‘Bem mais difícil’, diz estudante cega que ficou novamente sem prova em braile no Enem em Ribeirão Preto, SP | Ribeirão Preto e Franca


Para a candidata, por ter perguntas envolvendo contas, fórmulas e gráficos, a prova foi mais difícil. Ela fez os dois dias de exames na Escola Estadual Cônego Barros, no Centro da cidade.

“Só avisaram que realmente a prova não veio mais uma vez em braile. Para mim, foi bem mais difícil do que a primeira prova, porque a primeira prova tinha bastante imagem e texto, só que essa prova teve bastante gráfico. Tipo: ‘Olhe o gráfico e responda a questão’. Tinha questão que era alternativa de gráfico para responder. Foi bem complicado’, disse.

No primeiro dia de Enem, Letícia acabou gastando mais tempo para responder as 90 questões e não fez a redação. Agora, tenta, junto com a família, conseguir a reaplicação da prova adaptada.

“[Sonho da faculdade] Vai demorar, porque vou ter que ver se consigo refazer essa prova em braile”, afirmou.

A estudante Letícia Gabriele, que é cega, não conseguiu fazer a prova do Enem em braile em Ribeirão Preto, SP — Foto: Sérgio Oliveira/EPTV

Família diz que Inep errou

Quando se inscreveu para o Enem, Letícia e a mãe, Daiane Nunes Nogueira, informaram que a jovem tem cegueira. Segundo Daiane, a filha nasceu com uma malformação congênita no nervo óptico, sem reversão.

As duas enviaram ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) um relatório médico do Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto, informando que a estudante tinha a necessidade de realizar provas em braile.

A mãe conta que Letícia recebeu uma ligação do Inep para confirmar a necessidade da adaptação antes do primeiro dia. No entanto, na hora de fazer a prova, o caderno era o convencional.

Mãe mostra mensagem do Inep com aprovação do atendimento para a filha cega em Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução

Entre o primeiro e o segundo dia de aplicação, Daiane diz que não foi procurada pela organização do Enem para reavaliar a situação da filha.

“É muito triste. Sentimento de tristeza, porque a menina preparou o ano todo, estudou muito para chegar no final acontecer isso. Mais uma vez eu peço que ela possa ter o direito de refazer a prova, mas a prova completa, em braile. Foi justamente para isso [que ela se preparou]. Não para chegar aqui e encontrar a prova de outro jeito.

O Inep não se manifestou oficialmente sobre a reclamação de Letícia e Daiane. Por telefone no início da semana passada, a assessoria de imprensa do instituto disse que a prova em braile não foi enviada porque a estudante não teria pedido.

Sobre o problema ter se repetido no segundo dia, o Instituto ainda não respondeu às solicitações da reportagem.

Letícia e a mãe Daiane após o segundo dia de Enem em Ribeirão Preto, SP — Foto: Sérgio Oliveira/EPTV

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Fonte: Fonte: G1