TCU cobra plano estratégico do Ministério da Saúde para combate à pandemia da Covid-19 | Economia


Relatório aprovado nesta quarta-feira (21) pelo Tribunal de Contas da União (TCU) aponta “falta de planejamento” no enfrentamento à pandemia de Covid-19 pelo governo federal.

Segundo o documento, sete meses após ter reconhecido o estado de calamidade pública diante da pandemia, o Ministério da Saúde ainda não tem um plano de estratégia de enfrentamento à crise sanitária do novo coronavírus.

O relatório, apresentado pelo ministro Benjamin Zymler, aponta falta de planejamento para compra de insumos, medicamentos e equipamentos e alerta que, apesar de a pandemia no Brasil dar sinais de enfraquecimento, a experiência internacional aponta o risco de uma “segunda onda” – ou até uma “terceira”.

No acórdão, o TCU determinou que o Ministério da Saúde apresente em 15 dias um plano estratégico de combate à pandemia. O documento deve listar, entre outros pontos, ações para garantir e monitorar o estoque de medicamentos usados para tratamento de casos suspeitos e confirmados de Covid-19.

O G1 entrou em contato com o Ministério da Saúde e aguarda retorno.

Em julho, TCU apontou baixa execução do orçamento voltado ao combate da Covid-19

Em julho, TCU apontou baixa execução do orçamento voltado ao combate da Covid-19

“Em um primeiro momento, o cenário era de imprevisibilidade, o que impossibilitava uma melhor definição das ações a serem implementadas. No entanto, assim como foi possível definir o orçamento, atualmente no valor de R$ 43,74 bilhões, era de se esperar uma definição dos objetivos e ações em nível macro correspondentes ao valor alocado e, com uma maior assimilação do cenário, o detalhamento das atividades ou dos projetos a serem desenvolvidos”, afirmou o ministro no processo.

Zymler também determinou que o Ministério da Saúde apresente, no mesmo prazo, um plano de testagem que inclua:

  • quantidade de testes a serem adquiridos;
  • o público-alvo dessa testagem;
  • a frequência de realização dos testes.

Segundo o ministro, a falta de testagem faz com que haja uma subnotificação de casos, o que provoca distorções no índice de mortalidade. Zymler citou como exemplo o Rio de Janeiro – que, segundo ele, tem baixo índice de casos confirmados mas alta mortalidade ligada à Covid-19, o que poderia ser um indício de déficit nos testes.

Em junho, TCU já tinha cobrado diretrizes mais claras do governo no combate à pandemia; relembre

Em junho, TCU já tinha cobrado diretrizes mais claras do governo no combate à pandemia; relembre

Benjamin Zymler também comentou, durante a leitura do voto, a polêmica no governo sobre a vacina CoronaVac.

Na terça-feira (20) o Ministério da Saúde anunciou um protocolo de intenções de compra de 46 milhões de doses da vacina que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan e pela farmacêutica chinesa Sinovac. Nesta quarta, no entanto, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que mandou cancelar o acordo – e o Ministério da Saúde fez mudanças no anúncio do dia anterior.

“Nem de longe, o tribunal pretende adentar no terreno de avaliação política. Existe um aspecto político que compete apenas aos agentes públicos eleitos, mas o que se espera é que as decisões sejam feitas com critérios técnicos, científicos e objetivos, já que estamos tratando do principal bem jurídico que é a vida humana”, afirmou o ministro.

Governo federal voltou atrás nesta quarta sobre compra da CoronaVac, vacina desenvolvida na China

Governo federal voltou atrás nesta quarta sobre compra da CoronaVac, vacina desenvolvida na China

Ainda no tema, o TCU determinou que o Ministério da Saúde inclua dados oficiais sobre as iniciativas relacionadas às vacinas no site da pasta. E que diga, junto com essas informações, qual o papel do ministério em cada uma das iniciativas.

As determinações fazem parte de uma auditoria do TCU que avalia a atuação do Ministério da Saúde no combate ao novo coronavírus.



Fonte: G1