Enem: sem novas questões, MEC deixa de lado temas da atualidade – Notícias



O segundo dia de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) evidenciou o envelhecimento do banco de questões que compõem o teste. No último domingo (28), estudantes fizeram as provas de ciências da natureza e matemática. Não caíram temas mais atuais, como a pandemia de Covid-19, e a prova se mostrou mais conteudista, com questões diretas, que exigiam do estudante fórmulas e menos interpretação.


Como o Estadão mostrou, o Banco Nacional de Itens, onde estão as questões que vão fazer parte das provas do Enem, não foi atualizado em 2020 e 2021, por causa da pandemia. O tamanho do banco hoje é limitado, não deve ter mais de 200 questões.



O Enem deste ano ocorreu em meio à crise interna no Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). Às vésperas da prova, servidores pediram exoneração por discordarem da gestão do presidente Danilo Dupas. Também denunciaram pressão pela retirada de questões do exame, porta de entrada para o ensino superior.


Na prova de domingo, apesar de caírem questões sobre o desastre ambiental em Mariana (MG), ocorrido em 2015, dengue e carros elétricos, assuntos como coronavírus, vacinação, aquecimento global e Floresta Amazônica não apareceram. “É uma prova que não consegue puxar muito para temas atuais, o que demonstra escassez do banco de itens”, diz Fernando Santo, gerente de Inteligência Educacional e a Avaliações do Poliedro.


Os enunciados traziam textos retirados de sites ou reportagens publicados há pelo menos três anos. O que foi visto na prova do Enem deste domingo difere da expectativa para outros vestibulares, como a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) da USP (Universidade de São Paulo), exame mais atual, elaborado meses antes da aplicação.


Causou surpresa a prova de biologia, com menos ecologia, que tradicionalmente cai em peso no exame, e mais questões específicas de botânica. “Foi diferente do tradicional. O aluno precisava de conhecimento, muitas vezes aprofundado e as questões estavam relativamente diretas, não tinham tantos textos introdutórios”, diz Guilherme Francisco, professor de Biologia do Curso e Colégio Objetivo.


Para Santo, o conteudismo também se revelou em matemática e física, com comandos diretos e pouco contexto. “Na prova de física, por exemplo, uma das questões só poderia ser resolvida se o estudante lembrasse a fórmula, uma novidade para o Enem”, explica.


O professor acredita que a montagem da prova ficou refém de um banco de itens pequeno, por isso, o aumento de questões menos interpretativas e mais diretas. “Ao longo dos anos, naturalmente foram escolhidas as melhores questões do banco.”


A mudança foi sentida pelos candidatos. Bacharel em Educação Física, Jefferson Cruz, de 35 anos, fez o Enem em 2012 e voltou este ano. “Vi uma prova diferente, bem técnica, feita para testar o conhecimento ao extremo”, comenta.




Fonte: Fonte: R7