Fãs aguardam a estreia de Desalma


A Globo sempre de olho nas mudanças dos costumes dos modos de assistir televisão, está cada vez mais priorizando as produções para seu serviço de streaming. “Desalma” é um bom exemplo. A trama já está toda gravada, desde o final do ano passado, mas ainda não estreou no Globoplay.

Uma cidade, duas épocas e uma tradição milenar repleta de mistério. O ano é 1988. O desaparecimento de uma jovem choca a população da pequena Brígida, no interior do sul do Brasil. A tradicional festa de Ivana Kupala é banida do calendário festivo da cidade. Trinta anos depois, a população se prepara para trazer a festa de volta, mas acontecimentos enigmáticos passam a assustar a comunidade. Três mulheres são marcadas por transformações e perdas, algumas delas irreparáveis. Rituais de bruxaria são capazes de reverter até mesmo a morte.

Às vésperas da noite mais escura do ano, quando almas das trevas têm o poder de caminhar sobre o mundo dos vivos, a floresta parece atrair os ingênuos para seu interior frio, de árvores altas, onde eventos sobrenaturais assombram os integrantes das famílias envolvidas na tragédia do passado. É nessa atmosfera soturna que se passa “Desalma”.

Criada e escrita por Ana Paula Maia, que assina a sua primeira obra audiovisual, e com direção artística de Carlos Manga Jr., “Desalma” não se trata de terror e sim de um drama sobrenatural. “É uma história que fala sobre questões metafísicas, mas isso só acontece por conta de um drama humano. Não é um terror gratuito”, explica Manga. Segundo ele, na série nada será entregue facilmente ao público. “Queremos que a audiência imagine por ela mesma. Na direção, criamos atmosferas que levem a imaginação a trabalhar. Você não vê as coisas, tem a sensação. Gosto de chamar de direção sugerida: uma porta fechada que quando aparece de volta está aberta, a câmera que levemente vai se aproximando de um ambiente em que nada acontece”, completa.

Antes de começar a gravar em locações externas no Rio de Janeiro, as gravações de “Desalma” aconteceram em cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná por seis semanas. Foram 36 sets de filmagem, sendo 16 deles numa propriedade de 300 mil metros quadrados, localizada na cidade de São Francisco de Paula, na região serrana gaúcha. O local serviu de cenário para as grandes cenas de floresta, penhascos, lagos e ruínas, que ajudaram a intensificar o ar sinistro. O clima frio e as temperaturas negativas ajudaram os atores a entrar nos personagens. Cassia Kis, Claudia Abreu e Maria Ribeiro estão entre os nomes do elenco da trama. Junto a eles, um grupo de jovens atores com rostos ainda desconhecidos do grande público, uma escolha que, segundo Manga, ajuda a causar a sensação de estranheza.

Ivana Kupala é a festa tradicional de Brígida que acontece nas duas fases da série e envolve muitos mistérios / Estevam Avellar-RG

Nas duas épocas, Cassia Kis vive a bruxa Haia. Já Cláudia Abreu (Ignes) e Maria Ribeiro (Giovana) entram na trama de 2018, completando o trio de protagonistas.

Foi em Prudentópolis, cidade do Paraná, que a escritora Ana Paula Maia se aprofundou na cultura ucraniana e se inspirou para sua estreia como autora no audiovisual. A premiada escritora de livros, vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura, se mudou do Rio de Janeiro para Curitiba há quatro anos, onde começou a identificar os costumes e tradições de outros povos. “Eu acho que o meu primeiro impacto foi na comida, até que eu comecei a ver os bosques, os parques da cidade, as festas típicas, os vários grupos folclóricos”, conta. “Além dos ucranianos, têm ainda alemães e poloneses. Existe um circuito pelo Paraná de pessoas que dançam, se vestem, fazem coral. Eu comecei a achar isso muito impressionante e pensei que o resto do Brasil precisava conhecer o que existe ali”, conta a autora.

Somada à riqueza da cultura da Ucrânia, a autora optou pela mitologia eslava, que apresenta lendas essenciais para a história. “O leste europeu é extremamente místico. Peguei essa atmosfera muito rica culturalmente para uma história com elementos sobrenaturais. A ideia é trazer um costume diferente, que é lindo e está praticamente apagado, e que também faz parte do Brasil”, conclui.

Agora resta esperar a estreia de “Desalma” para saber se a nova série da Globoplay vai agradar aos fãs do gênero.



Jornal dos Municípios