Estava na cara que Léo Jardim fazia cera e simulava estar machucado para fazer o tempo passar e evitar que o Internacional empatasse a partida contra o Vasco.
Advertido uma vez com cartão amarelo ele insistiu na simulação, mesmo sob advertência de que receberia o cartão vermelho caso não levantasse imediatamente.
Advertência é diferente de ameaça.
Como o goleiro cruzmaltino fez ouvidos de mercador diante da autoridade do apitador, acabou expulso de campo.
Então, levantou-se e saiu de campo caminhando normalmente com ares de injustiçado.
Que todos os demais goleiros que disputam jogos no Brasil tenham aprendido a lição e se considerem devidamente advertidos.
Tomara que a correta medida vire mesmo jurisprudência e, daqui por diante, haja tolerância zero para a cera que 101 em cada 100 goleiros fazem em nossos gramados.
Porque também é necessário haver padronização nos critérios: o que valeu para Jardim tem de valer para todos os jardineiros.
Fernando Diniz, o treinador vascaíno, perdeu-se na incoerência ao reclamar da decisão.
Para quem defende o jogo bonito, e limpo, e um é condição indissociável do outro, pegou mal para Diniz, ainda mais por ter-se referido à lesão de seu comandado como se fosse na perna, quando o goleiro apontava o quadril.
O fato de o departamento médico do clube ter confirmado o machucado dispensa comentários no mundo do faz de conta do futebol brasileiro.
Que árbitros de futebol não são médicos é a pura verdade, mas daí a serem bobos vai enorme diferença.
É verdade que Rochet, o arqueiro do Inter, também havia protagonizado cena de simulação sem ser punido no primeiro tempo.
Além de um erro não justificar outro, digamos que o uruguaio do Colorado se beneficiou ainda dos usos e costumes antigos da complacência nacional e que Léo Jardim teve a honra de ser o primeiro contemplado com a nova medida.
Alguém tem de ser o primeiro, desde que não seja o único, e vire exemplo de critério a ser obedecido.
Pois parece que a novidade dos oito segundos para repor a bola em jogo de pouco serviu para mudar a atitude dos guarda-metas, como se dizia antigamente.
Agora eles já sabem que estão na mira da arbitragem em nome da saúde do jogo, do fim dos dissimulados, e em homenagem à paciência de torcedores, narradores e comentaristas.
Brinde à Copa
Começou a fase final da Copa do Brasil. Viva!
Embora não seja o principal torneio do país, é o mais divertido, além de ser muitas vezes único objeto realista do desejo de muitos clubes e boia de salvação deles.
A Copa do Brasil, nascida em 1989, é o único legado positivo da interminável gestão de Ricardo Teixeira, apesar de nem ter sido ideia dele, mas de Pelé que convenceu o cartola a criá-la.
O Rei queria que sua empresa de marketing esportivo ficasse com os direitos, as negociações acabaram por dar com os burros n’água e foram motivo para, anos depois, Pelé denunciar corrupção na CBF e romper com o cartola.
O rompimento durou entre 1993 e 2001, quando ambos, mais João Havelange e o então ministro do Esporte Carlos Melles, firmaram o chamado “Pacto da Bola”, que jamais veio à luz como era previsível e óbvio.
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Folha de S.Paulo