Enem 2023: veja como não zerar na redação e o que é preciso para conseguir a nota mil | Enem 2023


Para te deixar mais perto da pontuação máxima e mais longe do temível zero, o g1 consultou a Cartilha do Participante da Redação do Enem 2023, produzida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo exame, e te conta a seguir o que soma e o que tira pontos do texto.

O Enem 2023 acontece nos dias 5 e 12 de novembro, com provas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e uma redação dissertativa-argumentativa. A redação é a única parte escrita do exame e é aplicada no primeiro domingo de provas.

Quando a redação do Enem pode ser zerada

São pelo menos 8 situações que podem levar o candidato a ter a nota da redação do Enem zerada:

  1. Folha de redação em branco: a nota será zerada caso o estudante entregue a folha oficial da redação em branco, mesmo que tenha escrito o texto na folha de rascunho. Por isso, é preciso estar atento ao tempo e reservar alguns minutos para passar o texto a limpo na folha da redação.
  2. Texto insuficiente: textos com até 7 linhas também podem ser zerados por serem considerados insuficientes.
  3. Texto ilegível ou em língua estrangeira: a redação deve estar legível e escrita em língua portuguesa. Textos considerados impossíveis de serem lidos por causa da caligrafia ou por estar em outro idioma serão desconsiderados e zerados.
  4. Fuga ao tema: outro aspecto que pode levar ao 0 na redação é a fuga ao tema. Caso o tema proposto peça uma análise de um problema no Brasil, por exemplo, falar sobre o mesmo problema, mas com um recorte de outro país pode configurar fuga ao tema.
  5. Cópia dos textos motivadores: o texto também pode ser zerado caso o candidato faça cópia dos textos motivadores ou de outros trechos do caderno de questões e não escreva pelo menos 8 linhas próprias. Neste caso, as linhas copiadas serão desconsideradas e será avaliado se o texto atingiu o tamanho mínimo.
  6. Desobediência ao formato de dissertação: O texto precisa ser dissertativo-argumentativo com introdução, argumentos que defendam determinado ponto de vista (dados estatísticos, por exemplo) e conclusão. Escrever a narração de uma história, um depoimento pessoal ou um poema, por exemplo, levarão à nota zero.
  7. Desenhos e sinais gráficos impróprios e partes desconexas: se a redação contiver desenhos, emoticons ou sinais gráficos que não tenham função no texto dissertativo-argumentativo, a nota será zerada. O mesmo vale para qualquer outro elemento que não contribua para a construção do texto, mas que ocupe espaço na folha de redação
  8. Assinatura: redações com nome, assinatura, rubrica ou qualquer tipo de identificação também serão anuladas.

Competências da redação nota mil

Para evitar o zero e garantir um bom desempenho e, quem sabe, até a nota máxima de mil pontos, conhecer as cinco competências exigidas na redação do Enem pode ser o verdadeiro trunfo.

Cada competência vale 200 pontos, que totalizam a nota mil. Veja quais são e o detalhamento de cada uma:

  • 1. Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

A primeira competência avaliada é o domínio da norma formal escrita da língua portuguesa. Ou seja, se o candidato sabe usar corretamente a gramática.

Segundo a Cartilha do Participante do Enem 2023, a avaliação é feita considerando os seguintes aspectos:

  • convenções da escrita: acentuação, ortografia, uso de hífen, emprego de letras maiúsculas e minúsculas e separação silábica;
  • desvios gramaticais: regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal, tempos e modos verbais, pontuação, paralelismo sintático, emprego de pronomes e crase;
  • escolha de registro: adequação à modalidade escrita formal, isto é, ausência de uso de registro informal e/ou de marcas de oralidade;
  • escolha vocabular: emprego de vocabulário preciso, o que significa que as palavras selecionadas são usadas em seu sentido correto e são apropriadas ao contexto em que aparecem.

Competência 1 da redação do Enem. — Foto: g1

  • 2. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

Outro ponto importante — e cobrado na segunda competência — é estar familiarizado com o formato de texto pedido na prova: dissertativo-argumentativo.

Neste tipo de texto, a estrutura esperada apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão, organizadas em parágrafos e com ideias conectadas.

Além disso, segundo a Cartilha do Participante, o candidato “deve evitar elaborar um texto de caráter apenas expositivo, devendo assumir claramente um ponto de vista”.

Competência 2 da redação do Enem. — Foto: g1

  • 3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

A terceira competência da redação avalia a capacidade do participante de selecionar, relacionar, organizar e interpretar fatos, opiniões e argumentos para defender seu ponto de vista acerca da situação-problema do tema proposto.

Ou seja, como o aluno vai argumentar, com base em dados e informações, para reforçar sua opinião na redação. É esta competência que avalia os repertórios apresentados no texto.

Competência 3 da redação do Enem. — Foto: g1

  • 4. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

A competência 4 vai avaliar a coesão do texto, que garante a unidade textual.

Os avaliadores vão considerar as conexões entre as partes do texto. Ou seja, as ligações entre as palavras na frase, entre as frases no parágrafo e, especialmente, entre os parágrafos na progressão do texto.

E para garantir uma uniformidade na correção, há um critério que exige que pelo menos dois parágrafos se iniciem com o que é chamado de operador argumentativo, como “além disso“, “portanto“, “desta forma“, “assim“, entre outros.

Em resumo, a Cartilha do Participante recomenda que devam ser evitados:

  • ausência de articulação entre orações, frases e parágrafos;
  • ausência de paragrafação (texto elaborado em um único parágrafo);
  • emprego de conector (preposição, conjunção, pronome relativo, alguns advérbios e locuções adverbiais) que não estabeleça relação lógica entre dois trechos do texto e prejudique a compreensão da mensagem;
  • repetição ou substituição inadequada de palavras sem se valer dos recursos oferecidos pela língua (pronome, advérbio, artigo, sinônimo).

Competência 4 da redação do Enem. — Foto: g1

  • 5. Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

A quinta e última competência cobrada na redação do Enem é a apresentação de uma proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Ao elaborar a proposta de intervenção, o candidato deve indicar:

  • A ação: o que é possível apresentar como solução para o problema;
  • O agente: quem deve executá-la;
  • A maneira: como viabilizar essa solução;
  • O resultado: qual efeito ela pode alcançar;
  • Detalhamento de um dos elementos anteriores: que outra informação pode ser acrescentada para detalhar a proposta.

É fundamental que tudo seja feito respeitando os direitos humanos. Isto é, a proposta de intervenção não pode, por exemplo, atentar contra a integridade física ou sugerir linchamento. A redação que não seguir esta orientação será zerada na competência 5 (veja mais abaixo).

Competência 5 da redação do Enem. — Foto: g1

Respeito aos direitos humanos

Até a edição de 2017 do Enem, quem desrespeitava os direitos humanos na redação tinha a nota do texto zerada. Atualmente, ferir os direitos humanos pode custar ao candidato até 200 pontos da competência 5.

  • 📊 Contexto: De acordo com a Unicef, direitos humanos são “normas que reconhecem e protegem a dignidade de todos os seres humanos”. Eles regem o modo como os seres humanos vivem individualmente e em sociedade, estabelecem obrigações e proibições ao Estado e estimulam o respeito, já que, ao usufruir do seu direito, é preciso respeitar o direito do outro.

Na redação do Enem, o candidato deve respeitar este aspecto em sua proposta de intervenção, quando apresentar uma solução para o problema tratado.

De acordo com a Cartilha do Participante, esta é uma oportunidade para o candidato demonstrar seu preparo para exercitar a cidadania e para atuar na realidade em consonância com os direitos humanos.

Durante a avaliação das redações, são considerados os seguintes princípios:

  • Dignidade humana;
  • Igualdade de direitos;
  • Reconhecimento e valorização das diferenças e diversidades;
  • Laicidade do Estado;
  • Democracia na educação;
  • Transversalidade, vivência e globalidade; e
  • Sustentabilidade socioambiental.

Caso não leve isso em consideração na hora de articular a proposta de intervenção, o candidato pode perder 200 pontos da competência, podendo atingir, no máximo, 800 pontos na redação.



G1 Educação