Mais da metade dos pais brasileiros teme que os filhos pratiquem bullying, mostra um estudo, divulgado nesta quarta-feira (10), que ouviu 11.687 famílias de dez países. Por outro lado, a pesquisa destaca que crianças e adolescentes do Brasil são os que menos falam sobre o assunto com a família se comparados a jovens de outros países.
O relatório global Hidden in Plain Sight: More Dangers of Cyberbullying Emerge (“Escondido mesmo à vista: mais perigos do ciberbullying surgem”), produzido pela McAfee Corp, teve como foco o comportamento de pais e filhos com relação ao bullying ou ciberbullying — as agressões que ocorrem em ambiente virtual.
“No Brasil, os pais temem que os filhos pratiquem o ciberbullying, também chama a atenção que se sentem responsáveis por educar os filhos nesse sentido e buscam conversar com as crianças e adolescentes sobre o assunto”, avalia Paula Xavier, head de marketing e comunicação da McAfee para a América Latina.
Além de apostarem no diálogo, 51% dos pais consideram que monitorar celulares e equipamentos eletrônicos é uma opção para proteger os filhos. O receio tem crescido no país: 84% dos pais brasileiros disseram estar mais preocupados com o cyberbullying agora do que no ano passado, em comparação com uma média internacional de 72%. E 72% das crianças brasileiras disseram estar mais preocupadas com o cyberbullying agora do que em 2021, em comparação com 59% de seus pares em todo o mundo.
Os dados mostram que nove em cada dez pais (89%) conversam com os filhos para ajudá-los a lidar com esse tipo de violência e afirmaram ser mais propensos a se educar sobre o tema, com 92% ante uma média de 78%.
“A pesquisa mostra que crianças e adolescentes não percebem quando estão praticando o ciberbullying, eles têm dificuldade em perceber sua atuação, mas interpretam bem quando são vítimas”, destaca Paula Xavier.
As meninas de 10 a 14 anos foram as mais preocupadas (76%) em sofrer algum tipo de bullying. “Essa preocupação se deve à preocupação com o visual, a aparência. Também está associada às mudanças corporais da puberdade,” observa Paula. Meninos e meninas de 10 anos já sofrem com racismo, assédio sexual e ameaças.
Crianças brasileiras falam sobre cyberbullying com seus amigos, mas o tema ainda é distante dos pais: 76% das crianças brasileiras disseram que falam sobre o assunto com seus amigos, em comparação com a média internacional de 62%. Apenas duas outras nações relataram números mais elevados – a Índia, 81%, e o México, 88%.
As jovens brasileiras que disseram ter falado mais sobre cyberbullying são meninas de 17 a 18 anos, 81%. Já As crianças brasileiras são as segundas mais propensas a esconder o assunto de seus pais no mundo (32%).
Tipo de ciberbullying
Os tipos de ciberbullying mais citados pelos adolescentes e crianças brasileiros foram:
• Flaming (ataques pessoais);
• Outing (falar sobre a orientação sexual de alguém sem o consentimento dessa pessoa);
• Trolling (ação intencional com mensagens conflitantes);
• Doxx (publicar informações privadas ou identificar sem o consentimento de alguém);
• Apelidos;
• Distribuição de rumores falsos;
• Envio de imagens ou mensagens explícitas;
• Perseguição com assédio e ameaças físicas; e
• Ser excluído de bate-papos/conversas em grupo
Plataformas
“No Brasil, tudo acontece no WhatsApp, e não é uma surpresa que os casos de agressão ocorram via a ferramenta.” A plataforma é o principal caminho para o cyberbullying no país ante 38% na comparação com outros países. Já Facebook, Instagram e Facebook Messenger são mais mencionados em outros países:
• Facebook – 46% no Brasil, 49% no mundo;
• Instagram – 33% no Brasil, 39% no mundo; e
• Facebook Messenger – 18% no Brasil, 28% em todo o mundo.
Fonte: Fonte: R7