Ucraniano usa bitcoin para fugir da guerra


Após bater recordes de preço e ser a maior proteção contra a inflação em 2021, parecia que o Bitcoin teria um ano calmo e sem desafios em 2022. Contudo, apesar de preços não tão chamativos, devido à invasão da Rússia o Bitcoin está provando o seu real valor.

O destaque desta semana é a história de um ucraniano, identificado como Fadey, que usou o Bitcoin para fugir para Polônia. Um dos pontos curiosos é que a criptomoeda permitiu que ele comprasse uma passagem de ônibus para cruzar a fronteira, nos fazendo lembrar de uma frase dita por um grande defensor do Bitcoin, Andreas Antonopoulos, ainda em 2019.

“[O Bitcoin] não é importante para que você consiga comprar um café no Starbucks. Ele é muito importante para alguém comprar uma passagem de ônibus para a Turquia quando se mora na Síria.”

Embora não seja considerado como moeda por diversos economistas, justamente por não ser usado em compras do dia a dia, sua importância é ainda maior do que isso. Este e outros casos mostrados abaixo provam justamente isso.

Ucraniano usa Bitcoin para fugir para a Polônia

Em entrevista com a CNBC, um ucraniano de 20 anos conta que acordou com diversas mensagens em seu Telegram no dia em que a Rússia iniciou sua ofensiva. Eram seus amigos, pedindo o que estava acontecendo na cidade de Lviv.

Usando o pseudônimo Fadey, o ucraniano conta que decidiu fugir para proteger a sua vida, bem como de sua namorada. Conforme as filas dos caixas eletrônicos estavam gigantes e o tempo era curto, é aqui que o Bitcoin entra em cena.

“Eu não podia sacar dinheiro, porque as filas dos caixas eletrônicos eram muito longas e eu não podia esperar tanto tempo”

Continuando, Fadey relata que vendeu o equivalente a R$ 3.000 reais em Bitcoin por zloty polonês, em uma negociação direta com um amigo da Polônia. Com este dinheiro, conseguiu comprar passagens de ônibus para atravessar a fronteira, bem como por comida e hospedagem para ele e sua namorada.

Além disso, o ucraniano conseguiu salvar 40% de suas economias, equivalente a 10 mil reais, ao levar suas frações de Bitcoin consigo. Embora tenha levado sua frase semente — doze palavras que dão acesso aos seus BTC — em um pen drive, Fadey notou que poderia ter usado outros métodos.

“Eu poderia simplesmente escrever minha frase semente em um pedaço de papel e levar comigo.”

Ou seja, na situação, seria muito mais arriscado carregar dinheiro em espécie ou outros ativos como ouro. Além disso, com o Bitcoin, o processo seria o mesmo independente do montante. Por fim, o BTC também é a melhor opção como facilidade de conversão para a moeda no país de destino, neste caso a Polônia.

2022, o ano em que o Bitcoin provou seu valor

Além de Fadey, recentemente uma dupla de jornalistas usou Bitcoin para comprar um carro e também fugir da Ucrânia. Seus motivos foram semelhantes, porém piores, afinal embora os caixas eletrônicos já não tivessem filas, eles não tinham dinheiro.

Do outro lado da guerra, a Rússia mostrou estar aberta a aceitar Bitcoin em negociações de recursos naturais, como gás. Esta é uma tentativa do país de driblar as sanções, contudo, ao contrário dos casos acima, será difícil que a Rússia encontre uma contraparte disposta a isso. Afinal seus aliados já negociam com moedas além do dólar e do euro.

Saindo da guerra, antes dela também tivemos o caso do congelamento de contas dos caminhoneiros do Canadá, um país que até então parecia ser livre e democrático. Desta forma, o Bitcoin teve mais esta prova em um curto espaço de tempo.

Portanto, embora ainda esteja 35% abaixo de sua máxima de preço história após ser a maior proteção contra a inflação, causada por governos imprimindo dinheiro devido à pandemia, o Bitcoin continua provando o seu valor. Afinal, “comprar uma passagem de ônibus para fugir de uma guerra” é seu maior propósito.



Fonte: R7