Médico Carlos Carlotti Junior é escolhido o novo reitor da USP | Educação


O médico e atual pró-reitor de pós-graduação da USP, Carlos Carlotti Junior, foi escolhido pelo governador, João Doria (PSDB), como o novo reitor da Universidade de São Paulo (USP) para o mandato de quatro anos (2022-2026), que terá o desafio de superar as desigualdades de ensino criadas durante o período da pandemia. Maria Arminda Arruda foi escolhida vice-reitora, a segunda mulher a ocupar o cargo. Eles assumem em 25 de janeiro.

Doria seguiu a tradição e escolheu o mais votado na lista tríplice. Mas houve duas ocasiões em que o governo escolheu o segundo colocado: em 2009, na gestão José Serra (PSDB); e em 1969, na gestão de Paulo Maluf durante a ditadura militar.

“Estamos propondo um novo pacto com a sociedade, aumentando nossa colaboração tanto com o setor público, quanto com o setor privado, resultando em maior impacto de nossas ações em melhoria de condições de vida dos paulistas e dos brasileiros. Serão muitos desafios a enfrentar, tanto internos, quanto externos. Precisaremos combater juntos o negacionismo científico e a desinformação premeditada, mas encararemos o desafio com serenidade e confiança, pois nossa universidade é feita de pessoas de excepcional talento e determinação”, disse Carlotti.

Apenas duas chapas se inscreveram para a disputa este ano, além da “USP Viva”, de Carlos Junior, a “Somos Todos USP”, que era encabeçada pelo físico Antonio Carlos Hernandes e tinha como candidata a vice-reitora Maria Aparecida Machado.

“A nossa universidade é, de fato, a mais importante da América Latina. Um orgulho de São Paulo e um orgulho do Brasil. Esse compromisso que o professor Carlotti e eu estamos assumindo é um compromisso de tornar nossa universidade, a USP, uma universidade que aprimore sua excelência, a produção da ciência, da cultura, do conhecimento”, disse Maria Aparecida.

Os dois candidatos faziam parte da atual gestão do reitor Vahan Agopyan. Eles se licenciaram dos cargos de vice-reitor e pró-reitor de pós-graduação, respectivamente, para concorrer.

Ambos defendiam políticas de diversidade e inclusão social para dar continuidade às ações que fizeram com que a universidade chegasse, pela primeira vez na história, à maioria de novos alunos vindos de escolas públicas. Com alívio nas contas da USP após crise financeira, eles também acreditam ser possível um reajuste salarial e novas contratações de professores e funcionários.

Em entrevista ao g1, Carlott destacou suas principais propostas. Veja abaixo:

A “USP Viva” defende a criação de uma nova pró-reitoria para coordenar e apoiar as políticas de permanência estudantil, saúde integral e inclusão social.

“O principal é uma gestão para as pessoas. A USP fez um grande processo de inclusão. O que nós precisamos agora é fazer, com a mesma intensidade, um processo que acolha essa inclusão. Nós precisamos ter um processo de permanência estudantil. A inclusão não é só financeira. É acadêmica, uma preocupação com saúde mental, uma preocupação com oportunidades”, diz Carlotti.

A pandemia trouxe disparidade de condições de acompanhamento para alunos de todas as etapas do ensino, e na USP não foi diferente. Alguns cursos da área da saúde, por exemplo, continuaram com as aulas práticas essenciais mesmo com o fechamento durante a quarentena. Já os cursos teóricos realizaram atividades apenas de forma online até outubro de 2021, data do retorno presencial na universidade.

“A mudança que fizemos para o ensino não presencial foi quase emergencial. Nós fomos nos adaptando, fomos aprendendo. Na nossa proposta estamos pedindo para que todas as unidades e todos os cursos façam uma análise rigorosa do que perdemos para fazer um plano de reposição para o ano que vem. Dependendo de cada curso, tudo está na mesa de como podemos compensar, até fazer uma prorrogação do prazo para o aluno se formar”, afirma Carlotti.

No contexto nacional de ataques à ciência e propagação de notícias falsas, Carlotti destacou a importância da autonomia e produção intelectual qualificada da universidade.

“O valor do ensino e o valor da ciência são os fatores que podem transformar a sociedade. Quando temos um ataque a esses valores, na verdade você não está atacando a universidade, está atacando uma eventual melhora da sociedade. Queremos que, não só os pesquisadores da USP tenham sua opinião, como a instituição se posicione sobre esses grandes problemas. E aí as propostas poderão ser transformadas em políticas públicas”, diz Carlotti.

Após passar por uma grave crise financeira, a USP congelou novas contratações e reajustes salariais e iniciou um programa de incentivo à demissão voluntária. De acordo com Carlotti, o reequilíbrio recente das contas permitirá aumento de salário para professores e funcionários na próxima gestão.

“Existe uma defasagem salarial bastante grande, principalmente com a inflação tão alta. Isso nós temos que fazer um reparo. Como tivemos uma crise financeira e depois uma legislação que impedia a contratação, temos um déficit tanto de servidores como de professores. Então precisamos recuperar o número e melhorar o salário”, diz Carlotti.

Vista aérea da Praça do Relógio, na Cidade Universitária da USP, na Zona Oeste de São Paulo. — Foto: Cecília Bastos/USP Imagem

A USP tem cerca de 97 mil alunos matriculados em cursos de graduação e pós-graduação, 5,3 mil professores e 13,3 mil funcionários espalhados por 8 campi.

A eleição ocorre de maneira indireta, por meio da Assembleia Universitária, que é formada por cerca de 2 mil representantes de conselhos. A votação, que este ano foi apenas online, e formou uma lista com até três nomes para a escolha do governador João Doria (PSDB).

Alguns membros da comunidade acadêmica e o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) defendem, há anos, que as eleições passem a ser feitas de maneira direta. Segundo o Sintusp, não há representatividade equivalente entre as categorias nos conselhos que compõem a Assembleia Universitária.

Chapa “USP Viva” – veja o site da campanha

  • Reitor: Carlos Gilberto Carlotti Jr.
    Professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, é doutor em medicina pela USP. Neurocirurgião pelo HCRP e especialista pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. Ocupou cargos de diretor Clínico do HCRP, presidente da Comissão de Título de Especialista da SBN, diretor da FMRP, presidente da Fundação de Pesquisas Médicas de Ribeirão Preto (2016-2019) e Pró-reitor de Pós-graduação da USP (2016-2018 e 2018-2021).
  • Vice-reitora: Maria Arminda Arruda
    Professora titular de Sociologia da USP, doutora pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Foi diretora da FFLCH (2016-2020); Pró-Reitora de Cultura e Extensão (2010-2015); coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (1991-1996) da FFLCH e chefe do Departamento de Sociologia (2005-2008).

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Fonte: Fonte: G1