A Fifa celebra a final da Copa do Mundo de Clubes neste domingo (13), com Paris Saint-Germain x Chelsea. A Copa é um sucesso.
No início da semana, a entidade inaugurou seu mais novo escritório nos Estados Unidos. Fica no 17º andar da Trump Tower, na Quinta Avenida, a duas quadras do Central Park. Gianni Infantino discursou ao lado de Ronaldo Fenômeno e de Eric Trump, filho do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Infantino argumenta que a Fifa precisa ser global e, para isso, tem de estar em muitos lugares. Em 2023, mudou seu departamento jurídico para um escritório em Miami. Agora, inaugura uma sede em Nova York. No passado, o movimento da Fifa era diferente.
Fundada em Paris, em 1903, mudou-se para Zurique, na Suíça, em 1932, para ficar no centro da Europa e num país neutro. Parecia importante estar longe dos conflitos internacionais que levariam à Segunda Guerra Mundial, sete anos depois.
Hoje, a Fifa se aproxima da maior ameaça à democracia surgida nos Estados Unidos desde o fim da Guerra de Secessão, em 1865. “É melhor estar perto de Trump do que distante dele.” O pensamento é de quem tenta entender a cabeça de Infantino, dentro da federação internacional de futebol.
A lógica seria evitar que Trump acorde numa manhã do inverno americano e decida não querer saber mais deste esporte que só lota estádios nos Estados Unidos por causa dos latinos.
Ele não fará isso, porque sabe a força do futebol. Também não prenderá os dominicanos chamados “Soto”. Isso acabaria com o beisebol na América.
Infantino não quer fazer parecer, mas tudo é arriscado com Trump no poder. Como fazer uma Copa do Mundo nos Estados Unidos, no México e no Canadá, enquanto o presidente norte-americano quer expulsar mexicanos, anexar canadenses e taxar brasileiros, que ganharam da última vez em que os norte-americanos sediaram a Copa.
O Irã está classificado para 2026, e seus torcedores, proibidos de entrar no país.
Entrei na Trump Tower no dia seguinte ao tarifaço. Havia um grupo de brasileiros, de Belém, tirando fotos ao lado de uma placa dourada em referência ao fato de Donald ser o 45º presidente dos Estados Unidos –atualmente é o 47º. Os paraenses se postaram ao lado da placa e prestaram continência.
A cena inacreditável aconteceu na minha frente, um dia depois de Trump taxar os produtos brasileiros em 50%, sem nenhuma razão econômica, apenas política. Max Naumann foi capitão do exército alemão na Primeira Guerra Mundial e apoiador do início do nazismo. Foi preso por ser judeu.
A amizade da Fifa com o governo dos Estados Unidos é conveniente e perigosa. A Copa do Mundo de Clubes foi um sucesso. Dependeu do público latino no início, cresceu no final com os clubes globais em Nova York, correu riscos com jogos adiados por raios e trovões, recebeu aplausos de todos os países.
Há quatro candidatos a sediar a próxima edição: Brasil, Qatar, Marrocos e Espanha. Os espanhóis, apesar da resistência da Liga, também aplaudem o sucesso do torneio.
Por outro lado, a Fifa sai devendo transparência sobre como se sentiu promovendo uma Copa num país que atacou um de seus filiados, o Irã.
A Fifa não se pronunciou. Não houve uma mísera entrevista de Gianni Infantino, a não ser para comemorar seu novo escritório em Manhattan. Ou melhor, na Trump Tower.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.
Folha de S.Paulo