‘Amor e gelato’: Autora do fenômeno adolescente fala de trilogia, novo livro e fãs brasileiros | Pop & Arte


País, comidas e homens maravilhosos, primeiro amor e enrosco familiar são os ingredientes que Jenna Evans Welch usou para escrever seu primeiro livro: “Amor e gelato”, em 2016. De lá para cá, ele se tornou um sucesso, virou fenômeno no TikTok e entrou para a lista de mais vendidos do “The New York Times”.

Jenna apostou na mesma fórmula para transformar sua galinha dos ovos de ouro em outros dois romances: “Amor e sorte” e “Amor e Azeitonas”, que acaba de ser lançado no Brasil. Assista à entrevista da autora ao g1 no vídeo acima.

A história acontece em Santorini, na Grécia. Quem vive e narra as loucuras de ser adolescente em um país estrangeiro é Liv. A greco-americana de 17 anos viaga para reencontrar o pai que foi embora quando ela era pequena.

Na infância, os dois passavam horas tentando descobrir a localização de Atlântida. Agora, ele faz documentário sobre a cidade perdida e convida a filha para ajudá-lo. O reencontro gera um monte de perguntas e emoções, e a menina ainda se apaixona pelo assistente. Por trás do convite inocente, existe um segredo que vai mexer com ela.

Mergulhar na ilha grega foi um desafio para Jenna. Era a primeira vez que ela iria escrever sobre uma cidade em que nunca esteve e da qual não conhecia.

“Um dia, fiz uma busca no Google e encontrei uma livraria bem pequena em uma ilha que nunca tinha ouvido falar. Assim que a vi, sabia que minha história tinha que ser lá. Então voei para Santorini com poucas ideias”, conta ao g1.

Jenna Evans Welch é autora da trilogia ‘Amor e gelato’, ‘Amor e sorte’ e ‘Amor e azeitonas’ — Foto: Divulgação/Maggie Herbst Echo Photography

Para a aventura, ela levou o marido. Ele tinha ficado com ciúmes quando ela escolheu a melhor amiga para embarcar na viagem para a Irlanda para o segundo livro. O contraste entre os dois foi perfeito: ele é extrovertido e conseguiu muitas informações e histórias escondidas que só os locais podem contar, enquanto ela, tímida, escrevia e escrevia.

Ela tinha seis dias para ver, ler, ouvir e comer tudo o que podia e transformar suas vagas ideias em um livro. Para isso, pensou e agiu como uma adolescente: aplaudiu pôr do sol, pulou de penhascos, comeu tudo o que tinha direito e curtiu a paixão com o marido.

Ilha de Santorini — Foto: Reprodução/Twitter/@TravelSantorini

Drama familiar pega adolescentes

Todos os livros falam sobre amor e relacionamentos, não apenas amorosos. “Eu amo muito falar sobre relações familiares, histórias complicadas de família e como isso afeta as pessoas”, conta.

Mas “Amor e azeitonas” é mais intenso que os anteriores, diz. “Tem uma cena de clímax que me surpreendeu muito enquanto escrevia, e surpreendeu outros leitores também. Esse livro também tem uma aventura forte, o que foi diferente para mim”, conta.

“Vai parecer bobo, mas eu quero que meus livros sejam como comer um cupcake: uma sobremesa com açúcar, glacê e granulado, mas quero que tenha elementos que ficarão com você como uma comida mais saudável como um muffin de banana. É importante que adolescentes se divirtam, tenham escape, mas também sei que estão lidando com grandes dilemas nessa fase, então trabalho duro para balancear.”

As personagens de Jenna têm a cara da geração z: não pertencem ao padrão e lutam por suas identidades. Ela diz que procura criar personagens com defeitos e falhas para que os leitores possam se identificar.

Ela recebe muitas mensagens de leitores adolescentes comovidos pelas protagonistas. “Muita gente me escreve pra dizer que conseguiu resolver problemas de família com a ajuda dos meus livros. O mais emocionante é ouvi-los dizer que sentem que eu entendo suas dores”, conta.

Parte do sucesso veio do Booktok, o universo do TikTok. Todos esses temas são um prato cheio pros usuários da rede. “Eu sempre vejo meus livros em banners como ‘sucesso no Booktok’. Acho uma ferramenta poderosa para dar voz e conectar adolescentes às histórias que eles se identificam.”

  • Saiba mais sobre o Booktok no vídeo abaixo:

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A série “Amor” também faz sucesso no Brasil. Por isso, Jenna inclui o país em sua agenda de divulgação.

“Eu amo os leitores brasileiros. Eles são os mais entusiasmados, metade dos meus e-mails e interações nas redes são de pessoas do Brasil. Eu sempre penso que preciso fazer um vídeo mostrando a diferença entre leitores americanos e brasileiros.”

Jenna tem 35 anos, nasceu nos Estados Unidos, mas passou dois anos desbravando a Itália com uma comunidade de americanos.

É filha do escritor Richard Paul Evans e decidiu que queria escrever quando era criança. Ela conta que a decidiu escrever para adolescentes quando tinha 11 anos e não se via representada nos livros para pessoas da sua idade.

“Não tinham muitos livros que eu gostava de ler. Então, quando eu me mudei para Florença, tinha uma amiga que morava no cemitério americano e pensei que daria uma boa história.”

Foi ali que ela descobriu sua vocação e nasceu a ideia de “Amor e gelato”. A autora diz que o primeiro rascunho ficou horrível – e não é falsa modéstia, o pai concordou com isso. E, desde então, esse tem sido seu maior desafio como escritora. “Sempre ficam horríveis e meu cérebro entra em pânico”, conta.

Ela diz que sabia que todos os problemas daquela primeira versão, mas não sabia como consertá-lo. Então, ela desistiu da ideia por dois anos.

“Tentei fingir que estava ok com o fato de não ser escritora. Mas meu pai, que é novelista, me perguntava sempre sobre o livro. Era doloroso demais para mim, não conseguia voltar. Então, ele pegou e apresentou para uma editora. Disse que sabia que tinha problemas, mas perguntou se tinha potencial. Então a editora me ligou e disse que queria comprar, se eu topava reescrever. reescrevi três vezes”, conta.

A junção de talento e privilégio ajudaram Jenna, e ela sabe bem disso. O pai, apesar do empurrãozinho, não lê os livros da filha para dar toques ou ajudinhas, mas os dois sempre têm conversas gerais sobre o processo de escrita.

Agora, ela trabalha em seu primeiro livro fora da série do “Amor”. Está quase todo pronto, ainda não tem título, mas há um desafio: é a primeira vez que a escritora escreve em primeira pessoa com um narrador masculino. “Nunca achei que fosse escrever sob o ponto de vista de um menino porque quem entende garotos adolescentes?”, brinca.

“Eu estava com medo de escrever fora da série porque foi muito bem recebida, mas percebi que era hora de tentar. O livro se passa nos Estados Unidos, pela primeira vez, mas também tem exploração do local, amor e descobertas”, conta.

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Fonte: Pop & Arte