Leonardo Villar, ator de ‘O Pagador de Promessas’, morre aos 96 anos


O ator Leonardo Villar, que interpretou nos anos 1960 o personagem Zé do Burro no filme O Pagador de Promessas, morreu aos 96 anos na manhã desta sexta-feira, 2. Ele estava internado desde quinta-feira e o corpo será cremado. Não haverá velório por causa da pandemia do coronavírus.

A perda de  Villar é mais um duro golpe nas artes brasileiras em 2020, que já perdeu Aldir Blanc, Moraes Moreira e Rubem Fonseca. O ator foi protagonista de O Pagador de Promessas, dirigido por Anselmo Duarte, com Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Norma Bengell e Geraldo Del Rey no elenco. O filme é, até hoje, um dos mais premiados do Brasil no exterior, o único brasileiro a vencer a Palma de Ouro no Festival de Cannes, na França. Também foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. No cinema, Villar ainda atuou em filmes como Lampião e o Rei do Cangaço (1964), A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1965), Ação entre Amigos (1988), Brava Gente Brasileira (2000) e Chega de Saudade (2008).

Leonardo Villar nasceu em 1923, em Piracicaba, no interior de São Paulo. Formou-se na Escola de Arte Dramática (EAD) da USP em 1948. Trabalhou por oito anos no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e estreou profissionalmente na peça A Raposa e as Uvas, dirigida por Bibi Ferreira. Na televisão, Villar atuou em mais de 30 novelas, como Estúpido Cupido (1976), Barriga de Aluguel (1990), Amazônia (1991), Laços de Família (2000). Seu último trabalho na Globo foi a novela Passione, em 2010.

Leonardo Villar e Glória Menezes no filme ‘O Pagador de Promessas’, de 1962, até hoje o único filme brasileiro a ter ganhado a Palma de Ouro, em Cannes./Reprodução

Muitas das questões sociais e políticas levantadas em O Pagador de Promessas, de 1962, tristemente ainda soam atuais. No filme, seu personagem faz uma promessa a uma mãe de santo do candomblé: caso seu burro se recuperasse de uma doença, ele carregaria uma cruz até a igreja de Santa Bárbara em Salvador e repartiria sua terra com os mais pobres. O bicho melhora e Zé tenta cumprir seu périplo. Mas ele é impedido pelo padre, porque teria feito a promessa a uma religiosa pagã. Inocente, Zé é usado pelos religiosos do candomblé como exemplo de discriminação pela igreja e jornais sensacionalistas acusam a repartição das terras de ser uma reforma agrária. A polícia entra em cena e protestos violentos ocorrem com um final dramático.



Fonte: Jovem Pan