Priscilla Alcantara mira grandes festivais com nova carreira pop: ‘Esse é o meu maior sonho’ | Música


Nos próximos meses, não estranhe se ouvir o nome da ex-estrelinha mirim em um programa campeão de audiência da TV Globo ou no line-up de um grande festival.

O primeiro passo para essa “onipresença” foi dado na semana passada, quando ela lançou o EP “Tem Dias (Expansão)” .

Em entrevista ao G1, cantora paulista de 25 anos esmiuçou os novos passos da carreira, comentou a parceria com o produtor Lucas “Fresno” Silveira e riu dos rumores de que é a Unicórnio do programa “The Masked Singer”.

Priscilla Alcântara fala sobre sua

Priscilla Alcântara fala sobre sua ‘transição’ da música gospel para o pop

G1 – Como está essa correria de lançamento, como está se sentindo?

Priscilla Alcantara – Semana de lançamento é sempre muito louco, ainda mais nessa especificamente que tem um fator muito diferente. Dessa vez, tem essa transição do gênero para o pop. Então, tinha muita expectativa de como isso iria acontecer com o público, como eles iriam responder a essa questão e a gente preparou muita coisa, muito conteúdo com muito carinho para deixar tudo muito claro para as pessoas. Então, foi bem corrida toda essa preparação, essa pré-produção e ainda tem muita coisa para a gente soltar, né? Então, a correria acho que vai ser longa, mas eu estou muito feliz, porque estava esperando já aí há muito tempo.

G1 – Mudando para o pop, você passa a ter que se dedicar ainda mais para pensar não só na parte musical, mas na parte da imagem, nos figurinos, no conceito, certo?

Priscilla Alcantara – Sim, penso nisso bem mais hoje. Meu trabalho com moda é com profissionais maravilhosas que eu tenho trabalhado faz mais ou menos dois anos. Eles me trouxeram essa visão de como era importante e quanto benefício tinha ao atrelar moda a música. Eu comecei a entrar nesse universo e observar que as grandes artistas que eu admiro têm esse entendimento. Elas trazem isso também para sua para suas carreiras e foi uma coisa que adorei. Decidi trazer para minha vida artística.

Então, hoje eu trabalho com essa equipe e tem sido muito divertido pensar numa estética diferente para cada música que produzi. É mais um fator que agora eu tenho que prestar atenção, planejar e eu tenho que trabalhar com pessoas incríveis que têm me trazido essa consciência e os resultados são muito legais. É muito legal ver como a galera é impactada quando enxerga um conceito de atrelado à música que eu produzo. Acho que só faz crescer a minha arte, só faz ela realmente tomar outra proporção.

A cantora Priscilla Alcantara — Foto: Divulgação/Rodolfo Magalhães

G1 – O que você acha que você vai trazer da sua fase de música cristã, de música religiosa, para essa fase pop? O que vai continuar com você pra sempre?

Priscilla Alcantara – Eu sempre costumo falar para as pessoa que o que vai ficar sou eu. Eu vou ficar. De forma alguma nesta mudança de gênero musical, eu vou me mudar ou me transformar em algo que altera a minha identidade. Só vai alterar o tipo de temática que as pessoas vão me ouvir cantando e que é uma coisa que eu sempre conversei sobre isso com meu público. Eu não queria fazer essa transição como uma ruptura, algo que de repente decidi mudar.

“Nos últimos quatro anos, eu vim conversando sobre esse assunto com meu público. Desmistificando alguns tabus que a gente da Igreja sempre carregou, por conta da religião.”

Eu vim conversando sobre isso para trazer clareza, acredito ser um ato de respeito e de gentileza. Eu acho que eles entenderam que a Priscilla com os valores que ela carrega vai continuar e isso que precisava continuar, e o que houver de alteração nas temáticas, na sonoridade, evolução, na sua liberdade também.

G1 – Mas sendo mais específico, você acha que entre essas coisas que ficam está a forma de cantar que faz lembrar cantoras formadas no gospel, como uso de melismas, essa forma de cantar esticada? Você sempre vai levar isso contigo?

Priscilla Alcantara – Sim, porque essa minha identidade vocal, né? Desde criança eu estudo a música R&B que é de onde vem todas essas técnicas, os melismas, aprojeturas. Todas essas técnicas do R&B me formaram cantora. E eu acredito que esse pode ser o meu diferencial. É muito comum a gente ver na sonoridade do pop, elas mantêm essas características de vocal.

Eu sempre achei isso muito brilhante, muito bonito e é uma coisa que eu quero manter aproveitando. Desde criança, esse tipo de sonoridade vocal é a que eu gosto e que eu estudo. Então, isso vai se manter presente, eu acredito que pode se tornar também o meu diferencial aí no cenário.

A cantora Priscilla Alcântara — Foto: Divulgação/Rodolfo Magalhães

G1 – Você poderia citar algumas dessas cantoras?

Priscilla Alcantara – A Beyoncé é uma delas. Ela fez muita música pop, mas você sempre via a identidade no vocal, muito linear em todos os trabalhos dela. Você sempre vai ouvir, conseguir identificar a voz da Beyoncé, porque ela carrega o que ela carrega independente do gênero. Uma cantora mais nova, Ariana Grande, uma cantora pop, mas ela carrega todas as técnicas do R&B e canta maravilhosamente bem.

Eu acho que ela se destaca também nisso. Ela usa técnicas que, por exemplo, a gente ouvia a Mariah Carey, aqueles vocais que pareciam um assobio, sabe? Que no inglês eles chamam assobio… E ela mantém, traz isso para a música pop de uma maneira brilhante.

G1 – A soprosidade, é isso, né? Aquele vocal bem sopradinho. Eu adoro, a Ariana é uma das minhas preferidas…

Priscilla Alcantara – Também.

G1 – Você já pensou que algum dia iria lançar uma música como “Boyzinho”? Pensando com a cabeça que você tinha há cinco anos, ou até há mais tempo…

Priscilla Alcantara – Sim, eu acho que o momento que eu estou vivendo hoje é toda a construção que eu fiz durante a minha carreira. Acho que a partir do momento que eu ganhei uma consciência pessoal também. Acho que nos meus 18 a 19 anos foi quando eu comecei a entender onde eu queria chegar e eu acho que o momento de hoje é isso que eu estou vivendo. E acho que toda minha construção até aqui é sobre esse momento então eu sempre me imaginei fazendo isso.

Eu só escolhi é esperar o momento certo, crescer, amadurecer, aprender para eu não fazer isso de uma forma muito arriscada. Mas fazer isso de uma forma segura, uma forma que eu acredito que pode ser mais duradoura. Eu sempre me imaginei fazendo isso, mas eu escolhi passar os últimos anos conversando primeiro com as pessoas sobre isso para então fazer algo.

Priscilla Alcântara e Yudi Tamashiro apresentaram o ‘Bom Dia & Cia’, do SBT, entre 2005 e 2013 — Foto: Roberto Nemanis/SBT/Divulgação

G1 – Como foi trabalhar com o Lucas Silveira e como ele te ajudou a encontrar essa nova sonoridade por meio dessa parceria?

Priscilla Alcantara – Foi muito bom, porque quando eu decidi que esse era o momento certo para fazer essa transição, eu entendi que uma das coisas que mais ia fazer isso acontecer era trabalhar com pessoas que queriam me ajudar, porque querendo ou não é um cenário que sempre tive muito relacionamento, mas eu não estava presente naquele cenário.

“Eu queria entender como fazer. Que tipo de sonoridade funciona? Que tipo de composição funciona? Como que a gente escreve uma música para ela ser considerada uma música pop, sabe? Tem a questão da estrutura das músicas, do refrão chiclete, do nome das músicas e tudo isso, toda essa visão, que o Lucas [Silveira] foi o responsável em me trazer.”

Então, bem no início da produção, eu mandava algumas composições, ele me devolvia com algumas alterações. Toda vez que ele fazia isso eu entendia quais foram as mudanças e por que que ele mudou. E aí conforme a gente foi trabalhando assim. Eu fui pegando jeito e às vezes nas últimas, ele já nem me mandava nenhum “recall”, porque eu já tinha aprendido como fazer isso.

Eu me senti muito honrada de saber que a gente tem uma pessoa como ele como produtor aqui no Brasil, sabe? Às vezes, a gente fica olhando para fora, quando na verdade a gente já tem aqui. Existem pessoas extremamente competentes e com uma visão muito brilhante sobre o assunto e o Lucas, pra mim, foi uma das pessoas. Foi muito legal que ele confiou em mim, porque eu mesma fiz as minhas produções vocais aqui na minha casa. A gente trabalhou de maneira remota e foi muito legal essa troca de confiança um no outro.

G1 – A gente falou bastante da sonoridade, mas queria também saber um pouco das letras. O que mudou para você na hora de pensar o que você quer cantar? Antes você já pensava, mas os temas já estavam em você, mas agora você resolveu falar?

Priscilla Alcantara – Falando mais das letras românticas, desde a minha adolescência, na verdade, as minhas primeiras composições quando tinha 14 anos foram composições românticas. E as composições com temáticas religiosas sempre também foram uma parte natural, porque eu sempre fui de igreja. Era natural escrever músicas com temáticas humanas de experiência, de vivência humana…

Mas só agora que eu decidi externalizar isso, produzir essas músicas, oficializar essa minha relação com outras temáticas na hora de compor. E é legal porque eu posso me inspirar tanto nas minhas experiências, mas também nas experiências de outras pessoas. Porque eu acho que é a grande mágica da música é a gente escrever algo que vai fazer total sentido para uma pessoa que eu nunca vi na vida, sabe?

“Na verdade, compor sobre romance, sobre término, sobre celebração e curtição sempre foi algo que esteve comigo, porque é parte da experiência humana. Eu sou crente, mas eu também sou gente. Então, sempre esteve comigo, só cheguei no momento de compartilhar essas composições agora com o meu público.”

A cantora Priscilla Alcantara — Foto: Divulgação/Rodolfo Magalhães

G1 – Voltando a falar de imagem, eu sei que a gente ainda está vivendo uma pandemia, mas já estão saindo programações de festivais, datas de shows… Como você pensa no show desta nova fase? Você já vem pensando isso, as ideias estão na sua cabeça ou no papel?

Priscilla Alcantara – Eu estou muito animada e eu acho que é a coisa que eu mais estou animada, porque eu amo ao vivo, todo mundo sabe que eu sou apaixonada pelo ao vivo e eu não vejo a hora de entender e ver como que é essas novas músicas e essa nova sonoridade vão ser quando eu estiver com a minha banda. A gente tocando ao vivo sentindo o público ali. Eu não vejo a hora de pensar em uma forma de apresentar realmente as minhas ideias e a nova imagética, uma nova composição de palco, talvez com dançarinos, que é uma coisa que eu nunca trouxe, quem sabe.

Mas por isso que estou com muita vontade de produzir uma primeira turnê, assim que possível eu mesma produzir essa turnê para ser do jeito que eu quero. Então, eu acho que vai ser uma coisa muito explosiva, muito artística. Eu amo vários tipos de expressões artísticas, então, eu quero isso muito presente nos meus shows, não só subir lá, né? Quero muita manifestação artística, muito som, porque eu sou apaixonada pelos instrumentos ao vivo e eu estou muito curiosa em saber como que esse pop vai ficar.

G1 – Saiu a programação do Rock in Rio com a Demi Lovato e Justin Bieber no dia pop. Não especificamente falando deste dia pop, mas você se vê cantando com esses artistas, sendo a artista brasileira de um dia pop de Rock in Rio, ou de um fim de tarde de Lollapalooza, por exemplo?

Priscilla Alcantara – Esse é o meu maior sonho atualmente. Se alguém me pergunta qual é o meu maior sonho profissionalmente falando, é estar nesses palcos dos grandes festivais. Eu sempre falei para as pessoas. Inclusive, teve um episódio, anos atrás, quando eu fui no Lollapalooza e os crentes não gostaram de me ver no Lollapalooza e causou mó bafafá e não sei o quê. E a minha resposta foi: “Gente, se vocês estranham eu dentro no Lollapalooza [na plateia], imagina quando eu cantar no Lollapalooza, porque isso vai acontecer um dia.” [risos]

Porque realmente é uma vontade muito grande. Como eu falei para você, a coisa do ao vivo é o que eu mais amo na minha profissão. Então, a minha maior vontade realmente é estar no line-up desses grandes festivais, quem sabe nesse novo momento isso aconteça.

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G1 – Há alguma conversa? Como é seu objetivo e você tá nessa missão… Há algo a ser conversado algo, algo que você possa contar? Alguma negociação?

Priscilla Alcantara – Por enquanto nada concreto. Se está em negociação, não pode contar né… [Risos] Mas, assim, nada concreto, mas eu estou sinalizando de todas as formas, porque foi uma mudança de mercado também para mim. Então, um dos nossos objetivos era sinalizar ao mercado de que eles podem contar comigo também nesses festivais agora, porque eu tenho tô preparando um case para poder me apresentar nesses eventos.

Eu acho que é uma fase de sinalização. Acredito que conforme for lançando as músicas e o álbum, o próprio mercado vai entendendo onde eles podem reposicionar e onde eles podem contar comigo e é isso que eu espero que aconteça quanto antes melhor.

G1 – Então, não será uma surpresa se vermos seu nome nos próximos anúncios…

Priscilla Alcantara – Não, tomara que isso aconteça. Mas não seria surpresa não [risos]. Eu estou trabalhando para isso.

G1 – Voltando um pouco para as letras, a gente acompanha aqui no G1 que tem muito artista, principalmente cantora gringa, que a abordam questões de ansiedade, de depressão: Ariana, Selena, Billie Eilish, Camila Cabello também… elas cantam sobre esses temas, sobre saúde mental, e você também já trouxe isso e traz nas letras. O quão importante é um artista não só viver, mas cantar isso?

Priscilla Alcantara – Eu acho que vem a partir de um senso de responsabilidade. A gente tem o privilégio de uma plataforma que facilita a comunicação para milhares de pessoas. Então por que não usar essa plataforma de uma maneira consciente. Não só ser sobre autopromoção, sobre eu atingir números, atingir popularidade. Mas atingir a alma de pessoas nessa comunicação do tipo “talvez a pessoa que você admira passa pela mesma coisa que você”. Isso tem um valor e uma expressão muito grande. Eu pude notar isso na relação com os meus fãs, de como ele se sentiam seguros quando eu me apresentava vulnerável também.

“Foi um processo pessoal para mim poder expor as minhas vulnerabilidades enquanto pessoa pública. Porque é muita gente te olhando. Então, nem todo mundo vai saber tratar sua vulnerabilidade com sensibilidade. Dá um pouco de medo, mas eu vi pela perspectiva de quantas pessoas eu podia ajudar a partir disso.”

Então, começa a partir dessa consciência de eu ter uma plataforma e quantas pessoas eu posso ajudar a partir dela. Então, talvez seja um risco eu me apresentar um pouco mais vulnerável, mas eu acho que maior é o fruto disso, sabe? Quantas pessoas eu posso ajudar. A gente vai sempre ter a oportunidade de fazer algo para ser popular ou para ser trending, mas é legal a gente equilibrar com coisas que seguem uma temática real e que podem impactar as pessoas.

A cantora Unicórnio do programa ‘The Masked Singer’ — Foto: Divulgação/TV Globo

G1 – Agora é um assunto que eu tenho que falar sem falar. Como é ver o seu nome especulado em algo – no ‘Masked Singer’, no caso – sem você poder confirmar nem negar? Como que você se sente vendo seu nome na boca do povo, nas redes, e você tem que se manter plena?

Priscilla Alcantara – Eu achei engraçado, assim. Eu só tenho duas observações mesmo para fazer para as pessoas. A primeira é que toda vez que eu lançar alguma coisa, eu quero que tenha o mesmo bafafá. Eu quero os meus nomes ali, ali no segundo dos trends mundial, foi no mundial. Eu falei: “Gente, quando eu lanço música, vocês não fazem isso. Vamo estar fazendo”. E a segunda coisa que me chamou muita atenção que eu gosto de lembrar as pessoas é que da próxima vez que forem falar muito meu nome, só lembra que é Priscilla com dois “L’s”. Só isso. [risos] É tudo que eu tenho para falar.

G1 – A última pergunta é: você gosta de unicórnios? Gosta do que eles simbolizam e da imagem deles?

Priscilla Alcantara – Gosto de tudo que é lúdico, eu sou uma pessoa muito lúdica, sou fã de “As Crônicas de Nárnia”. Então, você já vê por aí. Eu leio literatura infanto-juvenil. Então, eu já te dei essa resposta aí, de graça. [risos]



Fonte: Pop & Arte