“Em apenas duas semanas, as figuras mais brilhantes do país partiram”, disse Sahraa Karimi, 38, a primeira mulher a chefiar a Organização de Cinema do Afeganistão.
A diretora afegã Sahraa Karimi durante o 78º Festival de Cinema de Veneza — Foto: Filippo Monteforte/AFP
“Imagine, um país sem artistas”, lamentou a cineasta diante de um grupo de jornalistas e cineastas, entre eles o diretor do festival, Alberto Barbera.
“Os talibãs estão destruindo os instrumentos de música, os estudantes se escondem. Por favor, sejam nossas vozes e falem da nossa situação”, pediu, por sua vez, a cineasta Sahra Mani, diretora do documentário “A thousand girls like me” (2018), sobre uma mulher violentada pelo pai durante anos.
Karimi descreveu uma imagem sombria: “Tudo parou no espaço de algumas horas. Os arquivos estão sob o controle do Talibã. O trabalho dos diretores desapareceu”, relatou ela.
“Pela primeira vez na história do cinema afegão, um filme foi convidado para o festival francês de Cannes. Estávamos planejando adaptar 11 curtas-metragens sobre histórias afegãs. Estávamos preparando a segunda edição do prêmio nacional de cinema”, afirmou.
A cineasta disse que, no domingo de 15 de agosto, em poucas horas, teve de abandonar seus projetos e deixar seu país para trás. “Foi a decisão mais difícil da minha vida: ficar, ou sair do meu país”, confessou.
“Não temos mais casa, não temos país. A arte é proibida. Minha geração não quer isso”, afirmou Karimi, lançando um pedido de ajuda à comunidade internacional.
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“Pedimos ajuda, precisamos de esperança. Aqueles que ficaram no Afeganistão apagaram suas contas nas redes sociais”, completou.
Um membro do Talibã matou o cantor folclórico Fawad Andarabi no fim de agosto. Membros do Talibã já haviam ido à casa de Andarabi —eles até mesmo beberam chá com o músico, disse o filho de Fawad, Jawad Andrabi. Mesmo assim os talibãs mataram o cantor.
“Ele era um cantor inocente, que só entretinha as pessoas. Eles deram um tiro em sua cabeça”, disse Jawad.
O filho afirmou que vai procurar justiça, e que um conselho local do Talibã prometeu punir os autores do assassinato.
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Fonte: Pop & Arte
