Brasileiros que estudam em Portugal enfrentam aluguéis caros e dificuldade para encontrar moradia




Estudar em Portugal está caro demais?
Brasileiros que estudam em Portugal estão sofrendo com a alta do aluguel no país. Nos últimos três anos, o preço médio pago por um quarto aumentou 50%.
De acordo com o Observatório do Alojamento Estudantil, a média de valor pago por quarto era de € 275 por mês em 2024. Em 2025, o valor mensal saltou para € 415 em 2025 – o equivalente a mais de R$ 2,5 mil.
Para os mais de 11 mil universitários brasileiros que vivem em Portugal, esses valores são um grande desafio.
Universidade fica em Coimbra, em Portugal
Divulgação/Universidade de Coimbra
“O aluguel é praticamente mais da metade do meu orçamento aqui no Porto”, conta o estudante Angelo Gomes Pescarini, estudante de Ciências da Computação.
Ele diz que quando chegou ao Porto, em 2023, pagava € 575 por mês para morar em uma residência estudantil.
E mesmo ficando esse ano e já achando que estava caro, eles falaram que ia subir [o aluguel] para o próximo ano. E eu acho que hoje o mesmo quarto que eu morei já está por mais de € 700. E tinham outros quartos um pouco maiores também nessa residência. Então, eu acredito que tenham coisas lá por quase € 800 ou € 900. Um quarto que seja de 17 a 20 metros quadrados, né?
Hoje, Angelo divide um apartamento com outros dois estudantes. Ele paga € 400 por mês e mora perto de um bairro considerado perigoso no Porto.
“Realmente, por ter vindo do Brasil, a nossa percepção de perigo é outra. A gente até se sente mais confortável por ter uma rua limpa, por ter bastante comércio perto, por ter um parque perto. Mas, para os portugueses, para outras pessoas que eu já falei dessa região aqui também, eles sim acham chocante, assim, acham diferente, acham ruim. E acho que isso altera, sim, o valor do imóvel. Porque, para todas as pessoas que eu falo que moro perto da região da Pasteleira, imediatamente já falam que a Pasteleira é ponto de droga, é ponto de crime, de violência”, acrescenta Angelo.
A busca pela nova casa não foi uma tarefa simples para Angelo, que encontrou uma grande concorrência.
“E mandei mensagem acho que para mais de 100 pessoas, para conseguir dez respostas e duas visitas. Porque as coisas aqui são de um dia para o outro. Se você visitou uma casa que você quer, é fechar o contrato no final da visita, não tem um dia de espera”, conta Angelo.
“Eu cheguei a visitar dez quartos num dia. Vi várias pessoas pedindo o valor antecipado para você poder apenas visitar um local, e isso não se faz”, aponta a estudante Gabriela Carvalho.
Gabriela chegou ao Porto neste semestre para cursar um mestrado em oncologia. Ela se deparou com aluguéis mais altos do que o planejado inicialmente.
“O mais barato que eu achei foi € 370 mais despesas, e o mais caro foi já € 600 por um quarto, ou até mesmo um estúdio de € 500 a € 800. A maioria dos relatos que eu escuto é o problema de não fazerem contrato. Não vão estar declarando [impostos] e, se quiserem fazer o contrato, tem um acréscimo de 28% sobre o preço, então assim também sobe ainda mais o valor. Eu conheço casos de pessoas que deixaram de vir para a universidade porque não conseguiam achar casa”, ressalta Gabriela.
O Porto – no norte do país – está entre as cidades com preço médio mais alto de aluguel por um quarto: são € 400 por mês. O recorde é da capital Lisboa, onde o preço médio chega a € 500. Esse valor representa mais da metade do salário mínimo de Portugal, que é € 870.
“Eu vejo que isso também é uma dificuldade muito grande para os portugueses, cada vez mais até, porque a procura é maior, os valores são muito mais altos”, observa Gabriela.
O aumento nos preços dos quartos está ligado à baixa oferta de imóveis. Portugal virou um destino muito procurado, tanto por turistas quanto por imigrantes. Isso acaba encarecendo os aluguéis. E, para alguns brasileiros, fica impossível se bancar aqui.
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