Douglas Souza diz ter sofrido homofobia em aeroporto na Holanda ao viajar com namorado | Pop & Arte

Douglas Souza disse ter sofrido homofobia no aeroporto em Amsterdã, na Holanda, na conexão de um voo do Brasil para a Itália. O jogador de vôlei viajava com o namorado, Gabriel Campos, para se apresentar à equipe Vibo Valentia, na qual vai jogar.

Ele diz que ficou por 15h no aeroporto, que percebeu um tratamento diferente quando as autoridades souberam que ele estava com o namorado e que teve que dormir no chão pois só foi liberado quando não havia mais voos no dia para Roma.

Na noite de terça-feira, Douglas disse no Instagram: “Hoje é um dos piores dias da minha vida. Foi horrível. Está sendo horrível”, ele reclamou. “Puro preconceito, homofobia, vocês não têm noção. Eu vou, sim, explanar isso, porque eu não mereço, ninguém merece isso.”

Nos vídeos de terça, ele ainda estava no aeroporto. “Eu só não vou contar realmente o que aconteceu hoje porque eu tenho medo deles tirarem a minha passagem e me deportarem”, ele disse.

Nesta quarta, já na Itália, ele postou vários vídeos detalhando o que aconteceu. Ele disse que o processo de entrada estava normal até que ele disse que estava indo com o namorado, Gabriel Campos, que vai morar com ele na Itália.

“Quando falei que era meu namorado, a fisionomia dele mudou na hora e o tratamento também”, diz Douglas sobre o funcionário no aeroporto.

“Ele perguntou o que o Gabriel ia fazer lá, eu mostrei no documento de união estável, disse que ele ia me acompanhar, trabalhar lá. Ele chamou um cara no telefone e disse que ele ia cuidar da gente. Levaram a gente para um outro lugar do lado da fila, onde tinha umas 20 pessoas, largaram a gente ali por umas 5 horas sem nenhum tipo de explicação”, diz Douglas.

Ele diz que perguntou várias vezes qual era o problema, mas não deve resposta.

“Depois de umas cinco, seis horas me chamaram em uma salinha e fizeram uma entrevista para perguntar o que eu ia fazer lá. Até então achei normal, tranquilo. Mas aí bateram de novo na tecla de quem era o Gabriel, e eu tentava explicar que era meu namorado e eles tinham muita dificuldade de entender.”

“Eu comecei a perceber um padrão no tratamento deles, porque fomos colocados ali com mais 20 pessoas. Dessas, 18 eram pretas ou latinas”, descreve Douglas. “Chegaram pessoas depois da gente, resolveram o problema de todo mundo e não resolvia o da gente.”

“A gente ficou literalmente o dia inteiro lá esperando. Quando deu 23h, que o aeroporto já estava fechado, não tinha mais voo para Roma, aí liberaram a gente”, ele afirma. “A gente teve que dormir no aeroporto porque já tínhamos passado pela imigração, não tinha nem como ir para um hotel. Ficamos largados no chão até 7h da manhã, que era o próximo voo para Roma.”

“Foi uma situação muito estranha, muito difícil, porque a gente se sente fragilizado nessa situação, porque não pode fazer nada. Era contra a polícia, então se a gente falasse alguma coisa, se se exaltasse poderia ter dado problema para a gente. Se eu não tivesse vindo a trabalho, se fosse turismo, com certeza nem estaria aqui, teria voltado para casa”, afirma o jogador.

“Passei 15h no aeroporto que era para ser 3 horas no máximo. Infelizmente foi o que aconteceu, eu não achei normal essa situação. É uma coisa que acontece em todas as partes do mundo. Eu vivi aquilo, eu sei o que vivi, sei o olhar, o jeito que trataram eu e meu namorado na frente de todo mundo e foi uma situação muito constrangedora.”

Douglas Souza, jogador de vôlei brasileiro, durante partida contra a Argentina, nas Olímpiadas de Tóquio — Foto: Yuri Hiroshi/Enquadrar/Estadão Conteúdo

 

 

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Fonte: Pop & Arte