia russa comprou o Corinthians, torcedores enlouquecidos com a presença de Carlitos Tevez, Mascherano, Nilmar etc. atacavam quem denunciava o dinheiro sujo com o argumento de que, “se entrou pelo Banco Central, está limpo”?
O resultado final é conhecido: Corinthians campeão brasileiro de 2005 e rebaixado em 2007.
O pior é que, se amanhã aparecerem outros bandidos, em quaisquer clubes, com soluções fáceis para problemas difíceis, serão acolhidos como salvadores da pátria.
Se trouxerem jogadores, se ganharem títulos, danem-se os meios, viva os fins.
“Os métodos são mafiosos? Eu não sou da polícia”, dizem, cínicos e descuidados com a conta que chegará mais cedo ou mais tarde.
Notem a rara leitora e o raro leitor que nem estão citados os quatro ex-presidentes da CBD/CBF banidos do futebol, porque escolheram explorar a confederação, não nenhum clube em particular.
As glórias de Pelé, Mané, Didi, Tostāo, Rivellino, Romário, Ronaldos e Rivaldo (cinco “erres” arrasadores), são deles e de seus companheiros, dispensada a companhia dos meliantes.
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Folha de S.Paulo