‘Guerra dos sexos’ estreia no Globoplay: relembre novela com Fernanda Montenegro e Paulo Autran | TV e Séries

A primeira versão da novela “Guerra dos sexos” estreia nesta segunda-feira (4) no Globoplay. Exibida em 1983, a obra foi estrelada pelas lendas do teatro e da dramaturgia brasileira Fernanda Montenegro e Paulo Autran.

Para quem que saber mais sobre a história, criada por Silvio de Abreu, o g1 relembra a trama, além de curiosidades dos bastidores, com dados do Memória Globo.

“Guerra dos sexos” narra os confrontos e as brigas dos primos Charlô (Fernanda Montenegro) e Otávio (Paulo Autran), que cresceram juntos e tiveram um romance durante a adolescência.

A paixão juvenil, no entanto, acabou se transformando em ódio mortal. A coisa muda, ou pelo menos se agrava, quando um tio milionário morre e deixa uma grande herança para os sobrinhos. Com a condição de os dois deverão morar na mesma casa e trabalhar juntos.

A convivência gerou cenas antológicas das brigas entre ambos no melhor formato pastelão, com direito até a torta na cara.

Guerra dos Sexos - 1ª versão: Guerra de comida

Guerra dos Sexos – 1ª versão: Guerra de comida

“Eu adoro fazer comédia. O Silvio de Abreu é meu amigo desde a TV Excelsior. É um excelente comediógrafo. Ele tem uma mão maravilhosa para mexer com o que nós possamos ter herdado do período áureo das comédias americanas”, contou Montenegro em depoimento ao Memória Globo.

“Foi uma novela histórica, antológica. E o encontro, também, de um elenco. Porque a gente nunca sabe se o elenco vai dar caldo. O encontro com o Paulo Autran foi maravilhoso. Entramos numa sintonia de comediantes – nunca tínhamos trabalhado juntos. Foi a brincadeira entre a competência e a incompetência.”

Para o autor, Silvio de Abreu, a obra foi um desafio.

Webdoc novela - Guerra dos Sexos - 1ª versão (1983)

Webdoc novela – Guerra dos Sexos – 1ª versão (1983)

“‘Guerra dos Sexos’ era uma novela baseada unicamente em comédia. Ela não tinha uma trama romântica forte. Minha ideia principal era fazer chanchada, não comédia. Eu queria tudo o que eu pudesse ter de comédia, não queria ter nenhuma censura com relação a isso. E eu achava que isso podia assustar o público, mas eu imaginei que se eu tivesse o aval de atores importantes, que o público gostasse, ele iria deglutir melhor”, disse Abreu.

“Então fui procurar, primeiro a Fernanda Montenegro, que adorou a ideia, e o Paulo Autran, que jamais tinha trabalhado com a Fernanda. O fato de ele vir trabalhar com a Fernanda numa novela deixou-o muito animado, e juntei os dois. Glória Menezes, que eu já tinha trabalhado no ‘Jogo da Vida’, e Tarcísio Meira. Aí eu falei: ‘Bom, os maiores mitos do teatro com os maiores mitos da televisão reunidos, eu vou poder ter o aval do público’. E aí a novela estreou e foi um enorme sucesso.”

Guerra dos Sexos - 1ª versão: Charlô e Otávio descobrem que terão que morar juntos

Guerra dos Sexos – 1ª versão: Charlô e Otávio descobrem que terão que morar juntos

  • Segundo o autor, “Guerra dos Sexos” tinha cara de comédia americana dos anos 1930, o que se refletia nos figurinos criados por Marco Aurélio;
  • A caracterização, muitas vezes, ajuda os atores a encontrarem o tom de seus personagens. Foi o caso de Ary Fontoura, cuja peruca usada para interpretar Dino, seu papel na novela, contribuiu para dar ainda mais comicidade às cenas;
  • “Guerra dos Sexos” foi gravada em São Paulo. As cenas da loja Charlô’s eram feitas no recém-inaugurado Shopping Eldorado, na capital paulista;

Guerra dos Sexos - 1ª versão: Felipe anda de cueca pelo shopping

Guerra dos Sexos – 1ª versão: Felipe anda de cueca pelo shopping

  • “Guerra dos Sexos” sofreu com a Censura Federal, que considerou imorais várias cenas e diálogos. O autor Silvio de Abreu foi diversas vezes a Brasília para discutir os cortes dos censores. O romance de Fábio (Herson Capri) e Juliana (Maitê Proença), por exemplo, desagradou porque ele era um homem casado. A personagem Vânia (Maria Zilda Bethlem) também não foi bem-vista, por ser emancipada. Com o decorrer da novela, Silvio de Abreu foi conseguindo impor seu ponto de vista;
  • Com “Guerra dos Sexos”, Silvio de Abreu se firmou como autor de farsas que uniam o lúdico escrachado à crítica bem-humorada do cotidiano, lançando mão de cenas típicas das chanchadas nacionais, e buscando inspiração em clássicos do cinema americano. A novela foi pontuada por referências e homenagens, incluindo o capítulo final, em que o autor homenageou explicitamente Carlos Manga, diretor das famosas chanchadas da Atlântida, antiga companhia cinematográfica brasileira;
  • A narrativa da trama subvertia a linguagem tradicional ao explorar novos formatos como, por exemplo, colocar os personagens comentando os acontecimentos diretamente com o telespectador. A novidade causou certa estranheza na época, mas a novela foi um sucesso;
  • Amante da sétima arte, Silvio de Abreu prestou várias homenagens ao cinema. Uma delas foi a sequência em que Charlô deu uma festa à fantasia, na qual os convidados deveriam incorporar personagens famosos das telas: Otávio (Paulo Autran) se vestiu de Rodolfo Valentino; Charlô (Fernanda Montenegro), de Theda Bara; Roberta (Glória Menezes) encarnou Doris Day; Olívia (Marilu Bueno) e Ismael (Wilson Grey) foram de O Gordo e o Magro; e Kico (Diogo Vilela) imitou Elvis Presley;
  • “Guerra dos Sexos” também inovou ao apresentar o tradicional par romântico Tarcísio Meira e Glória Menezes fazendo comédia. O casal voltou a atuar junto, o que não acontecia desde “Espelho Mágico”, novela de Lauro César Muniz, exibida em 1977. Na trama de Silvio de Abreu, no entanto, a proposta era outra. Foi a primeira vez que Tarcísio Meira viveu um papel que não correspondia à imagem de galã já conhecida do público;

Guerra dos Sexos - 1ª versão: Felipe e Roberta Leone discutem

Guerra dos Sexos – 1ª versão: Felipe e Roberta Leone discutem

  • Ao longo de toda a trama, a personagem Frô (Cristina Pereira) fazia referência à amiga fofoqueira Carlotinha Bimbati, que só apareceu no último capítulo da novela, interpretada por Regina Casé. Silvio de Abreu ressuscitou a personagem Carlotinha Bimbati em 1998, na novela “Torre de Babel”: a atriz Nair Belo, em participação especial, desempenhou o papel da fofoqueira;
  • “Guerra dos Sexos” ratificou o talento dos jovens diretores Guel Arraes e Jorge Fernando;
  • Inspirada no sucesso da novela, a Globo produziu, em 1984, o programa de auditório “Guerra dos Sexos”, que opunha casais famosos num jogo de perguntas e respostas. O programa era comandado por Osmar Santos e ia ao ar nas tardes de domingo.

Guerra dos Sexos - 1ª versão: Frô e Carlotinha Bimbati

Guerra dos Sexos – 1ª versão: Frô e Carlotinha Bimbati

Fonte: Pop & Arte