Filho de Mussum abre o jogo sobre disputa pela herança do pai: ‘Não sou o vilão’


Igor Palhano tenta, com a ajuda da mãe, o reconhecimento de paternidade e sua parte na divisão de bens; ele explica o que tem emperrado o processo e dá detalhes da sua relação com os irmãos

Reprodução/Instagram/igorpalhano/GloboIgor Palhano descobriu aos 18 anos que é filho biológico do humorista Mussum

Já se passaram 27 anos da morte de Antônio Carlos Bernardes Gomes, que ficou conhecido em todo o Brasil como o humorista Mussum. Entretanto, a herança do artista segue sendo disputada. Isso porque o cirurgião-dentista Igor Palhano reivindica seus diretos na Justiça. Ele descobriu aos 18 anos que é filho biológico do artista que integrou “Os Trapalhões” – sendo fruto de uma relação extraconjugal de Mussum com a advogada Denildes Palhano. Com o teste de DNA em mãos, Igor tenta o reconhecimento de paternidade na Justiça e, como ainda não faz parte do inventário, já solicitou o bloqueio dos bens deixados pelo humorista. “Quando a gente fala em bloqueio, parece algo incisivo, que estou com raiva, querendo brigar, mas não é nesse sentido. Sinto que é um mal necessário”, afirmou o cirurgião-dentista em entrevista à Jovem Pan.

Igor, que atualmente tem 29 anos, resolveu expor quem é seu pai biológico em 2019, após a morte do seu padrasto, que o criou como um filho. “Ele não era rico, não me deixou herança, ele deixou dois imóveis que estão em processo de inventário. Metade é da minha mãe e a outra metade é minha e de outras duas filhas do meu padrasto. Falam por aí que eu já tenho herança, mas não tenho”, ressaltou. “Quando fiz o DNA, quis dar entrada no reconhecimento de paternidade. O Augusto, que é meu irmão mais velho, se dispôs a ir fazer o teste comigo, mas quando a gente se encontrava ele dizia que não tinha nada para receber, que já tinha sido partilhado e que eu não tinha direito a nada.” Além de Igor e Augusto, Mussum teve mais quatro filhos: Sandro, Paula e dois que se chamam Antônio Carlos.

Desconforto entre os herdeiros

A relação com os irmãos começou a ficar estremecida depois que o cirurgião-dentista deu entrada no reconhecimento de paternidade. “Vi que o processo estava demorando muito e minha advogada me disse que só faltava meus irmãos assinarem atestando que eles têm ciência de que eu também sou filho. Com isso, o reconhecimento sai logo em seguida.” Foi nesse momento que Igor descobriu que, após ser reconhecido na Justiça como filho biológico de Mussum, ele também seria inserido no inventário, que ainda não foi totalmente finalizado. “A advogada me disse que eles [os irmãos] não aceitaram isso, que não queriam que eu entrasse no inventário. Eu me questionei: ‘Se não tem nada [para receber], por que eles não querem que eu entre?’. Foi aí que começou uma guerra fria”, contou Igor, que a princípio não teve atrito com os irmãos. “Nosso primeiro contato foi tranquilo, mas quando a gente começou a mexer nesse negócio de herança, vi que rolou um desconforto.”

O processo, segundo Igor, conta com nove volumes com cerca de mil páginas cada. “Não tenho noção de quanto vale esse patrimônio, o processo é muito grande”, declarou o dentista, que acredita que os irmãos não foram claros sobre os bens que serão partilhados. “Existe muita mentira por trás disso, não quero brigar com ninguém, não quero colocar ninguém na parede, fazer isso com um irmão é muito feio. Fiquei 25 anos calado e não tem motivo para agora eu fazer algo de ruim contra eles. A herança é um direito meu, [o Mussum] era meu pai também. Não sou o vilão da história como eles estão me tratando.” Com o processo parado, Denildes decidiu há dois anos assumir a ação para ajudar o filho. “Não queria entrar nesse processo. Queria que eles se resolvessem da melhor maneira possível, harmoniosamente, tudo bonitinho, mas como vejo meu filho magoado, tive que tomar a frente. Estou fazendo por ele. O Augusto, que é o inventariante, diz que o inventário foi concluído, mas para mim não foi, porque tem coisas pendentes. A partilha foi concluída, mas nada impede de ter uma nova partilha. É uma coisa muito extensa, são muitos herdeiros”, afirmou Denildes.

A advogada também falou que, após o exame de DNA ter sido feito espontaneamente, uma ação foi aberta na 12ª Vara de Família, no Rio de Janeiro, para o reconhecimento de paternidade, mas o processo não foi concluído porque falta a qualificação dos outros herdeiros. “Fiquei muito chateada porque o Igor pediu ao Augusto para agilizar essa questão e ele não respondeu. Tem dois anos isso, o Igor manda mensagem e ele não responde. Um silêncio para mim é o mesmo que uma negativa. Já entrei com a petição de herança na 2ª Vara de Órfãos, que é onde o inventário está em trâmite, e o juiz falou para aguardar a decisão da ação de reconhecimento de paternidade.” Denildes enfatizou que não está preocupada com o valor da herança, ela quer apenas ajudar o filho a ter o que é seu por direto.

“Sou apaixonada até hoje”

A relação de Mussum com Denildes durou cerca de dois anos e ela afirmou que Carlinhos, forma como chamava o humorista, era um homem maravilhoso. “Aquilo que eu vivi ninguém me tira. Eu sou apaixonada até hoje, eu olho para o Igor e vejo ele. Eu não me arrependo de nem um minuto, mas nem um minuto. Eu só arrependo de ter brigado muito com ele, devia ter brigado menos e vivido mais”, afirmou. Mesmo sem ter convivido com o pai biológico, o cirurgião-dentista também nutre um carinho por ele. “Sempre fui fã. Eu vou em um posto de gasolina e vejo a cara do meu pai, ligo a TV e vejo ele, abro o YouTube e tem um vídeo dele, vou nas redes sociais tem uma piada dele. É muito bom ter esse contato, mas também bate uma saudade de uma coisa que eu não conheci e do que eu poderia ter vivido. Ele foi um ser humano absurdo, não tem uma pessoa que fale mal dele. Procuro fazer tudo certinho, pensando em como ele gostaria que eu fizesse, mesmo sem conhecê-lo”, finalizou.





Fonte: Jovem Pan