TCU dá 120 dias para governo dizer como vai ‘corrigir’ fiscalização do desmatamento na Amazônia | Economia


O plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu nesta quarta-feira (21) abrir prazo de 120 dias para o governo federal apresentar um plano de ação para corrigir “irregularidades” no combate ao desmatamento e às queimadas na Amazônia.

Os problemas nas ações de prevenção e enfrentamento foram apontados por técnicos do tribunal após auditoria. O relatório diz que falas de Jair Bolsonaro e do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles prejudicam o trabalho do Ibama, incentivam o desmatamento ilegal e encorajam a hostilidade contra agentes da fiscalização.

“A auditoria detectou que algumas mensagens que têm sido proferidas por autoridades do Poder Executivo Federal, em especial pelo Presidente da República, mas também pelo [então] Ministro do Meio Ambiente, têm prejudicado o exercício da fiscalização do Ibama e potencialmente incentivado o desmatamento na região”, escreveram os técnicos.

A auditoria tratou das ações do governo federal até 2020, quando Ricardo Salles ainda era ministro. O político deixou o cargo no dia 23 de junho e foi substituído por Joaquim Alvaro Pereira Leite, que deu poucas declarações públicas desde a posse.

Na última segunda (19), o instituto Imazon informou que a Amazônia teve o pior primeiro semestre em dez anos nas estatísticas de desmatamento. Veja no vídeo abaixo:

Amazônia registrou no primeiro semestre o maior desmatamento em uma década, diz Imazon
Amazônia registrou no primeiro semestre o maior desmatamento em uma década, diz Imazon

Amazônia registrou no primeiro semestre o maior desmatamento em uma década, diz Imazon

Em votação unânime, o plenário do TCU determinou que o governo deve promover, junto com o Ibama, uma estratégia de comunicação social para aumentar a percepção pública de que a fiscalização é robusta e importante.

“[O objetivo é] Enaltecer e, na verdade, até aumentar a percepção do funcionamento da fiscalização ao combate ao desmatamento ilegal, entre outros ilícitos”, afirmou durante a sessão o relator do processo, ministro André de Carvalho.

“[Uma estratégia que traga] maior dissuasão dos possíveis infratores, desincentivo à prática de atos ilícitos, maior engajamento e motivação dos fiscais e redução da violência e ameaças contra esses agentes”, descrevem os técnicos.

O prazo de 120 dias começa a contar a partir da notificação do Ministério do Meio Ambiente, o que ainda não ocorreu.

Governos locais e sociedade civil

O TCU também determinou, no mesmo processo, que o governo federal promova “efetiva integração” com estados e municípios da Amazônia e com entidades da sociedade civil – como as ONGs, criticadas por Bolsonaro e pelo ex-ministro Salles repetidas vezes nos últimos anos.

A participação conjunta desses entes contribui, na visão dos técnicos, para uma melhor definição da política pública de controle sobre o desmatamento ilegal.

Desmatamento na Amazônia bate recorde pelo 4º mês seguido
Desmatamento na Amazônia bate recorde pelo 4º mês seguido

Desmatamento na Amazônia bate recorde pelo 4º mês seguido

Nesse sentido, o TCU recomendou que o Conselho Nacional da Amazônia Legal e o Ministério do Meio Ambiente estruturem o “arranjo institucional” de forma a permitir a participação de estados e da sociedade civil no controle do desmatamento ilegal.

O ministério e o Ibama deverão, ainda, evitar que funções estratégicas no combate ao desmatamento ilegal fiquem vagas por muito tempo – especialmente as superintendências regionais do instituto nos estados integrantes da Amazônia Legal.

Ainda segundo a decisão do plenário, o governo federal deve definir claramente as funções, competências e responsabilidades das instituições no Plano Nacional de Controle do Desmatamento Ilegal e Recuperação da Vegetação Nativa.



Fonte: G1