Covid-19: É seguro retornar aos cinemas? Confira como se proteger e os protocolos adotados pelas empresas


Espaços implementaram medidas como distanciamento, ar condicionado que renova o ar a cada sessão e restrições de horários; em países como os EUA, salas já funcionam com capacidade máxima

Divulgação/CinépolisCinemas estão seguindo rígidos protocolos de segurança devido à pandemia

Os cinemas já estão funcionando há alguns meses com capacidade de público reduzida e seguindo uma série de protocolos devido à pandemia da Covid-19, mas o interesse das pessoas em voltar a assistir filmes nas telonas só começou a crescer de forma gradual nas últimas semanas. Segundo a empresa Ingresso.com, isso se deve ao lançamento de filmes de grande expectativa e ao avanço da vacinação – o que traz uma sensação de maior segurança para aqueles que amam pegar um cineminha, mas temem passar cerca de duas horas em um ambiente fechado com outras pessoas. Sem divulgar números, a empresa de venda de ingressos online diz que “Velozes e Furiosos 9” foi o filme que mais atraiu público até o momento. “Viúva Negra” e “Space Jam: Um Novo Legado” são outras estreias recentes que também merecem destaque. Para Juliano Russo, diretor comercial e de marketing da Cinépolis Brasil, o cinema tem sido um dos lugares mais seguros para se frequentar na pandemia desde a primeira reabertura, em setembro do ano passado.

“Eu não falo isso por trabalhar no setor, digo porque os cinemas foram altamente impactados pelos protocolos dos órgãos municipais e estaduais. Os cinemas só reabriram quando todas as prevenções foram tomadas, tendo distanciamento, sinalizações, álcool em gel disponível, ar condicionado que renova o ar a cada sessão, higienização das salas e restrições de horários e assentos. Esses protocolos fazem com que as pessoas fiquem sentadas, de máscara, olhando para frente e sem falar por cerca de duas horas”, explica. Os rígidos protocolos já estão sendo seguidos há mais de 10 meses e, de acordo com o diretor comercial da Cinépolis, nesse meio tempo o que mudou é que essas medidas vem sendo flexibilizadas. Em algumas cidades, já é permitida, por exemplo, uma capacidade um pouco maior de pessoas nas salas e o horário de funcionamento foi estendido. Vale ressaltar que a lotação máxima varia de região para região mas, segundo Juliano, a média é de 60% dos assentos liberados: “Tem cidades, por exemplo, que colocam por capacidade de público. É o caso de Salvador, onde é permitido 50 pessoas por sessão”.

Nicolle Queiroz, médica clínica e cardiologista que coordena alas de pacientes com Covid-19 nos hospitais Ipiranga, Montemagno e São Luiz, diz que os protocolos de segurança impostos aos cinemas diminuem o risco de transmissão, mas que não é possível afirmar que a chance de uma contaminação é zero. Melissa Valentini, infectologista do Grupo Pardini, concorda com Nicolle: “Segurança de 100% nós não temos, mesmo com a redução no número de casos e com o avanço da imunização das pessoas, pois ainda temos um grande número de infecções diárias. É importante a pessoa avaliar se ela tem alguma comorbidade e se ela se sente confortável com essa ida ao cinema. Caso ela decida ir, o ideal é utilizar uma máscara adequada, ou seja, cirúrgica, médica PFF2 ou uma máscara de pano com três camadas. Também aconselho permanecer com ela adequadamente no rosto durante todo o período do filme.”

Pode comer uma pipoquinha?

O consumo de bebidas e alimentos estão liberados na maioria das salas de cinema e, para diminuir o contato com os atendentes, alguns exibidores só permitem que a compra dos snacks seja feita por totens ou pelo celular, assim a pessoa interage com o funcionário apenas quando for retirar o pedido. “A gente entende que é seguro comer no cinema porque você está virado para frente e quando você termina de comer volta a usar a máscara. Algumas cidades não liberaram no início o consumo de alimentos, mas isso está acontecendo gradativamente agora”, afirma o diretor comercial da Cinépolis. Em contrapartida, na visão de Nicolle, tirar a máscara para comer pode ser arriscado: “Sem a máscara, aumentamos a chance de transmissão, principalmente se tiver um portador assintomático próximo. Também é importante só ir ao cinema se não estiver com nenhum sintoma e, se for, deve respeitar as orientações para comer nas salas porque quando respiramos e comemos liberamos gotículas que podem ficar suspensas no ar”.

A infectologista também ressalta que é necessário considerar que a maioria da população do Brasil não está vacinada e que o processo de imunização acaba variando devido aos diferentes tipos de vacinas aplicadas no país. “Mesmo com distanciamento social, se você estiver em um ambiente fechado e a circulação do ar estiver ruim, eu não acho seguro tirar a máscara. O ideal é evitar comer e beber dentro da sala de cinema”, diz. Conforme divulgado pela Cinépolis, a Anvisa exige que o ar condicionado tenha uma ampla e automática renovação do ar por meio de um sistema que realiza a entrada e saída por dutos independentes, o que garante uma troca segura e frequente do ar nas salas.

O vírus pode permanecer no local?

Limpar as salas e higienizar as poltronas entre uma sessão e outra fazem parte dos protocolos adotados pelos cinemas, mas a infectologista explica que essa é uma medida preventiva, já ainda não está claro para os médicos se o vírus consegue permanecer por muito tempo no ar e nas superfícies. “Essa é uma questão que ainda é difícil de esclarecer. Existem cargas de vírus diferentes, então se a carga estiver muito alta e a pessoa espirrar, esse vírus pode permanecer um tempo no ambiente, mas o distanciamento já ajuda nesse caso.” Para evitar a exposição ao vírus, Nicolle indica permanecer o mínimo possível na sala de cinema e nos espaços comuns, como o hall de entrada. Ela também recomenda comprar o ingresso de forma digital, chegar apenas na hora em que o filme for começar e sair da sala de forma organizada para evitar tumulto. “O ideal é que os cinemas tenham móveis de fácil limpeza e que as poltronas não sejam daqueles tecidos que ficam molhados quando se passa o pano.”

O cinema é uma das formas mais populares de entretenimento e ficar tanto tempo longe das telonas tem sido difícil para muitas pessoas. Tanto a cardiologista quanto a infectologista notaram em seus consultórios um aumento de problemas relacionados à saúde mental. “Depois de um ano e meio de pandemia e de restrições, as pessoas estão com problemas psicológicos e é importante a gente encontrar formas de distrair e extravasar, mas ainda temos um grande número de casos de Covid. As pessoas podem frequentar locais fechados como os cinemas, mas enfatizo que não recomendo tirar a máscara, pois elas são efetivas e diminuem o risco de contaminação. Já os protocolos que estão sendo seguidos são essenciais nesse processo de retomada”, afirma Melissa. Em países como os Estados Unidos, os cinemas já estão funcionando com sua capacidade máxima e isso tem refletido nas bilheterias mundiais. Procurada pela Jovem Pan, a Disney divulgou que a bilheteria mundial de “Cruella” superou US$ 204 milhões e “Viúva Negra” estreou com uma arrecadação total de mais de US$ 215 milhões em todo o mundo — incluindo mais de US$ 60 milhões do Premier Access, disponível para os assinantes do Disney+.





Fonte: Jovem Pan