Twitter oculta post de Trump por descumprir regras de 'comportamento abusivo'




Em mensagem que falava sobre ‘Zona Autônoma’ criada em Washington DC, presidente ameaçou com o uso da força manifestantes na capital federal. Antes, empresa já tinha marcado outros comentários de Trump como enganosos e promotores de violência. O presidente dos EUA, Donald Trump, se prepara para assinar placa em trecho de muro na fronteira com o México, em San Luis, Arizona, na terça-feira (23)
Reuters/Carlos Barria
O Twitter ocultou nesta terça-feira (23) um novo tuíte do presidente americano, Donald Trump, porque considerou que ele “descumpriu” as regras relativas ao “comportamento abusivo” de ameaçar com o uso da força manifestantes na capital federal.
A empresa sediada em San Francisco, que já tinha marcado comentários de Trump como enganosos e promotores de violência, determinou, no entanto, que o novo tuíte de Trump “pode ser de interesse público”, e por isso permite aos seguidores do presidente lê-lo ao clicar no texto que o encobre.
“Nunca haverá uma ‘Zona Autônoma’ em Washington DC enquanto eu for presidente. Se tentarem, enfrentarão uma grande força!”, escreveu o presidente, em meio a protestos que há semanas dominam o país contra a violência policial e o racismo.
Trump fez alusão em seu tuíte à zona livre de polícia criada recentemente por manifestantes em Seattle, o que provocou indignação entre os conservadores.
Manifestante é visto na auto-proclamada Zona Autônoma de Capitol Hill (CHAZ), em Seattle, na segunda-feira (15)
Reuters/Goran Tomasevic
Antes desse tuíte, Trump tinha anunciado detenções e até dez anos de prisão a quem vandalizasse qualquer propriedade federal, depois de ativistas tentarem derrubar na noite de segunda-feira a estátua de um presidente escravocrata do século 19 perto da Casa Branca.
A decisão do Twitter de ocultar mais um tuíte de Trump intensifica uma batalha entre a Casa Branca e as empresas que oferecem serviços de redes sociais, às quais Trump acusa de parcialidade contra os políticos conservadores.
O presidente americano, que tem 82,4 milhões de seguidores no Twitter e usa esta rede diariamente de forma intensiva, assinou no fim de maio um decreto para limitar a liberdade das redes sociais de decidir sobre seu conteúdo.
O governo Trump também destacou que quer reformar uma lei que dá imunidade aos provedores de serviços na internet sobre o conteúdo publicado por outros, uma medida que pode resultar em muitos litígios.
O Twitter informou nesta terça à AFP ter agido sobre o o tuíte de Trump porque ele violou a política da empresa com “uma ameaça de dano contra um grupo identificável”.
Twitter marca posts de Trump com sugestão para seguidores ‘checarem os fatos’
Após ter posts marcados como duvidosos pelo Twitter, Trump diz que vai ‘regular ou fechar’ mídias sociais
Twitter marca mensagem de Trump sobre protestos de Minneapolis por glorificar a violência
A política do Twitter com relação a líderes mundiais na maioria dos casos exige marcar as mensagens que afetam os padrões da rede sociais, o que limita seu alcance e evita que outros curtam ou o retuítem.
Mas deixa os tuítes disponíveis se forem relacionados com “assuntos atuais de importância pública”.
No fim de maio, o Twitter ocultou um tuíte de Trump sobre os protestos após a morte do afro-americano George Floyd por um policial branco, por considerar que fazia “apologia da violência”.
Dias antes, o Twitter tinha marcado dois tuítes do presidente sobre a votação por correio com a hashtag “Verifique os dados”. Um porta-voz da plataforma disse então que continham “informação potencialmente enganosa sobre o processo de votação”.



Fonte: G1