Tarifa mais baixa para pequeno investidor foi adiada devido à pandemia, diz B3




Executivo diz que, se as novas tarifas estivessem em vigor no primeiro semestre deste ano, a perda de receita seria bem maior que os R$ 250 milhões previstos. Imagem do interior da B3, Bolsa de Valores de SP
Cris Faga/Estadão Conteúdo
A B3 anunciou ontem que adiou de agosto para janeiro do próximo ano a entrada em vigor da sua nova política de tarifas, que beneficiaria os pequenos investidores com taxas mais baixas.
Nesta sexta-feira (14), em teleconferência, o vice-presidente financeiro da B3, Daniel Sonder, afirmou que a alteração ocorreu em função da mudança de cenário trazida pela pandemia do novo coronavírus e as pressões sobre a capacidade operacional da bolsa e de outros participantes do mercado, como corretoras.
“Quando nós fizemos o anúncio das novas tarifas, em janeiro, a gente trabalhava com um ambiente bem diferente, mas todo mundo foi bastante impactado pelas formas diferentes de trabalho, houve uma demanda enorme, aumento nos volumes, e pressões sobre a capacidade operacional nossa e do mercado”, comentou.
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Segundo ele, existe uma grande motivação da B3 e do mercado como um todo de colocar em prática as novas tarifas, já que elas ajudariam no crescimento do mercado, mas houve um consenso de que era preciso adiar o projeto em alguns meses. “No primeiro semestre não andou tanto quanto a gente imaginava, mas vamos focar nossa energia pra fazer isso acontecer assim que possível”.
Em janeiro, quando foram anunciadas as novas tarifas, a B3 havia apresentando um cálculo de que, se elas tivessem sido implementadas 12 meses antes, teriam levado a uma redução de R$ 250 milhões na receita da companhia.
Questionado sobre novas previsões, Sonder afirmou que não tem um número atualizado, mas reconheceu que, se as novas tarifas já estivessem em vigor no primeiro semestre deste ano, a perda de receita – em uma base anualizada – seria bem maior, em função dos maiores volumes.
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Sonder lembrou que a B3 revisou ontem seu guidance e aumentou a projeção de investimentos. Segundo ele, a companhia está acelerando alguns projetos que já estavam previstos, até mesmo para dar conta do aumento forte nos volumes negociados. “Estamos executando projetos de investimentos bastante importantes, especialmente focados em inovações de produtos e resiliência da nossa plataforma operacional”.
Ele lembrou que, na esteira da crise do coronavírus que abalou os mercados em março e abril, houve dias em que os volumes negociados de ações quase dobraram. Esse aumento fez a companhia utilizar sua capacidade instalada e parte da margem de segurança, que precisou ser elevada. “A gente faz isso regularmente. Tinha programações de fazer novas ampliações de capacidade, e o que optamos por fazer foi acelerar esses programas de investimentos”.
O executivo também comentou que, com a emissão de R$ 3,55 bilhões em debêntures anunciada ontem e a contratação de R$ 1,25 bilhão em uma cédula de crédito bancário em junho, a alavancagem pro-forma deve chegar a 1,3 vez o Ebitda recorrente, ainda um pouco abaixo da meta de 1,5 vez estabelecida pela companhia. “Haveria espaço para mais operações, mas o objetivo de 1,5 vez é uma indicação, podemos ficar um pouco abaixo disso. Vamos continuar monitorando as oportunidades de mercado”.
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Sonder ainda comentou sobre o gasto de R$ 99,5 milhões que a companhia teve no segundo trimestre por atualização de provisões relacionadas a disputas judiciais para as quais parte do valor em discussão é atualizado de acordo com o preço da ação da companhia. Segundo o executivo, a bolsa não pretende fazer um hedge para esse passivo potencial.
“Isso está ligado a contingências legais, e há uma grande incerteza com respeito ao prazo de materialização dessa contingências. Essas oscilações impactam as demonstrações financeiras, mas não a posição de caixa da companhia. Temos ações em tesouraria para eventualmente honrar isso, caso esse pagamento todo seja devido. A companhia está economicamente protegida”.
A quantidade de ações equivalente aos valores em discussão nessa disputa judicial é de 5.186.739. Ao preço de fechamento de ontem, isso equivale a R$ 314,576 milhões.



Fonte: G1