A escritora e crítica cultural vai ocupar a Cadeira 30, que era da escritora Nélida Piñon. Ela recebeu 34 dos 37 votos. Heloísa Buarque de Hollanda
GloboNews
A paulista Heloisa Buarque de Hollanda, professora emérita da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi eleita para a Cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras, na tarde desta quinta-feira (20). A escritora e crítica cultural de 83 anos recebeu 34 dos 37 votos e é a 10ª mulher eleita para a Academia.
Ela vai ocupar a vaga aberta em dezembro do ano passado, com a morte de Nélida Piñon. A escritora de 85 anos foi a primeira mulher a presidir a ABL.
Para a vaga também concorreu o pintor e escritor Oscar Araripe, que teve 2 votos. Um acadêmico votou em branco.
A Cadeira 30 tem como fundador o contista Pedro Rabelo, como patrono o jornalista e romancista Pardal Mallet, e teve como titulares o advogado Heráclito Graça, o médico Antônio Austregésilo e o ensaísta, filólogo e lexicógrafo Aurélio Buarque, além de Nélida Piñon.
Vida acadêmica, literatura e curadoria
Heloisa é formada em letras clássicas pela PUC-Rio, com mestrado e doutorado em literatura brasileira na UFRJ e pós-doutorado em sociologia da cultura na Universidade de Columbia, em Nova York.
É diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-Letras/UFRJ), onde coordena o Laboratório de Tecnologias Sociais, do projeto Universidade das Quebradas, e o Fórum M, espaço aberto para o debate sobre a questão da mulher na universidade.
Seu campo de pesquisa privilegia a relação entre cultura e desenvolvimento, área em que se tornou referência, dedicando-se às áreas de poesia, relações de gênero e étnicas, culturas marginalizadas e cultural digital. Nos últimos anos, vem trabalhando com o foco na cultura produzida nas periferias das grandes cidades, o feminismo, bem como no impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produção e no consumo culturais.
Heloisa também diretora da Aeroplano Editora e Consultoria, da Editora UFRJ e do Museu da Imagem e do Som (MIS-RJ). Dirigiu o Programa Culturama, na TVE, Café com letra, na Rádio MEC e alguns documentários cinematográficos, entre eles, “Dr. Alceu” e “Joaquim Cardozo”.
Foi curadora de várias exposições, entre elas “Dez anos sem Chico Mendes” (Sesc Rio, 1998), “Estética da Periferia” (Centro Cultural dos Correios, RJ, jul/2005), “H20, o futuro da águas” (Sesc Rio, jan/2009), “Vento Forte: 50 Anos de Teatro Oficina” (Centro Cultural dos Correios RJ, jan/2009) e “O Jardim da oposição” (Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio, jun/2009).
Tem vários artigos publicados nas áreas de arte, literatura, feminismo, cultura digital, cultura da periferia e políticas culturais.
Entre os livros que publicou, destaca-se a histórica coletânea “26 Poetas Hoje”, de 1976, que revelou uma geração de poetas “marginais” que entrou para a história da literatura brasileira, como Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chacal. Essa antologia é considerada um divisor de águas entre uma poesia canônica e uma poesia contemporânea e performática. Segundo a autora, o livro causou furor na época.
Outros livros publicados por Heloísa são “Macunaíma, da literatura ao cinema”; “Cultura e Participação nos anos 60”; “Pós-Modernismo e Política”; “O Feminismo como Crítica da Cultura”; “Guia Poético do Rio de Janeiro”; “Asdrúbal Trouxe o Trombone: memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70”; “Escolhas, uma autobiografia intelectual”; e “Feminista, eu¿”.
Fonte: Pop & Arte
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