Cinco curiosidades sobre Dante Alighieri, 700 anos após sua morte | Pop & Arte


Famoso por ser o autor de “A Divina Comédia”, o poeta Dante Alighieri (1265-1321) também é o pai da língua italiana. Nesta terça (14), a Itália celebra os 700 anos desde sua morte, ocorrida na noite de 13 para 14 de setembro de 1321.

A seguir, alguns fatos sobre este monumento da literatura mundial.

O pai da língua italiana

Dante contribuiu para o nascimento da língua italiana, ao escolher o dialeto toscano, em vez do latim, para escrever sua obra-prima.

“A Divina Comédia” é uma viagem imaginária ao inferno, purgatório e paraíso e foi publicada no início do século XIV.

Seu sucesso contribuiu para que outros autores da Idade Média, incluindo Petrarca e Boccaccio, também escrevessem em dialeto, lançando assim as bases do italiano moderno.

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A entidade encarregada de difundir a língua e a cultura italiana pelo mundo se chama Sociedade Dante Alighieri. A Itália também planeja a criação do Museu da Língua Italiana, em Florença, cidade natal do poeta.

“A Divina Comédia” é um poema, um relato pessoal sobre a redenção, um tratado sobre as virtudes humanas e também uma poderosa obra de ficção científica.

Com seus diferentes círculos, que correspondem aos sete pecados capitais, o inferno de Dante ainda representa a imagem que temos da vida após a morte, segundo o imaginário cristão.

O poeta britânico T.S. Eliot considerava que “Dante e Shakespeare dividem o mundo moderno, e não há um terceiro homem”. O grande escritor argentino Jorge Luis Borges considerou “A Divina Comédia” como “o melhor livro que a literatura já produziu”.

Cem gravuras assinadas por Salvador Dalí e inspiradas em “A Divina Comédia” compõem a exposição. — Foto: Divulgação: Colégio Dante Alighieri

Gerações de escritores, pintores, escultores, músicos, diretores de cinema e autores de quadrinhos se inspiraram em “A Divina Comédia”.

Entre eles, estão o pintor renascentista italiano Sandro Botticelli, o pintor espanhol Salvador Dalí, o compositor russo Tchaikovsky, os criadores da saga “X-Men” e o escritor Dan Brown.

Molde de bronze da escultura do século 19 ‘O beijo’, do francês Auguste Rodin — Foto: Reprodução / site Binoche et Giquello

“O Beijo”, famosa escultura de Auguste Rodin, representa Paolo e Francesca, os amantes adúlteros que Dante encontra no segundo círculo do inferno.

“A Divina Comédia” também inspirou um videogame popular (“Dante’s Inferno”), e Bret Easton Ellis começa seu famoso romance “American Psycho” com o início do terceiro canto do inferno: “Vós que entrais, abandonai toda esperança”.

Dante, no lugar de Durante

Dante_Alighieri_literatura — Foto: reproducao

Como muitos grandes artistas da história italiana (Giotto, Michelangelo, Raphael…), Dante é conhecido, sobretudo, pelo primeiro nome, que é o diminutivo de “Durante”.

Nasceu em 1265, em Florença, foi para o exílio em 1302 e morreu em Ravenna, no nordeste da Itália, na costa do Adriático, em 13 ou 14 de setembro de 1321.

Oriundo de uma família rica, Dante nunca teve de trabalhar para viver.

Destacou-se na política, literatura, filosofia e cosmologia. Teve pelo menos três filhos com sua esposa, Gemma Donati, mas sua musa era outra mulher, Beatriz, que aparece em “A Divina Comédia” como guia para o céu.

Homem das letras, Dante também esteve muito envolvido na vida política de Florença. Em 1300, foi eleito prior, um dos nove membros do governo local, por um período de dois meses. Esse cargo foi a causa de seu infortúnio.

Naquela época, as cidades italianas estavam constantemente à beira de uma guerra civil entre os guelfos, próximos ao papa, e os gibelinos, favoráveis ao Sacro Império Romano-Germânico.

Em Florença, os guelfos estavam, por sua vez, divididos em “negros”, prontos para aceitar a influência papal nos assuntos da cidade, e “brancos”, que exigiam que o papa limitasse seu poder à esfera espiritual.

Foi julgado à revelia, pois teve de deixar Florença, após a chegada ao poder de um novo regime que perseguia a velha classe dominante e nunca mais colocou os pés em sua cidade natal.

Em 1302, um juiz ordenou que Dante e seus aliados fossem queimados vivos, caso tentassem retornar para Florença. Essa sentença foi, posteriormente, comutada para decapitação.

Dante aproveitou “A Divina Comédia” para acertar contas com muitos de seus inimigos, entre eles, o papa Bonifácio XIII, para quem reservou um lugar no inferno.



Fonte: Pop & Arte