Festival de Cannes entra na reta final antes da premiação no sábado, com japonês favorito | Cinema


O Festival de Cannes encerra sua maratona de estreias nesta sexta-feira (16). A premiação, pelo terceiro ano consecutivo, pode coroar um filme asiático, o japonês “Drive my car”, embora as surpresas de última hora também sejam uma marca da maior competição do cinema mundial.

“Nitram”, do australiano Justin Kurzel (“Assassin’s Creed”), e “Les intranquilles”, do belga Joachim Lafosse, são os últimos dos 24 filmes que competem este ano pela Palma de Ouro.

O primeiro, um retrato do autor de um massacre que deixou 35 mortos na ilha da Tasmânia em 1996, gerou polêmica na Austrália antes mesmo de sua estreia, especialmente entre as famílias das vítimas.

“Les intranquilles”, drama sobre transtorno bipolar baseado na própria experiência do diretor, vai baixar a cortina desta edição, que marcou o retorno do cinema mundial à Croisette. O evento foi cancelado no ano passado pela pandemia do coronavírus.

Os vencedores serão anunciados no sábado (17), após um dia de deliberações a portas fechadas pelo júri presidido pelo cineasta americano Spike Lee.

Adam Driver e Marion Cotillard no tapete vermelho do Festival de Cannes, nesta terça-feira (6). — Foto: REUTERS/Johanna Geron

Com vários filmes ainda por pontuar, incluindo “Memoria”, com a atriz Tilda Swinton, e o francês “Les Olympiades”, ambos lançados nesta quinta-feira, a crítica internacional concorda até o momento que “Drive my car”, do japonês Ryusuke Hamaguchi, merece a Palma de Ouro, de acordo com a revista Screendaily.

Baseado na história de Haruki Murakami, um dos mais célebres romancistas contemporâneos, o filme avança no tempo da mesma forma que seus protagonistas – um dramaturgo e sua jovem motorista – viajam dia após dia pela cidade de Hiroshima, onde o primeiro ensaia “Tio Vânia”, o clássico de Anton Chekhov.

O mais longo de toda competição (2h59), o filme aproxima estes personagens atormentados pela morte de um ente querido, na medida em que quebram o silêncio em que estão mergulhados há anos.

Júri de Cannes na cerimônia de abertura do Festival de Cinema — Foto: Reuters/Eric Gaillard

“Absorvente”, “profundamente comovente”, com “profundezas poéticas”… Estes são alguns dos elogios da crítica internacional ao filme de Hamaguchi, que já competiu em Cannes, em 2018.

Se vencer, será a terceira Palma de Ouro consecutiva asiática, depois de “Assunto de Família”, do também japonês Hirokazu Koreeda (2018), e de “Parasita”, do sul-coreano Bong Joon-ho (2019).

Nessa última edição, o tragicômico “thriller” que mais tarde arrebatou o Oscar foi lançado perto do final da competição e mudou as apostas, em detrimento do até então favorito, “Dor e Glória”, de Pedro Almodóvar.

Além das surpresas de última hora, a história do Festival de Cannes também mostra que crítica e júri não precisam andar de mãos dadas.

Este foi o caso, por exemplo, em 2010, quando ninguém viu a Palma de Ouro chegar a Apichatpong Weerasethakul, por “Tio Boonmee, que pode recordar suas vidas passadas”.

Spike Lee no Festival de Cannes, nesta terça-feira (6), na Riviera Francesa. — Foto: REUTERS/Gonzalo Fuentes

E o realizador tailandês, que se caracteriza por uma filmografia alegórica admirada por seus colegas e pelos grandes cinéfilos, mas que é incompreendida pelo grande público, voltou este ano ao concurso com “Memoria”.

Ambientado na Colômbia, com sequências filmadas na selva e poucos diálogos, o longa foi definido pela revista especializada IndieWire como “um exercício mais de meditação do que um filme, o que o torna magistral”.

O musical “Annette”, que abriu a competição, em 7 de julho, com Adam Driver e Marion Cotillard, “A Hero”, do diretor iraniano vencedor do Oscar Asghar Farhadi, e o norueguês “The Worst Person in the World”, um retrato da geração dos millennials, também conquistaram a crítica.

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Fonte: Pop & Arte