Criolo estreia show de ‘Sobre Viver’, álbum que marca volta ao rap, neste sábado em SP | Música

O quinto disco de estúdio do rapper paulistano de 46 anos marca a volta ao rap, após “Espiral de Ilusão”, disco dedicado ao samba de 2017.

A crítica social segue contundente e o luto após a morte da irmã aparece com destaque em faixas como “Pequenina”. Ouça podcast com entrevista abaixo.

Além das novas, músicas importantes para a carreira que começou com “Nó na Orelha”, em 2011, devem estar no repertório.

“A gente está tentando entender qual o melhor jeito de construir cada música respeitando sua história, sou estética, a forma que foi construída lá atrás e como foi construído esse novo”, diz Criolo ao g1.

“Só quero que vocês vão logo assistir porque não dá muito para explicar, não. Só posso te falar que ele só se completa na sua fala, depois que você assistir”, continua.

Criolo fala sobre desigualdade no Brasil ao lançar

Criolo fala sobre desigualdade no Brasil ao lançar ‘Sobre Viver’

Criolo será acompanhado por DJ Dandan, Bruno Buarque (bateria, percussão, bases, MPC, voz e eletrônicos), Ed Trombone (sopros, percussão, teclado, voz e eletrônicos) e Mauricio Badé (percussão, voz e eletrônicos).

Exigente, o rapper fala que o processo para chegar ao novo show como uma “construção de muito tempo”.

“A gente tenta conceder o melhor possível da nossa alma para oferecer e ele vai se construindo. Não são só os dias de ensaio que antecedem a estreia, mas é um processo em cada show até que chegar uma hora que a gente sente que tem uma apresentação”.

“Depois da trigésima, a gente vai pensar: ‘Será que essa apresentação a gente consegue transformar show?’ Aí vem mais 30”, explica.

Criolo em ‘Sobre Viver’ — Foto: Divulgação/Helder Fruteira

“Quem nasce em favela no Brasil, vive sempre com essa ideia de morte, porque vida nunca nos permitiram, vida em sua plenitude assim. Quem vive? Ou quem sobrevive?“, questiona Criolo.

É esse o tom de revolta e luto que pauta o novo álbum. O rapper perdeu a irmã Cleane Gomes para Covid-19 em junho do ano passado.

Ele canta sobre a irmã que morreu aos 39 anos no verso de “Pequenina”: “Cuidar da minha irmã agora é só em prece, ela não está mais aqui, é que esse mundo não te merece”.

“A pandemia nunca vai acabar para quem perdeu uma pessoa. Nunca vai acabar, é para sempre. E como a gente se reergue, como a gente sobrevive a isso tudo?”, questiona.

A faixa participação da mãe, Maria Vilani, Liniker e MC Hariel, com arranjo do maestro Jacques Morelembaum.

“A desigualdade só destrói, mano. A gente morre todo dia, assim, de picadinho, e colocaram uma naturalidade, uma normalização tão gigante que ninguém está nem aí”, diz o rapper.

Além de “Pequenina”, “Pretos ganhando dinheiro incomoda demais”, “Diário do Kaos”, “Ogum Ogum” e “Me Corte na Boca do céu, a morte não tem perdão”, com Milton Nascimento, se destacam em “Sobre Viver”.

Além da revolta e de letras contundentes contra a desigualdade social, o álbum tem um lado positivo e esperançoso do álbum com músicas como “Ogum Ogum” e “Aprendendo a Sobreviver”.

“Eu estava entendendo que o caos continua, mas se a gente não der as mãos, não tiver um fio de esperança, se a gente não tiver alguma coisa a mais acabou ali? É isso?”, pondera.

“É essa energia que a gente vai jogar para todo mundo? Não, a gente todos os dias vai aprendendo a sobreviver”, conclui.

  • Data: 21 de maio (sábado)
  • Local: Espaço Unimed, antigo Espaço das Américas – R. Tagipuru, 795 – Barra Funda, São Paulo
  • Ingressos: de R$ 60 (meia pista) a R$ 200 (camarote)
  • Venda de ingressos pelo site oficial

Fonte: Pop & Arte