Animação brasileira ‘O Diário de Mika’ conquista crianças em mais de cem países ao estimular a inteligência emocional


Dario Bentancour, produtor da série, conta à Jovem Pan como sua experiência com Maurício de Sousa ajudou a construir o projeto que já chegou a ser indicado ao Emmy

Divulgação‘O Diário de Mika’ está disponível na Panflix, que ganhará novos episódios em breve

Presente em mais de cem países, a série de animação brasileira “O Diário de Mika” tem ganhado cada vez mais destaque internacional, e um dos fatores que mais contribui para isso é o fato de o desenho não ter sido criado apenas para entreter as crianças, mas também para educar e trabalhar a inteligência emocional delas com o intuito de trazer benefícios futuros aos pequenos. Criado por Elizabeth Mendes e produzida por Dario Bentancour, da Supertoons, o universo de Mika já é usado por professores nas escolas e tem agradado pais que buscam conteúdos educativos para os filhos. Em entrevista à Jovem Pan, Dario contou que teve o auxílio de uma psicopedagoga na criação do enredo e que o maior desafio que ele e Elizabeth enfrentaram foi o de criar um conteúdo adequado para o público de 2 a 5 anos. “Precisa ser algo que agrade a todos. Criança tem que gostar, os pais têm que aprovar e os educadores precisam ter interesse de usar nas salas de aula”, enfatizou. Quer saber mais detalhes dessa produção e por que ela é tão indicada para as crianças? Então confira algumas curiosidades sobre “O Diário de Mika”, que está disponível na Panflix, a plataforma de streaming da Jovem Pan, que ganhará novos episódios da animação em breve.

Sobre o que é o desenho?

A série de animação acompanha as descobertas de Mika, uma menina de 4 anos que é curiosa e está aprendendo a lidar com situações que são novas para ela. Em cada episódio, ela usa um tablet para fazer um desenho e contar para seus brinquedos o que está acontecendo. Cada brinquedo representa uma emoção da protagonista (medo, raiva, curiosidade, insegurança, exibicionismo, preguiça) e eles ganham vida para ajudar a menina a resolver uma determinada situação. “Cada personagem é um alter ego da Mika, cada um representa uma emoção e em cada episódio ela trabalha com o personagem que representa o que ela está sentindo no momento”, explicou Dario. Todo capítulo também conta com uma música para ajudar a fixar a mensagem que está sendo passada e o produtor acrescentou que colocar muitas informações nos episódios não é indicado para a faixa etária do desenho. Por isso, as emoções são trabalhadas juntas.

Por que usar um tablet?

Ver uma criança de 4 anos com um tablet na mão pode parecer estranho para alguns pais, mas o produtor da animação diz que é algo proposital. A ideia de criar a Mika surgiu entre 2013 e 2014 e o plano inicial de Elizabeth era que a menina desenhasse em um caderno. “Falei para ela [Elizabeth] que poderíamos colocar um tablet, porque as crianças de hoje em dia já nascem cercadas de tecnologia. Ouvimos críticas, mas mostramos que a Mika faz um bom uso do tablet. Ele é sempre usado no quarto e para algo construtivo. A criança tem de ter tempo para tudo e a tecnologia está aí, não tem volta. Então, é necessário aprender a fazer um bom uso dela. A criança é observadora e repara a forma como a Mika usa o tablet dela”, afirmou Dario.

Experiência com Maurício de Sousa

Tanto Dario como Elizabeth trabalharam por mais de 20 anos na empresa de Maurício de Sousa, cartunista responsável por criar “A Turma da Mônica”. “Esses anos de experiência que tivemos foram muito ricos e o que trouxemos disso é a mudança que o Maurício precisou fazer ao longo dos anos, ‘amaciando’ seus personagens. Se você for ver um gibi dos anos 1970, o Cascão morava na lata do lixo, tinha moscas voando pela cabeça dele, já a Mônica era rotulada como gorducha e dentuça. Atualmente, seria muito difícil conseguir aprovar um conteúdo infantil com essas características, e o Maurício foi mudando os personagens com o tempo. Isso foi um aprendizado, pois fomos entendendo o que as crianças precisam consumir”, comentou Dario. Os criadores trabalharam de forma minuciosa para não colocar traços adultos na protagonista da animação.  “A Mika não usa batom, não está preocupada com o cabelo e sempre usa um macacão porque ela está brincando. Fizemos de tudo para ela não ser sexualizada, pois ela é uma criança.”

Sucesso internacional

Além de estar disponível na Panflix, “O Diário de Mika” também foi licenciado pela Disney e está presente em mais de cem países. “A Mika fez muito sucesso nos canais Disney, foi top 5, só que é um produto licenciado, não é da marca Disney. Então, mesmo fazendo sucesso, ela tem um espaço limitado no canal”, explicou o produtor, que também comentou sobre o sucesso internacional do desenho. “Agora, a Mika está muito forte na Rússia, mas também está presente na China, na Europa e nos Estados Unidos. Até os 5 anos, a criança ainda não assimilou os traços culturais do local em que ela mora, então se a criança aqui do Brasil gosta, a criança de outro país vai gostar também.”

A intenção de Dario e Elizabeth foi criar um produto duradouro, assim como é “A Turma da Mônica”, cujo sucesso ultrapassa gerações. Em 2017, “O Diário de Mika” chegou a ser indicado ao Emmy, o principal prêmio da televisão mundial. “Para nós, esse foi um selo de qualidade. Ficamos muito felizes.” O processo de criação não é tão simples quanto parece. Para ter uma ideia, demora mais de um ano para fazer uma temporada de 26 episódios de sete minutos. “Primeiro se cria todo o universo, aí faz a pré-produção e depois começa a produzir de fato, então para sair o primeiro episódio pode demorar de seis a oito meses. Depois dá para sair três ou quatro episódios em um mês, mas no geral é um processo longo, mesmo com toda a tecnologia que nós temos hoje”, finalizou Dario.



Fonte: Jovem Pan