Juros altos, crédito menor e o preço dos produtos mais salgados neste ano não impede o brasileiro de fazer compras para a Páscoa. Segundo a projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas do varejo voltadas para a data devem movimentar 2,49 bilhões de reais neste ano, o que representa um crescimento de 2,8% em relação a 2022.
“Gradativamente, a retomada da economia vai se robustecendo e reaquecendo o varejo”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Segundo ele, a Páscoa representa a sexta data comemorativa mais relevante do calendário do varejo nacional. “A tendência é que as perdas provocadas pela pandemia sejam revertidas a partir da melhoria do contexto macroeconômico”, aponta Tadros.
De acordo com um levantamento feito pela Boa Vista, 63% dos consumidores pretendem fazer compras na páscoa este ano, contra apenas 34% que relataram a intenção em 2022.
Quem vai as compras, entretanto, deve se preparar para o preço. A lista de produtos que compõem a cesta da Páscoa está 14,8% mais cara que em 2022, de acordo com uma pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (Apas). Um dos produtos que mais aumentou foi o bacalhau, cujo preço subiu 7,4% no acumulado dos últimos 12 meses, acima da inflação oficial. A cebola, contudo, foi quem liderou a alta, com 36,2% de aumento no período. Também ficaram mais caras as cervejas (10,9%), os refrigerantes (15,7%), a batata (11,7%), o arroz (14,7%), o bombom (11,15%) e o chocolate (10,2%). O único produto da cesta que ficou mais barato foi a corvina, que caiu 7%.
Variação dos ovos
O consumidor que não abre mão de ovos de Páscoa precisará pesquisar caso queira fazer o presente caber no orçamento. produtos que apresentaram uma variação de 13% a 18%, em 2023, segundo a Abras (Associação Brasileira de Supermercados). Esses aumentos, com variações, se estendem pelos estados e cidades. Um levantamento do Procon-SP mostrou diferenças significativas de até 320,46% nos preços dos ovos de Páscoa, de uma loja para a outra. O Procon de Campina Grande mostrou uma variação 107,53%, em estabelecimentos varejistas, de ovo da mesma marca. O Procon Maceió divulgou que o preço do ovo de chocolate pode variar até 51,65% de um estabelecimento para outro. O Procon Goiás divulgou que os ovos de Páscoa variam até 59% entre lojas. O Procon de Santa Catarina apontou uma diferença de até 45% no valor de um mesmo ovo de Páscoa. O Procon Maceió registrou variação de até 51,6%, no mesmo ovo. E o Procon de Vitória, mostrou diferença de até 30% de preços, entre as lojas.
Bacalhau salgado
“Um indicativo da expectativa do varejo para essa data costuma ser a importação de produtos típicos”, aponta o economista da CNC responsável pela apuração, Fabio Bentes. De acordo com registros da Secretaria de Comércio Exterior, tabulados pela Confederação, foram importadas 2,76 mil toneladas de chocolates, um avanço de 6,5% em relação ao ano passado, mas ainda abaixo das 3 mil toneladas de 2020. Por outro lado, o bacalhau, produto tipicamente importado nesta época do ano, teve recuo de 32,7% no comparativo com a Páscoa de 2022.
“A queda nas importações do pescado, na contramão do aumento das quantidades importadas de produtos à base de chocolate, é um indício de que o varejo pode estar apostando na melhor saída de produtos mais baratos”, analisa Fabio Bentes. Ele aponta que a cesta de bens e serviços relacionada à Páscoa (chocolates, pescados diversos, bacalhau, bolo, azeite de oliva, refrigerantes, vinhos e alimentação fora de casa) está 8,1% mais cara do que em 2022 por conta do IPCA-15, que está na casa de 5,5%. Os preços dos bolos e chocolates apresentam uma tendência de alta de 15,9% e 13,9% nos últimos doze meses.