Férias: como garantir a segurança das crianças em casa?

No Brasil, os acidentes são a principal causa de morte entre crianças de 1 a 14 anos, configurando uma grave questão de saúde pública. Dados do Ministério da Saúde revelam que cerca de 3,3 mil crianças morrem anualmente por acidentes e, em média, 112 mil são hospitalizadas apenas na rede pública. Durante as férias, com as crianças passando mais tempo em casa, os riscos aumentam. Por isso, o Pequeno Príncipe, que é o maior e mais completo hospital pediátrico do país, reforça que é fundamental que pais e cuidadores redobrem a atenção, já que muitos desses incidentes podem ser evitados.

O pediatra Eduardo Gubert, do Hospital Pequeno Príncipe, afirma que é extremamente importante que pais e responsáveis façam um levantamento dos lugares mais propensos a acidentes domésticos e adaptem os locais. “Precisamos relembrar que a criança não pode entrar na cozinha ou na área de serviço sozinha, por exemplo. É preciso colocar telas nas janelas e não deixar sofás ou camas próximos dessa área de escape”, detalha o médico.

Confira como garantir a segurança das crianças em casa

Sala

– Mantenha fios de eletrônicos em protetores.

– Prefira móveis com quinas arredondadas ou use protetores.

– Evite cortinas com puxadores, elas podem trazer risco de estrangulamento.

– Coloque portões nas portas e nas escadas e grades ou redes de proteção em janelas, sacadas e mezaninos.

– Não deixe sofás, poltronas ou cadeiras perto de janelas.

– Retire tapetes do ambiente, porque oferecem risco de quedas. Deixe o piso livre de objetos.

Cozinha

– Certifique-se de que os cabos das panelas estejam virados para dentro.

– Use as bocas de trás do fogão.

– Mantenha fósforos, isqueiros, objetos cortantes e de vidro, cerâmica e sacos plásticos fora do alcance das crianças.

– Evite usar toalhas compridas na mesa de jantar.

“Muitos pais se preocupam com tomadas, mas não fecham a entrada da cozinha, por exemplo. Em termos de números, as queimaduras por água fervente são bem maiores do que queimaduras elétricas. É algo muito sério, muitas crianças perdem a vida vítimas de queimaduras. Se for uma queimadura de segundo grau, o ideal é os pais procurarem um atendimento médico para fazer o curativo adequado e avaliar os sinais vitais”, reforça Gubert.

Banheiro

– Mantenha a tampa da privada sempre fechada.

– Tranque o armário de medicamentos, vitaminas e demais produtos que ofereçam riscos de intoxicação.

– Guarde fora do alcance os utensílios afiados, tesouras e secadores.

– Não deixe a criança na banheira ou no banho sem supervisão.

– Antes do banho, teste a temperatura da água.

“Os casos de afogamentos não são exclusivos de períodos mais quentes do ano. Nesse tipo de ocorrência, o importante é fazer com que a criança respire novamente. Enquanto uma pessoa liga para o Corpo de Bombeiros, outra realiza a técnica de respiração boca a boca. O atendimento médico precisa ser imediato”, explica o pediatra.

Quarto

– Evite posicionar camas e móveis perto de janelas e cortinas.

– Coloque telas ou redes nas janelas.

– Escolha brinquedos com pontas arredondadas, com selo do Inmetro e considere a idade adequada.
Lavanderia ou área de serviço

– Esvazie baldes e bacias e os guarde virados para baixo, longe do alcance de crianças.

– Mantenha os produtos de limpeza em recipientes originais e com formato desconhecido de crianças. Guarde-os em lugares altos e trancados.

– No caso de plantas, verifique se não são venenosas e/ou apresentam perigo para as crianças.

“Em casos de intoxicação, nunca force o vômito. Por exemplo, a criança ingeriu alguma substância cáustica. Ela já fez uma lesão na ida, se você forçar, outra ferida pode ser formada na volta e até ir para o pulmão. Antídotos caseiros e leite também não são adequados. O correto é ligar para o Centro de Informações e Assistência Toxicológica do Paraná [CIATox], pelo número 08000 410 148, ou procurar o serviço médico mais próximo”, argumenta Gubert.

Acidentes domésticos mais comuns com crianças

– Intoxicações: remédios, produtos de limpeza, plantas e inseticidas.

– Quedas: altura, ambientes lisos e molhados – como box do banheiro –, cama, sofá e berço.

– Queimaduras: escaldo ou derramamento de líquido fervente, álcool, panelas e outros objetos quentes.

– Sufocação e engasgamento: alimentos, líquidos, brinquedos, cordões, tiras, botões e moedas.

– Afogamentos: baldes, bacias, tanques e banheiras.

Sobre o Pequeno Príncipe

Com sede em Curitiba (PR), o Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital pediátrico do país, é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que oferece assistência hospitalar há mais de cem anos para crianças e adolescentes de todo o Brasil. É referência nacional em tratamentos de média e alta complexidade, como transplantes de rim, fígado, coração, ossos e medula óssea. Com 369 leitos, incluídas as 76 UTIs, atende em 47 especialidades e áreas da pediatria, que contemplam diagnóstico e tratamento, com equipes multiprofissionais, e promove 60% dos atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2023, realizou cerca de 228 mil atendimentos ambulatoriais, 20 mil cirurgias e 307 transplantes. E, pelo quarto ano consecutivo, a instituição figura como o melhor hospital exclusivamente pediátrico da América Latina, de acordo com um ranking elaborado pela revista norte-americana Newsweek.