Twitter faz alerta em post do Ministério da Saúde de informação enganosa | Coronavírus


O Twitter colocou uma marca num post do Ministério da Saúde apontando que houve “a publicação de informações enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas à COVID-19”. O tuíte do órgão pede que o tratamento precoce seja solicitado por quem apresentar sintomas da doença, o que não é endossado por especialistas.

Marcação do Twitter em posto do ministério — Foto: Reprodução/Twitter

O “tratamento precoce”, ou “Kit Covid”, disponibilizado pelo Ministério da Saúde é uma combinação que inclui a hidroxicloroquina e a cloroquina, junto com outros fármacos.

As substâncias inicialmente foram testadas em laboratório e, depois, em estudos clínicos, pesquisadores de diferentes universidades e países comprovaram que não há prevenção e/ou tratamento com a ajuda de medicamentos.

“Todos os países com seriedade, que seguem a ciência, eles já compreenderam que esses medicamentos não são eficazes contra a Covid”, disse Ethel Maciel, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo e pós-doutora em epidemiologia pela universidade Johns Hopkins.

“Se esses medicamentos tivessem qualquer comprovação científica, seria impossível que esses países, onde existem pesquisadores muito sérios e instituições muito respeitadas e competentes, não estivessem recomendando para a sua população”, acrescentou.

Pelo mesmo motivo, o Twitter já fez alertas na conta do presidente Jair Bolsonaro e nos perfis dos deputados federais Carla Zambelli e Daniel Silveira.

Apesar da marcação, as publicações seguem visíveis. Esse tipo de medida do Twitter, no entanto, ajuda a restringir a circulação desse tipo de postagem.

O Twitter já agiu contra as postagens do presidente Jair Bolsonaro no ano passado. Em março, tuítes de Bolsonaro foram apagados também por violação de regras relacionadas a conteúdos que envolvam a pandemia.

Na ocasião, foram tirados do ar posts que registravam um passeio de Bolsonaro em Brasília, que provocou aglomerações, e o posicionamento dele contra o isolamento social, defendido por autoridades de saúde do mundo inteiro.

Nas regras sobre remoção de conteúdo que envolva desinformação sobre a Covid-19, em texto de julho passado, a rede social aponta o que leva em conta ao considerar essa medida. Podem ser alvos posts que:

  • reflitam não uma opinião, mas algo apontado como fato, e, entre os exemplos, o Twitter cita postagens que abordem supostas medidas preventivas contra a doença, tratamentos ou curas;
  • tenham sido apontados como falsos ou enganosos por especialistas no assunto, como autoridades de saúde pública;
  • possam causar danos se as pessoas acreditarem nessa informação, da forma como ela foi apresentada, podendo levar a uma maior exposição ao vírus ou afetar a capacidade do sistema de saúde de lidar com a pandemia, por exemplo.

A plataforma afirma ainda que, em vez de remover um post, poderá colocar um advertência no tuíte, nos casos em que o risco de dano seja menos grave, mas, ainda assim, possam confundir as pessoas. E que isso reduz a visibilidade da postagem.



Fonte: G1