‘Em um bairro de Nova York’ é versão latina e moderna do sonho americano, com ótimas músicas-chiclete; G1 já viu | Cinema


“Em um bairro de Nova York” é a adaptação para o cinema da premiada peça da Broadway “In the Heights”. A criação de Lin-Manuel Miranda (“Hamilton”) estreou em 2008 e lançou o ator-cantor-compositor ao estrelato do gênero musical.

Mas o filme, além de uma adaptação no momento mais rentável do autor, é também um convite para sonhar. Um compilado de histórias de amor. Um grito poético, mas também político contra a marginalização das comunidades imigrantes nos Estados Unidos. Uma versão latina e feita por latinos do sonho americano.

O filme, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (17), é lindo – na história, nas músicas, nas cores, um espetáculo comandado pelo diretor Jon M. Chu (“Podres de ricos”). Assista ao trailer abaixo:

Trailer de
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Trailer de ‘Em um bairro de Nova York’

Ele abusa do contraste da vida de um imigrante: árdua, com trabalho duro e condições precárias, mas suportável em nome de uma promessa. Na tela, elementos de animação se chocam com a simplicidade e a pobreza do bairro Washington Heights, no norte de Manhattan.

O bairro é o protagonista desse musical colorido e vibrante, formado por descendentes de diversos países que se juntam como uma grande família. Eles também enfrentam diversos problemas reais: precariedade de condições, apartamentos e moradias pequenas, barulhentos e quentes, aluguéis caros, processo de gentrificação.

Mas quem narra a história é o simpático Usnavi, interpretado pelo ator e cantor Anthony Ramos. Ele sonha em voltar para Porto Rico e reviver “os melhores dias de sua vida”. Ao seu redor, há centenas de outros sonhadores.

Corey Hawkins e Leslie Grace são Benny e Nina no filme ‘Em um bairro de Nova York’ — Foto: Divulgação/Warner

No time de coadjuvantes com destaque, estão

  • Vanessa (Melissa Barrera), uma manicure que sonha em morar no centro e trabalhar com moda;
  • Nina (Leslie Grace), altamente inteligente e estudante de Stanford, mas que não se sente à vontade no meio da elite intelectual do país;
  • Benny (Corey Hawkins), que sonha em se casar com Nina, a filha do patrão;
  • Sonny (Gregory Diaz IV), que precisa de documentos para poder cursar uma faculdade.

Mas há muitos outros sonhadores: cabeleireiras, comerciantes e uma porção de trabalhadores com aspirações maiores e menores, tentando arranjar um jeito de furar o sistema e vencer no país mais disputado do mundo.

Por meio de todas essas histórias, Lin-Manuel toca ainda em assuntos mais subjetivos e muito discutidos atualmente, como pertencimento e identidade.

Mesmo não sendo um imigrante latino nos Estados Unidos, é fácil se identificar com algum dos inúmeros conflitos representados na tela e se pegar emocionado quando algum desses não tem um final feliz – ou justamente porque o final feliz foi alcançado.

É um filme de conforto em todos os sentidos. Até na escalação de atores, com rostos familiares de produções do cinema e da TV americanos: Corey Hawkins, de “Kong” e “Homem de ferro 3”; Stephanie Beatriz, da comédia de sucesso Brooklyn-99; Dascha Polanco, de “Orange is the New Black”; Jimmy Smits, de “Star Wars”.

As músicas são um show à parte. Lin-Manuel mistura hip-hop, pop, salsa, bolero e outros ritmos de todas as Américas para compor diálogos, declarações de amor e discussões, mas também números que são puro espetáculo.

O ponto alto é “Breathe”, solo da personagem Nina sobre o embate entre buscar seu sonho em um lugar que não sente como seu. A música é triste e dramática e doce, e revela o poder de Miranda em usar letra, história e melodia para emocionar seu público.

Mas há também ótimos números cheios de suingue, como “In the heights”, que abre o filme, e “Carnaval del Barrio”, que põe todo mundo pra dançar em homenagem às bandeiras e culturas dos países latinos.

É musical, mas nem tanto. As canções tomam boa parte dos minutos de tela, mas também há diálogos falados – o que pode ser um alívio para quem ainda não se sente tão confortável com o gênero, mas quer arriscar.

“In the heights” foi a primeira peça de Lin-Manuel, mas o ator se tornou conhecido por sua segunda criação, “Hamilton”. Foi graças ao sucesso do musical sobre o secretário do tesouro americano que “Em um bairro de Nova York” se tornou um bom negócio para o cinema mais de 12 anos depois de seu lançamento.

Mas não adianta chegar ao filme procurando elementos de “Hamilton”. Nele, temas sociais e políticos ainda estão bem presentes na narrativa, mas tudo é muito mais leve e solar. Choca, a princípio, mas é capaz de contagiar.

Lin-Manuel Miranda como Alexander Hamilton — Foto: National Portrait Gallery; Divulgação

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Fonte: Pop & Arte