Casos de Covid-19 aumentam 1.471% em escolas de Piracicaba: ‘voltem a usar máscara’, alerta infectologista da Unicamp | Piracicaba e Região

Os casos de Covid-19 em escolas das redes pública e particular de ensino de Piracicaba (SP) passaram de sete notificações, em abril deste ano, para 110 registros na primeira semana de junho, segundo levantamento feito pelo g1 a partir dos dados disponíveis no Sistema de Informação e Monitoramento da Educação (Simed) e de informações solicitadas à prefeitura.

A diferença aponta aumento de positivação para doença em 1.471% no período. As aulas seguem presenciais em todas as escolas da cidade e não há previsão de mudança nos protocolos.

A médica infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Raquel Silveira Bello Stucchi, aconselha o retorno do uso das máscaras de proteção contra Covid-19 em locais fechados, incluindo as escolas, ainda que a medida não seja obrigatória.

“É importante que, independente da legislação vigente no município, as pessoas voltem a usar a máscara nos ambientes fechados”, alertou.

“As crianças, por exemplo, ficam na escola meio período, pelo menos, algumas em tempo integral, em espaços de sala aula em que falam bastante. Para elas não adoecerem, para não transmitirem aos seus familiares, aos profissionais, esse cuidado é necessário”, reiterou.

A prefeitura afirmou que reforça recomendação de uso de máscaras e que deverá analisar a situação em caso de novo surto. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo disse que segue todas as medidas sanitárias e direciona recursos para compra de materiais de higiene.

A rede municipal de ensino de Piracicaba teve 92 casos positivos de Covid-19 no período relacionado e lidera o número de ocorrências, sendo 64 confirmações em maio deste ano e 28 registros até o dia 9 de junho. Em abril, foram registrados cinco infecções pela doença entre profissionais e alunos das 124 unidades escolares locais, aponta levantamento da prefeitura feito a pedido do g1.

Os casos, afirma a Secretaria Municipal de Educação (SME) de Piracicaba, estão distribuídos entre as escolas e regiões, não havendo foco de proliferação da doença. A Pasta afirmou, em documento enviado à reportagem, que segue orientação da Vigilância Epidemiológica (VE).

“Portanto, para este momento, não há alteração ao protocolo seguido por nossas unidades escolares. A SME, a exemplo de toda estrutura da Prefeitura Municipal de Piracicaba, reforçou a recomendação para o uso de máscaras de proteção em ambientes fechados ou com aglomeração de pessoas”, afirmou.

“Até o momento as aulas continuam sendo presenciais, e em caso de novo surto, a Secretaria irá discutir a melhor forma de conduzir a situação, sempre seguindo as orientações dos órgãos de saúde municipais e estaduais”, concluiu.

As escolas da rede estadual de ensino em Piracicaba totalizaram 15 casos positivos de Covid-19 entre servidores e alunos no período de 8 de maio a 4 de junho deste ano, intervalo que compreende quatro semanas epidemiológicas na plataforma Painel Covid-19 do Simed, da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. Em abril, dois casos entre profissionais das unidades foram notificados no sistema de monitoramento.

Do total de confirmações na rede estadual, dois casos de Covid-19 são de alunos com idades entre 11 e 14 anos. Os outros 13 registros indicam positivações em servidores de onze unidades de ensino, com faixas etárias de 20 a 60 anos.

Entre as escolas particulares, houve três casos notificados por três unidades de ensino, no intervalo de maio a junho deste ano, de acordo com o Sistema de Informação e Monitoramento da Educação da plataforma Painel Covid-19.

Sindicato dos Professores

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de Ensino do Estado de São Paulo (Apeoesp) contabiliza 1.472 casos de Covid-19 em 209 escolas de toda rede desde o dia 11 de maio deste ano, com infecção de 780 docentes, 79 funcionários e 447 estudantes.

Em Piracicaba, segundo a categoria, foram registrados 36 casos no período, sendo quatro na E.E Carolina Mendes Thame, 22 na unidade E.EJosé Martins de Toledo, com seis professores, um funcionário, duas funcionárias, oito alunos e cinco alunas); dois professores na EE Dr. Dario Brasil; um professor na E.E. Pedro Moraes Cavalcanti e sete na E.E. Mirandolina de Almeida Canto (um professor, cinco professores e um funcionário).

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) não confirmou o balanço de casos enviados pela Apeoesp. Os números diferem das notificações no sistema de monitoramento oficial.

A Seduc-SP afirmou ao g1 que as escolas da rede seguem os protocolos de sanitários contra Covid-19. A Pasta disse que repassa recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE-Paulista) às unidades de ensino para aquisição de materiais e itens de higiene.

“As escolas continuam seguindo os protocolos sanitários, como higienização constante das mãos, higienização e ventilação dos ambientes, uso obrigatório da máscara no transporte escolar e recomendável nos ambientes da escola, identificação e afastamento dos casos e monitoramento de seus contactantes”, esclareceu em nota.

Cobertura vacinal: ‘índice preocupante’, analisa especialista

A médica infectologista da Unicamp, Raquel Silveira Bello Stucchi, faz um alerta para a importância do uso contínuo de máscaras em locais fechados e reiterou que a desobrigação ocorreu em momento inadequado.

“O momento em que se deu flexibilização do uso de máscaras pelo Ministério da Saúde e Estado de São Paulo foi absolutamente inapropriado”, criticou a pesquisadora.

Infectologista Raquel Stucchi, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, aconselha retorno do uso de máscaras de proteção contra Covid-19 — Foto: Ricardo Lima

A infectologista, que também é consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica as razões pelas quais a suspensão da obrigatoriedade do uso de máscaras não foi acertada. A médica lista, pelo menos, três fatores que contribuíram para o cenário, já previsto, de aumento nas transmissões da Covid-19.

“Primeiro, pela proximidade do outono e inverno, períodos em que se espera dias mais frios e quando as pessoas costumam ficar em ambientes fechados, sem circulação de ar natural. Segundo, porque já conhecíamos o poder das subvariantes da ômicron, que já circulavam nos Estados Unidos e na Europa. Era só uma questão de tempo para chegar ao Brasil . O terceiro fator é baixa adesão às doses de reforço da vacina”, lembrou Raquel Silveira Bello Stucchi.

Além de aconselhar as pessoas pelo retorno do uso das máscaras de proteção contra Covid-19 em ambientes fechados, a médica reforça a importância de se completar o esquema vacinal.

As crianças acima de cinco anos devem ter esquema vacinal básico de três doses. Raquel Silveira Bello Stucchi salienta que as crianças podem adoecer gravemente em decorrência da Covid-19.

Em caso de sintomas respiratórios é necessário fazer o isolamento de dez dias até que se descarte a possibilidade da doença após realização de testes. “Isso serve para adultos e crianças”, alertou.

Variantes: ‘vacinas são eficazes’

A infectologista salienta que as vacinas protegem contra variantes da Covid-19 que circulam atualmente.

“Apesar de terem sido planejadas no início da pandemia, as vacinas continuam eficazes contra todas variantes e subvariantes da ômicron – e isso é maravilhoso. Ocorre que, para que essas cepas que circulam atualmente não causem doenças mais graves, é preciso um nível mais alto de proteção, de células de defesa [de anticorpos]. O que nos dá isso são as doses de reforço da vacina”, explicou.

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Fonte: Fonte: G1